Capítulo 29 - Não devia ter tirado aquele livro de lá, Rainha

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Zion


— Essa mesa foi criada por bruxas, quando estávamos em guerra contra os deuses — Royse explica, apontando para a mesa retangular que se estende por quase toda a sala de reuniões. — A intenção era conseguir encontrá-los antes que eles nos encontrassem.

Os demônios a escutam atentamente. Aren e Louise, no entanto, a encaram com os olhos apreensivos.

— E em que exatamente isso pode nos ajudar?

Todos com audição na casa — no inferno inteiro — escutaram e sentiram o combate dos dois reis minutos atrás. O chão estremeceu com tamanho poder. Acredito que se eles não tivessem se apaixonado e, por algum motivo, estivessem em lados opostos, não restaria nada do Mundo dos Demônios para contar história. Ambos os poderes são capazes de destruir demônios, mas juntos... nenhum dos três mundos seria páreo para a união de fogo e gelo. E só tivemos esse embate por minutos.

Royse ignora a pergunta de Louise. Se volta a Aren.

— Sempre morou aqui?

Talvez surpreso pela pergunta, o macho pisca, estreitando os olhos.

— E isso importa? — A Bruxa-anciã não responde. Não com palavras. Seu olhar, porém, vale mais que mil palavras. Aren inspira, como se estivesse tentando conter o poder correndo por suas veias. Ele está agitado, Louise também. — Não, encontrei esse lugar quando minha... quando Dália forjou a própria morte e se mandou para o Mundo dos Deuses.

É evidente a dificuldade que ele tem para dizer isso. Royse nota, pelo visto, porque suaviza o olhar.

— Essa casa foi abandonada por bruxas quando eles se foram. — Os deuses. — E, respondendo à sua pergunta, Portadora da Morte — ela encara Louise, — em tudo. Essa mesa, como deve saber, é um mapa do inferno. E pode encontrar qualquer coisa viva que esteja nele.

Parecendo compreender muito bem o que a fêmea idosa diz, Louise tem um sobressalto, como se estivesse se recordando de algo. Seu olhar encontra o de Harper. As duas conversam entre olhares.

— Sim — Louise concorda, ainda absorta nos olhos dourados da Bruxa. — É possível. Mas não sabemos como usar.

— Por sorte, eu sei.

Então Louise já está cravando seus olhos em Royse. E não de uma forma suave, mas completamente ameaçadora, tão letal que faz a fêmea de cabelos dourados ao seu lado com uma adaga presa à cintura se agita. Ela faz menção em se erguer, mas é impedida por Ravena. As duas fêmeas trocam olhares assassinos até que a fêmea Haven ceda.

— Faça. — Os olhos de Louise estremecem sob o luar atravessando as janelas. Louise nunca pareceu tão decidida, nem quando decidiu que iria invocar um deus para tirar Aren do Além-Mundo. — Não importa o queira em troca, apenas me ajude a encontrar minha filha.

A sala se agita, mas ninguém protesta. Não seríamos loucos. Não quando Louise brigou até com o próprio Soulmate. Não quando ela enxerga apenas através da própria raiva e vontade de resgatar Luna.

Royse aponta os olhos esbranquiçados na direção da fêmea.

— Não quero nada em troca. A única coisa que quero é Carrie morta pelo que fez às nossas.

— Isso pode ser providenciado — é Aren quem diz dessa vez, os olhos negros entornados por chamas. — Agora nos diga como usar a mesa.

Burning In Hell: O Que Foi Roubado (Livro IV)Onde histórias criam vida. Descubra agora