Capítulo 19 - Então a mamãe mentiu?

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Ravena


1 ano depois.


A comemoração de nascimento da filha de Aren e Louise parece se estender por um ano inteiro, porque, quando completa seu primeiro ano de vida, os Reis do Inferno dão uma festa ainda maior em celebração. É como se o tempo não tivesse passado. Ou melhor, passado rápido demais. Nem percebi os meses se passando, ou os primeiros passos de Luna, ou os de Riley. Harper e Ren vêm sendo bastante protetores em relação à terceira filha. Já a vi desde que nasceu, mas não tanto quanto os filhos de Alec ou até os primeiros filhos da Bruxa.

Assim como os dois demônios, Aren também vem tentando manter Luna dentro de uma bolha. Mas é claro que a filha do diabo e da Deusa da Morte não seria reprimida por qualquer que seja o demônio do inferno, mesmo seu pai. Luna Winter Quinn é a definição de agitação. Ela não consegue se manter imóvel por um segundo, a não ser quando está dormindo. Sua diversão preferida é estar movendo algo de lugar. Se não algum objeto, então ela mesma.

Nesse momento, está se divertindo no trono do inferno. Ou não, na verdade. Seus olhinhos cor de safira não parecem muito satisfeitos enquanto carrega a mão do pai com aqueles dedinhos fofos para longe da mão de Louise. Aren, sim, parece estar se divertindo. Ele sorri conforme volta a aproximar o braço perto de Louise. Mesmo que sua vida seja um pequeno grão de areia comparado aos anos de existência do diabo, Luna dilata as narinas minúsculas para o pai, que gargalha alto o suficiente para estremecer o chão.

— Pelo visto ela não gosta de dividir — murmuro, fazendo Aren desviar o olhar, talvez só se dando conta agora de que há mais de um demônio nesse salão.

E não o culpo, Ellie também tomava — toma — toda minha atenção em meio a outros seres, todos eles se tornavam insignificantes quando minha filha sorria para mim. O que não é o caso de Luna nesse momento, ela está brava com o pai. Ainda assim, é a coisa mais fofa de se ver em todo o salão.

— Luna é a filha do diabo — ouço a voz de Alec atrás de mim. Nem havia notado, esse é o efeito que a descendente de Aren tem sobre qualquer um que a observe por mais que 3 segundos. — Seria surpresa se gostasse de dividir.

Uma risada ecoa sobre o cômodo. É como se o Rei do Inferno com toda sua escuridão em volta usasse uma máscara quando se trata da filha. Por sorte, não houve nenhum incidente no Hell desde que Luna nasceu. Além dos bêbados das tavernas, Aren não precisou se preocupar e tratar de nada. Não que ele fosse o fazer, transferiu todo seu tempo e atenção à filha.

— Ela poderia pelos menos me deixar tocar em sua mãe — ele brinca, desviando o olhar queimando em chamas para Luna. Como se entendesse o que o pai pretende, ela aperta os olhinhos, aceitando o desafio. Aren estica ainda mais os lábios. — Mas não me importo em continuar tentando, esta vem sendo minha maior diversão e desafio durante as últimas semanas.

— O que acham disso? — Louise arruma a fitinha vermelha na cabeça de Luna. Fitinha que ela vem tentando tirar desde que entrou. Me parece que a filha do diabo não gosta de fazer o que não quer.

Que surpresa, não é mesmo?

Na verdade, poderia encontrar mais semelhanças entre os dois. A pele pálida e aparentemente intocável ao resto do inferno. Os cabelos não, eles são idênticos aos da mãe, não há curvatura alguma e a cor é igual a obsidiana pura, não há aquele tom azulado como os de Aren. Já os olhos... Os olhos são parecidos com alguém que Aren nunca admitiria. Alguém que deve ser esquecida, alguém que só trouxe dor para ele.

Burning In Hell: O Que Foi Roubado (Livro IV)Onde histórias criam vida. Descubra agora