Capítulo 22 - Preciso ver minha filha

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Aren


Encarando as duas fêmeas com ferimentos leves no rosto já cicatrizando e alguns mais graves nos braços, engulo saliva. 5 anos sem nenhuma agitação do nível Mundo dos Deuses ou Deus do Inferno. 5 anos de uma quietude desconhecida. Até hoje. Até as bruxas aparecerem em minha casa, diante do trono, feridas e alegando precisar da nossa ajuda.

Segundo Louise, a fêmea idosa teve uma participação especial no meu retorno ao inferno. Não deu muito mais explicação, no entanto. É só isso que sei até o momento, nunca havia visto as duas em minha existência. E confesso que preferiria continuar assim. Não que eu não sinta falta do frenesi que acompanha as merdas que acontecia no Mundo dos Demônios. Mas agora tenho uma filha para proteger. E essas duas me parecem ser sinônimo de perigo.

— O que aconteceu com vocês? — é Harper que pergunta.

Louise pediu que a chamasse alguns minutos atrás, porque, afinal, a fêmea também a ajudou a encontrar a Bruxa-anciã. Luna está no quarto dos filhos de Alec nesse instante. Ele se ofereceu para tomar de conta dela enquanto... resolvíamos esse probleminha. Foi um pouco difícil convencê-la a ir brincar com os primos, mas conseguimos com certos incentivos. Ravena e Beatrice estão guardando a entrada da Casa do Fogo, procurando por demônios que poderiam ter seguido as duas fêmeas. Zion faz o mesmo, mas nos Portões do Inferno.

— Fomos atacadas — a fêmea de cabelos dourados responde, inclinando as costas na cadeira.

Os olhos esbranquiçados da Bruxa-anciã se estreitam na direção de Louise. Ela claramente não a enxerga, mas consegue senti-la, e não diz nada à minha Soulmate. Ainda assim, consigo notar a tensão crescendo nos ombros enrugados da fêmea conforme espia Louise. Ela sabe de algo. E não sei se pretende falar.

— Por quem? — Eva toma iniciativa, para nossa sorte. A líder se interessou pelas duas fêmeas, não faço ideia e nem dou a mínima para o motivo, a única coisa que quero nesse momento é enxotar as duas fêmeas feridas de minha casa.

Nenhuma delas responde, no entanto. É como se estivessem cautelosas sobre quem poderia escutar. E isso me leva a questionar o porquê. Não é estranho que demônios sejam atacados no Hell, a violência entre eles é algo que já vem de muito tempo atrás, mas... nunca ouvi falar em Bruxas tendo problemas com demônios. A não ser...

Como se lesse meus pensamentos, a fêmea mais velha aponta o cajado marrom na minha direção. Ela não o ergue, mas consigo sentir que está direcionada a mim.

— Exatamente.

Não é preciso de mais para que eu entenda de quem está falando. O Clã dos Monroe teve suas terras amaldiçoadas, há muito tempo atrás, por bruxas. Nunca soube especificamente qual delas, mas agora posso ter uma ideia. Um olhar para Louise e sei que ela está pensando o mesmo que eu.

— Por que os Monroe atacariam vocês? — ela pergunta, mesmo já sabendo a resposta.

Há um silêncio antes da tempestade vir.

— Porque você a libertou — a Bruxa-anciã murmura, os cabelos brancos sobre os ombros caídos.

— Quem?

— Carrie. — A fêmea de cabelos dourados encara Louise. — A antiga amante de Alexis, o macho que o diabo matou na frente de todo seu Clã.

Louise parece estar em uma conversa mental consigo mesma. Ela inclina os olhos para o chão, a respiração começando a falhar.

"Meu Anjo."

Burning In Hell: O Que Foi Roubado (Livro IV)Onde histórias criam vida. Descubra agora