Burning In Hell: O Que Foi Roubado (Livro IV)

Capítulo 8 - Tudo tem que estar perfeito

Beatrice

Tudo tem que estar perfeito.

Mas não está. Os caramelos preferidos de Ravena ainda não chegaram. Ou apenas não chegou no buffet. Não é uma festa grande como eu gostaria, Ravena não está no clima de algo assim desde que descobriu que o diabo sumiu. E, bem, não seria seguro para as crianças colocar demônios desconhecidos na Casa do Fogo. Apenas a família de Ravena bastaria.

— Tinha que sumir justo agora, desgraçado — murmuro baixinho. Não tão baixinho assim, já que alguns garçons contratados com o buffet escutam. Já não bastava Zion ter ficado nos Portões do Inferno para fazer alguma coisa que não me dei ao trabalho de escutar. — Estão sendo pagos para trabalhar ou escutar conversas alheias?

Nenhum deles respondem. Ainda bem para eles, não é um bom dia para me irritar. A maioria já chegou, mas ainda falta uns dois ou três para servir as mesas. Tudo tem que estar perfeito.

Caminho até as mesas das comidas. Há muitas diversidades. Mas a porra dos caramelos ainda não chegou.

— Que droga.

Para o seu azar, Harper entra no meu campo de visão. Já está vestida para a festa. As roupas não são as de couro que usava, mas parecidas, e talvez adaptadas para uma barriga maior. Barriga que não impedirá minha ira.

— Onde está a porra dos caramelos?

Ao escutar minha voz não muito amistosa, a fêmea olha por cima do ombro, os olhos dourados se estreitando, e não sei pela forma como falei ou pela roupa chique que estou usando. Chique para ela, para mim é uma rotina se vestir bem. Todos nessa casa deveriam fazer isso.

— Cortou o cabelo? — é o que ela pergunta, ignorando meu olhar furioso sobre o seu.

Bem, foi o cabelo, então.

Assinto apenas. Mas isso não parece o suficiente para que ela entenda que não estou a fim de papo furado. Não hoje. Não quando tudo tem que ser perfeito.

— Até que ficou legal. Curto talvez, mas... legal.

— Isso é obvio. — Ignoro o que deveria ser um elogio. Vindo de sua parte, é um elogio em tanto, e se fosse em outro momento eu tiraria proveito disso. Mas não agora. — Onde estão os caramelos que você ficou de encomendar.

Parecendo se dar conta da pergunta inicial, como se realmente tivesse se distraído com os fios pequenos que tocam meus ombros.

— Ainda não chegaram?

— Se estou perguntando é porque não.

Erguendo as sobrancelhas com uma reação rápida, ela bufa baixinho.

— Bem, eu fiz a encomenda, se não chegaram ainda, não tenho culpa.

É claro que ela tem culpa. Deveria cuidar dos detalhes sobre esses benditos doces, foi a coisa mais simples que pensei para que ela fizesse. Quando pedi sua ajuda há alguns dias, não estava apenas pedindo ajuda para organizar uma festa, eu poderia ter feito isso sozinha em um piscar de olho, mas sim deixando nossos possíveis mal-entendidos que poderiam ainda existir. Queria realmente recomeçar, nos duas já havíamos passado tempo demais com esse estranhamento, temos filhos agora, já estava na hora de alguma dar o braço a torcer, embora tenhamos vivido mais de 3 anos nessa casa. E foi eu a dobrar minha arrogância primeiro e pedir ajuda.