Epílogo

17 2 0
                                    

Louise


Luna Winter Quinn!

Minha filha tem 14 anos. E acabou de matar um demônio.

A primeira vez em que matei um demônio tinha 17 anos. 3 a menos que eu. O que não vem ao caso nesse momento.

Luna não responde, tenta esconder o olhar sobre os cílios volumosos. Ela encara o chão como se eu fosse sumir se continuar fazendo isso. Se continuar me ignorando. É claro que sabe que isso nunca vai acontecer, se fosse Aren à sua frente, talvez o faria, certamente estaria todo orgulhoso pelo primeiro assassinato da filha. Mas, para seu azar, não é ele que está aqui. Sou eu.

— Luna Winter. Por que fez isso?

Por fim, ela inclina o rosto, me encarando.

— Ele me impediu de usar os Portões do Inferno.

Os Portões? Pelos malditos deuses. E onde estava Zion? Ele deveria estar lá, Luna não pode chegar perto daquele lugar, não quando quer tão desesperadamente conhecer os mundos. Não é seguro para ela nem sequer pisar fora da Casa do Fogo quanto mais em outros mundos.

Enxergando sua expressão de medo, talvez pelo que fez e como fez, respiro fundo. Gritar com ela não vai ajudar em nada, e digo isso por experiência própria. Já tivemos nossa cota de brigas durante seus anos de adolescência.

— Me conte como aconteceu.

Ela suspira, calculando se dever o fazer ou não. Mas depois de alguns segundos conclui que é a melhor forma de escapar do castigo.

— Era um demônio inferior. — A forma como ela conta faz parecer que importa menos. — Ele não me impediu porque quis, claro, demônios inferiores são mais burros que o Blake e o Emmet, mas tentou ferir a Riley, e eu perdi o controle.

Bem, pelo menos ela se defendeu. É isso que Aren e eu temos ensinado a ela durante os anos, além de controlar as chamas. Mas espera, Riley? O que ela estava fazendo... É claro, as duas não se desgrudam um único segundo, é plausível que estivesse tentando ajudar minha filha a sair desse mundo.

— Podia ter se machucado.

Uma risada de escárnio ecoa entre as paredes do quarto.

— Matei ele facinho.

Fecho os olhos, inspirando e expirando lentamente.

— E por que estava nos Portões do Inferno?

Seus olhos, ou melhor, a forma como eles se desviam para o chão mais uma vez responde por si só.

— Luna Winter.

Mãe — é quase um clamor. — Eu só quero conhecer...

— Sabe que não é seguro.

— Mas eu...

Ela se interrompe, frustrada. E em seguida sai do quarto, bufando e murmurando coisas sobre como isso é injusto. Não a impeço. Nem sonharia em fazer isso. Ela está indo para seu quarto agora, provavelmente quebrar alguma cadeira nova. E talvez isso seja bom para ela, colocar para fora a raiva, porque eu nunca permitiria que ela explorasse o inferno e muito menos outros mundos.

Horas mais tarde, a porta bate novamente. Mas dessa vez é Aren que passa por ela, trazendo um alívio enorme para dentro do meu peito. E somente quando atravessa o quarto, consigo dizer:

Burning In Hell: O Que Foi Roubado (Livro IV)Onde histórias criam vida. Descubra agora