Marília
Passei o dia todo muito estranha, o que a Maraisa me disse não deveria ter doído tanto, deveria?
As meninas chegaram, para variar, a Lauana chegou berrando em meu ouvido.
Maraisa me chamou para conversar, provavelmente iria me dizer que estava indo embora.
– Lila, qual a de vocês duas?
– Hã?
– Você e a Carla. Muito grude.
– Ah, nada. Ela nem vai ficar aqui, vou lá ver o que ela quer...
Acho que deixei isso escapar num som mais triste do que deveria, mas que droga. Tudo agora era Maraisa, acordei pensando nela, estou até agora pensando nela. Não quero ela indo embora.
Que diabo, Mendonça!
– Carla?
– Oi, entra...
– O que você tem a me dizer?
– Marília, me desculpa? Eu fui uma tremenda idiota com você. Logo com você, que mal me conhece e me ajudou tanto, coisa que nem minha família fez!
– Tudo bem, Carla.
– Marília, é sério! Me desculpa por ser tão idiota? Que droga! Mas eu nunca fui acostumada com isso, entende? Meus pais sempre me ensinaram a fazer tudo sozinha.
– Menos dormir... – deixei escapar uma risada baixa e ela me acompanhou com um lindo sorriso, eu não deveria sentir tanta vontade de beijá-la.
Deus, eu tô ficando louca, muito louca, no pior dos sentidos.
– É, isso eles não me ensinaram. Me desculpa?
– Claro, Isa! Me desculpa por ser tão dura às vezes.
– Claro.
– Vamos descer? As meninas devem estar destruindo minha casa.
– Melhor não, vou descansar um pouco, por minha cabeça no lugar. Ver o que eu vou fazer daqui pra frente.
– Você não vai embora, né?
– Depois conversamos sobre isso, com calma.
– Ok... Se quiser descer...
– Certo! – ela depositou um beijo em minha bochecha e sussurrou um "obrigada".
Eu desci as escadas com um sorriso largo demais e fui bombardeada de perguntas.
– Marília, que cara de trouxa é essa?
– Lauana! Você deveria gritar mais alto.
– Isso não é nenhum problema.
Ela ameaçou gritar mais alto e eu lhe dei um tapa na coxa, logo ela me fuzilou com o olhar. Talvez eu esteja fodida agora.
– Você me paga, branquela!
Começamos a correr pela sala, se ela me alcançasse eu era uma garota morta.
Dei de cara com a Maraisa na escada, ela sorria lindamente e eu paralisei. O perigo se aproximava.
– Cuidado!
Tarde demais, a Lauana já havia cravado os dentes em meu ombro.
– Sua puta, agora eu vou ficar marcada!
– Lila, qualquer coisa te marca e isso é pra você aprender a não me bater mais.
– Quase sangrou.
– Quanto exagero, branquela.
Me joguei emburrada no sofá, as meninas riam feito idiotas da minha cara.
– Isa, vem! Essas idiotas só me mordem.
As três me olharam com uma enorme interrogação na testa. Maraisa se aproximou timidamente e se sentiu ao meu lado.
– Vamos fazer o que?
– Pedir pizza!
Marcela e seu vício em pizza, se estamos tristes, ela pede pizza, se estamos felizes, ela pede pizza. Tudo é desculpa para pedir pizza.
– Pizza e filmes! Festa do pijama na casa da branquela!
– Lauana, se você destruir minha casa de novo...
– Ameaça, Mendonça?
Fiquei quieta e fomos para a sala de filmes. Nos esparramamos nas poltronas, Luísa escolheu um filme de terror qualquer.
Maraisa
A Luísa escolheu um filme de terror, para o meu desespero. Me sentei ao lado de Marília, que tinha um sorriso incrível nos lábios.
O filme começou e talvez o pânico tenha tomado conta de mim, me encolhi na poltrona, ela percebeu meu medo.
– Isa? Tudo bem?
– Não.
– É só um filme e estamos aqui, ok? Quer que eu troque?
– Não precisa... Vou tentar sobreviver!
– Eu estou aqui.
Ela pegou minha mão, eu me senti segura naquele momento, mas ainda havia sangue e zumbi naquela enorme tela.
Luísa e Lauana começaram a se agarrar descaradamente, Lauren jogou uma almofada nas duas.
– Vão para o quarto.
– Marília, sua vaca!
– Vocês estão se engolindo aí.
Luísa bufou irritada, Marcela, Marília e eu caímos na gargalhada quando elas se afastaram a contra gosto.
Não demorou muito para que a pizza chegasse, Marília levantou-se para buscar e eu fui junto, preciso de água.
– Ei, ficou com medo?
– Também... Eu só precisava de água.
– Você pode me ajudar com isso aqui?
– Claro.
Me aproximei para pegar a pizza, talvez estivéssemos próximas demais, senti sua respiração em meus lábios.
Tomei o impulso e beijei seus lábios docemente, não existia pressa, o mundo estava mudo. Existia apenas Marília e eu. Aquele era o melhor beijo da minha vida, o que está acontecendo comigo?
A loira retirou a caixa de pizza da minha mão e colocou sobre a mesa, me guiou lentamente até o sofá, sem quebrar o beijo.
Suas mão acariciavam lentamente o meu corpo, levei minha mão até seu cabelo, puxei lentamente. Marília deixou um gemido baixo escapar e sorriu entre o beijo.
– Lila, você foi fabricar a pizza? Eita... Depois você vem falar da Luísa e eu.
Nos afastamos subitamente, sim, eu fiquei completamente vermelha. Marília também. Lauana só sabia rir, ela é maluca.
– Relaxem, eu vou guardar segredo. Vou levar a pizza porque, né, deve estar gelada já.
– Nós também vamos.
Voltamos para a sala de filmes e Lauana já chegou gritando.
– Vocês não sabem... Essas duas estavam se comendo lá fora.
– Lau, isso é guardar segredo?
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Sensitive - Malila
RomanceO que aconteceria se você se visse grávida, aos 16 anos, sendo abandonada pelo cara o qual você julgava ser o grande amor da sua vida e expulsa de casa pelos seus pais, aqueles de quem você esperava o mínimo de apoio? Coração de gelo, rainha má da n...