Marília
Eu deveria sentir tanta vontade de agarrar a Maraisa assim? Por Deus, eu deveria manter minha pose durona pelo menos uma vez perto dela
Ela me encarava com receio, mordendo o lábio, indicando o quão nervosa está.
– Eu não sei por onde começar...
– Pelo início, Maraisa! Eu não tenho o dia inteiro.
– Desculpe...
Droga, Marília, precisa ser tão ríspida? Idiota.
Ela me encarou com os olhos marejados e sim, doeu pra caralho.
– Tudo bem... Mas fala logo, por favor!
– Eu não fui porque quis, Marília, eu precisei pra não estragar sua vida... Eu não tinha nada a perder, quer dizer, eu teria que me afastar de vocês, mas era o que deveria ser feito.
– Maraisa, faz sentido, por favor... Por que me deixou? Por que me deixou pra ficar com ele?
– Marília, lembra de quando eu caí da escada?
– De quando ele te derrubou, você quer dizer.
– Exatamente, aquilo foi só o começo. Ele passou a me perseguir, até então eu não me importava de verdade, mas ele passou a dizer que ia acabar com você...
– Maraisa...
– Me deixa falar, caramba! Ele ia te fazer perder tudo, acabar com sua carreira, dar um jeito de fazer tudo o que você tem virar nada...
– Mas isso não faria diferença nenhuma na vida dele.
– Na vida dele não, mas ele não está sozinho nisso, tem alguém muito mais interessado. Ele só quer usar drogas mesmo.
– Não faz sentido, ele não tem poder para tirar nada de mim, Maraisa!
– Marília, eu sou menor de idade.
– E o que isso tem a ver?
– Você já foi mais inteligente. Abuso, Marília. Você poderia ser acusada de abuso, mesmo eu estando com você por livre e espontânea vontade, até provarmos, você já teria perdido tudo.
– Mas isso não é motivo suficiente...
– Matar a nossa filha é? Matar você é?
– O que?
– É isso, eu preferi me afastar, do que correr o risco de vocês duas morrerem. Eu não suportaria.
Ela chorava compulsivamente, droga, ela fez isso para nos proteger?
– Maraisa, você poderia ter falado... Iríamos resolver juntas, dar um jeito... Eu não sei, mas você não podia!
– Marília, eu estava com medo! Eu fiquei perdida dentro de mim e achei que era a decisão certa, porra eu fui uma idiota, eu sou uma idiota! Eu fiquei sem chão, me perdoa?
Maraisa
Os segundos de silêncio pareceram uma enorme sessão de tortura, ela estava absorvendo tudo o que eu disse, seu olhar úmido e distante.
– Maraisa?
– Oi...
– Me desculpa por não ter percebido o que estava acontecendo...
– Você não tem que pedir desculpas nunca, ok?
– Você está com ele?
– Como?
– Vocês estão juntos? Tipo... Ah, você sabe!
– Óbvio que não, Marília! Quer dizer...
– Ok... Tudo bem!
– Me ouve primeiro, que mania de querer concluir tudo antes de ouvir. Eu não estou com ele porque quero...
– Ele te forçou?
– Não vamos falar sobre isso agora, eu preciso ir... Obrigada por me ouvir! – me virei pra sair do escritório, mas ela me pegou pelo braço e o que veio a seguir me pegou tão desprevenida que eu demorei um tempo para corresponder.
– Isa, se você não abrir a boca vai ficar impossível te beijar.
Sorri involuntariamente e me permitir grudar nossos corpos, como eu senti falta desses lábios.
A língua quente da loira passeava tranquilamente pela minha boca, um beijo que indicava apenas saudades.
Nos separamos muito a contragosto, maldito oxigênio, por que tão necessário?
– Como eu senti falta dos seus lábios... Nunca mais me deixa? Por favor.
Ela implorou e eu me senti sem chão, meu coração partido em milhões de pedacinhos.
– Lila, eu preciso voltar...
– Isa... Fica comigo! Eu não vou suportar ficar sem você de novo!
– Você sabe que não vamos ter paz e eu não quero te colocar em risco, nem que eu precise morrer por você e não tenha dúvida que eu faria isso sem pensar.
– Não fale isso nunca, ok?
– Eu só preciso descobrir quem tá por trás disso.
– Precisa ser agora? Eu estou com tanta saudade de você, do seu beijo, seu cheiro... Como eu fiquei sem você? Não quero nunca mais, nunca mais entendeu?
– Assim fica muito difícil resistir!
– Não resista...
Não sei por quanto tempo ficamos trocando carícias no sofá do escritório, mas ouvimos a porta abrir com um choro estridente tomando conta do ambiente.
– Desculpa atrapalhar a maravilhosa reconciliação Malila, mas tem alguém aqui que não quer saber de nada disso e não é fome, ela acabou de mamar.
Luísa se pronunciou com a pequena estressada nos braços e um sorriso enorme.
Marília pegou a Liz, que como mágica, parou de chorar no mesmo instante.
– Conversaram? Posso ajeitar o casamento?
– Lu! Ainda temos muita coisa para resolver antes disso, você sabe!
– Eu sei, Isa. Infelizmente, eu sei. Descobriu mais alguma coisa?
– Só o nome de uma boate... Acho que o dono de lá tem algo a ver com aquela merda toda!
– E qual o nome, Isa? – Marília se pronunciou pela primeira vez desde então, me entregando a Liz que mantinha um biquinho manhoso.
– Snake, algo assim.
– Lila, essa não é uma das boates da Bia?
– É... Mas não é novidade que ela usa drogas, eu a coloquei nisso lembra?
– Lila, e se ela não for só mais uma usuária?
– Como assim?
– Maraisa tem razão, Lila, e se ela for a grande responsável por isso? Se for ela quem fornece a porra toda?
posso soltar o final da fic? 👀
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Sensitive - Malila
RomansaO que aconteceria se você se visse grávida, aos 16 anos, sendo abandonada pelo cara o qual você julgava ser o grande amor da sua vida e expulsa de casa pelos seus pais, aqueles de quem você esperava o mínimo de apoio? Coração de gelo, rainha má da n...