Capítulo 3

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Narradora Harley

JÁ TINHA ANOITECIDO, E EU E LILY CONTINUÁVAMOS NA MESMA CABANA POIS ERA MAIS SEGURO. Estávamos ainda muito atordoadas com o que aconteceu, mas sentia que Lilyan estava ainda mais abalada. Ela havia perdido o que parecia ser a única coisa que a restava, e eu esperava que Arthur não tivesse morrido durante o ataque das criaturas. Minha amiga ainda tinha esperanças de encontrá-lo vivo; ela precisava dele, e isso era evidente.

Durante a noite, não conseguimos dormir. O barulho alto de destruição vindo da cidade não nos deixava em paz. Não havia muito o que pudéssemos fazer, além de esperar amanhecer para sair à procura de algo para comer.

— Estou faminta — Lily disse, cabisbaixa e com a mão na barriga.

— Eu entendo, amiga. O que você acha de sairmos para buscar algo quando amanhecer? — Falei, tentando acalmar a nós duas com um curto sorriso.

— Acho uma boa — ela respondeu, retribuindo o sorriso e se acomodando em uma das poltronas.

— Sabe — ela começou, — nunca pensei que isso fosse possível fora dos filmes e séries, mas aconteceu, muito do nada. Ontem nossas preocupações eram "Puta merda, preciso passar nessa prova", mas agora é tipo "Puta merda, preciso sobreviver com a minha melhor amiga no meio de uma floresta fugindo de caminhantes e depois achar meu irmão." — Ela soltou uma risada, tentando amenizar a situação.

— Você tem toda a razão! É muito louco pensar assim — respondi, rindo também.

— Acha que isso vai passar? — Lily perguntou, interrompendo a risada com uma expressão mais séria.

— Sinceramente, acho que não. Eu sei que isso acabou de começar, mas não tem como matar todas essas criaturas de uma vez. E outra, elas podem estar pelo mundo inteiro, não só aqui — respondi.

— Verdade — ela disse, abaixando o olhar e suspirando.

— Lilyan, tente dormir um pouco. Eu fico vigiando e te acordo pela manhã — sugeri, vendo que ela parecia muito cansada, mas com medo de dormir.

— Não, eu não posso. Tenho que ficar acordada com você, não quero lhe perder também! — Ela falou com o rosto choroso, o que partiu meu coração. Dou um abraço nela, tentando acalmá-la.
— Calma, amiga. Você não vai me perder. Juntas, nem que a morte nos separe — falei, mantendo o abraço enquanto sentia suas lágrimas molharem parte do meu moletom. Algumas lágrimas também escorregaram pelo meu rosto. A situação era delicada; há pouco tempo estávamos rindo e agora quase chorando.

— Obrigada, Ley — ela disse, se separando do abraço e me olhando diretamente nos olhos.

— De nada, amiga. Vamos encontrar seu irmão e viveremos bem! — Suspirei ao terminar de falar, sem conseguir acreditar completamente nas minhas próprias palavras, exceto na parte de encontrar Arthur. Ela deu um pequeno sorriso e começou a vasculhar a casa.

— Vou ver se encontro facas e fitas pela casa. Tive uma ideia — ela disse, indo para a cozinha, tentando aliviar o clima.

Esperei pacientemente na sala e logo a vi voltar com dois facões e uma fita silver tape. Sorri, curiosa sobre o que ela estava planejando.

Lily pegou os dois pés de cadeira que havia quebrado anteriormente, colocando um facão em cada ponta e depois unindo-os firmemente com a fita.

— Vamos usar isso para nos proteger — ela disse, me entregando uma das armas improvisadas.

Algum tempo depois, enquanto eu vigiava a porta da frente com medo de algo ou alguém invadir a casa, o amanhecer chegou. O tempo não passou tão rápido, mas finalmente chegou.

— Bom, o que acha de irmos ao shopping? Deve ter bastante mortos-vivos, mas tem uma loja de esportes e suprimentos para acampar lá — Lily falou, amarrando os sapatos para evitar tropeços.

— Acho uma boa ideia — respondi, pegando meu bastão improvisado que ela fez.

— Mas temos que ter muito cuidado. Não se esqueça do que disseram na reportagem — reforcei, lembrando a importância de evitar mordidas.

— Não vou me esquecer. E você também não deve ser mordida — Lily disse, preocupada, e eu sorri.

— Também não irei — respondi.

— Bom mesmo — ela disse com um pequeno sorriso. Em seguida, abriu a porta da cabana. Não vimos nenhum cadáver, como era de se esperar, pois estávamos no meio da floresta.

— É um alívio não ver nenhuma daquelas coisas ou algum morto por aqui — Lily disse, soltando o ar que estava prendendo.

— Verdade, mas se prepare, pois iremos para um ambiente mais movimentado. Então, provavelmente encontraremos mais dessas criaturas — avisei, e ela concordou.
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