Capítulo 8

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Narrador Arthur

PASSEI  NOITE INTEIRA ACORDADO, PENSANDO SOBRE O PARADEIRO DE MINHA IRMÃZINHA E OUVINDO os barulhos que vinham de fora. Eram altos e assombrosos: grunhidos, gritos agoniantes. Com esses sons, era impossível dormir. Thomas, por outro lado, dormiu feito um bebê, sem preocupações. Às vezes, eu gostaria de não ter tantas preocupações como ele.

Ao amanhecer, acordei meu amigo, jogando uma almofada em sua cara.

— Acorda, muleque! — Sussurrei, para que nada de fora ouvisse a gente.

— Não quero, obrigado. — Ele disse resmungando e tampando o rosto com a almofada que joguei nele.

— Vamos! Temos que ir para a sua casa, lembra?

— Ah, é verdade. — Ele diz, levantando-se rapidamente.

— Seguinte, tenho mochilas reservas aqui. Acho que Lilyan não ficaria brava se eu desse a dela para você. Vamos pegar somente coisas úteis para nós e, logo, sairemos daqui, indo direto para sua casa.

— Tá bom, mas temos que ter cuidado, obviamente. Você acha que vamos conseguir?

— Óbvio que vamos. — Fui até a janela, abri a cortina e logo vi casas decaindo e vários daqueles bichos esquisitos andando pelas ruas, que estavam cheias de corpos espalhados. Olhei aquela cena com os olhos arregalados.

— Mudei de ideia! Nós não vamos conseguir, olha só para isso! — Falei, chamando Thomas para olhar também. Ele veio até mim e teve a mesma reação.

— Puta que pariu. — Ele fala assustado.

— Você prefere tentar indo pelos fundos ou ficar aqui? — Pergunto.

— Pelos fundos! Eu preciso ver se meus pais estão bem.

— Entendi. Então vamos começar a nos arrumar. — Falei, pegando a mochila reserva embaixo da minha cama e saindo do meu quarto em direção ao quarto de Lilyan. Meu amigo me seguiu.

Entrei no quarto de Lilyan e procurei embaixo da cama por sua mochila para emprestar a Thomas. Encontrei-a e a entreguei a ele.

— Até que não é tão feia. Pensei que seria rosa com brilhinhos. — Ele falou, sorrindo, e eu soltei um leve sorriso também.

— Precisamos trocar de roupas, ainda estamos de uniforme.

— Tem razão, mas eu não tenho roupas neste momento.

— Eu empresto de boa. — Fui de volta ao meu quarto, abri o armário e peguei uma calça cargo verde musgo, um moletom preto e luvas para mim. Para Thomas, peguei uma calça cargo preta, um moletom azul escuro e meias.

— Toma. — Disse, entregando as roupas para ele.

— Se vista aqui no quarto, eu irei me trocar no banheiro. — Virei de costas e fui para o banheiro. Troquei de roupa rapidamente, pois não queria demorar muito ali. Voltei ao meu quarto e vi que ele já estava vestido também. Peguei dois pares de botas para trilha, confortáveis, entreguei uma a ele e falei para colocar. Já estávamos prontos em termos de vestimentas, mas faltavam os suprimentos.

— Pronto, agora vamos atrás de coisas úteis, como comida, bebida, coisas para higiene básica e cutelo. — Falei, me esticando.

— Cutelo?!

— Óbvio, né? Vai que uma dessas coisas nos ataca. Se tivermos um cutelo, teremos como nos defender.

— Tem razão. — Ele suspirou.

Fui ao andar de baixo da casa pegar alimentos e bebidas, enquanto Thomas ficou na parte de cima, pegando produtos de higiene pessoal. Fui direto para a cozinha e peguei várias garrafas de água, comidas enlatadas, algumas maçãs e salgadinhos. Pareciam poucas coisas, mas eram em grande quantidade, o suficiente para encher uma parte da mochila. Coloquei mais duas garrafas nos bolsos laterais da mochila e fui até um armarinho no canto da cozinha para pegar os cutelos. Não eram grandes, mas também não eram pequenos. Logo subi as escadas e encontrei Thomas colocando papéis higiênicos na mochila dele, finalmente enchendo-a.

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