Capítulo 19

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Narrador Arthur

O CAMINHÃO BALANÇAVA JOGANDO-NOS DE UM LADO PARA O OUTRO. Minhas mãos amarradas com força, estavam dormentes, mas isso era o de menos. O ar dentro do compartimento era pesado, sufocante, e o som do motor rugindo me lembrava que estávamos sendo levados para algo pior.

Olhei para Kimberly, encolhida no canto, e para Thomas, que não tirava os olhos da porta, no canto de sua boca havia um pequeno ferimento por tentar lutar com um desses homens.
O desespero nos envolvia como uma sombra densa, e eu sabia que precisava fazer algo - mas estava impotente. A cada segundo, o medo se tornava mais real.

- Eles disseram que queriam ajudar - Kim afirmou, mantendo a expressão inalterada e o olhar fixo em um ponto distante.

- Era claramente uma mentira - Thomas retrucou.

- Mas por que nos machucariam? Não fizemos nada, certo? E eles parecem tão preparados para o fim do mundo, mesmo com tudo isso tendo começado há apenas.... dois dias? Já perdi a noção do tempo - desabafou Kimberly.

- Kim, não precisamos necessariamente ter feito algo para que eles queiram nos matar. Em meio ao apocalipse, a humanidade revela sua verdadeiro face; a loucura se transforma em justificativa para o desespero e combustível para atrocidades, entende?- Falei.

- Mas e se houver uma saída? - insistiua garota, buscando um fio de esperança. - Não podemos simplesmente nos deixar levar pelo desespero.

- Às vezes, a única saída é se proteger. O que eles querem não importa; o que importa é o que estamos dispostos a fazer para sobreviver. - Thomas finalmente desviou o olhar, encarando Kimberly com intensidade.

- Você quer dizer que devemos... lutar? - a incredulidade na voz de Kim era palpável.

- Lutar, sim. Mas também fugir, se for preciso. Adaptar-se, mudar. É isso que a humanidade faz quando tudo está em jogo. - Thomas respirou fundo, seu olhar se perdendo novamente em algum lugar.

- E se a gente perder a nossa humanidade no processo? - questionou Kim, a voz mais baixa, quase um sussurro.

- A humanidade... - refleti, hesitando. - Às vezes, a humanidade é um luxo que não podemos nos permitir. - Nesse momento, o caminhão parou bruscamente, e o barulho de uma porta se fechando ecoou ao nosso redor, fazendo meu coração disparar.

A porta do compartimento se abriu, e nos deparamos com os homens da noite anterior.

- Chegamos, pirralhos! - gritou o mais alto, puxando Thomas pela gola da camisa. Kimberly foi a próxima, seguida de mim, que não tive escolha a não ser ser arrastado junto.

A luz do dia cortava meu rosto, e a tensão no ar era palpável. Olhei para Thomas, que lutava para se soltar, e para Kimberly, que tentava manter a compostura, apesar do pânico em seus olhos.

- O que vocês querem? - perguntei.

- Já dissemos, queremos ajudar! Mas vocês não nos escutam! - a mais baixa respondeu, enquanto nos encaminhava para um condomínio de casas.

Caramba, era gigantesco.

As estruturas eram imponentes, cercadas por portões altos e seguros, iluminados por lâmpadas de segurança que lançavam um brilho amarelado sobre o concreto. O lugar parecia desolado, mas também bem organizado, como se ali houvesse uma tentativa de manter alguma ordem em meio a todo este caos.

- Onde estamos? - perguntei, mantendo os olhos nas casas, tentando entender o que estava por trás daquela fachada.

- Um lugar seguro, se vocês colaborarem - a mulher respondeu, sem olhar para trás. - Mas se continuarem com essa resistência, o que temos para oferecer não será suficiente.

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⏰ Última atualização: Oct 21 ⏰

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