Capítulo 4

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Narradora Lilyan

EU E HARLEY CAMINHAMOS CALMAMENTE PELA FLORESTA, PORÉM SEMPRE ATENTAS CASO ALGO OCORRA, o caminho de volta a cidade não era longo, mas também não era curto.

—Já estamos chegando?— Harley pergunta, pois sou eu que lembro boa parte do caminho.

—Acho que já, falta pouco, mas lembre-se, focadas.—digo enquanto caminho mais rápido.

—Sim senhora.—ela diz brincalhona enquanto acompanha meus passos, me arrancando uma risadinha.

Continuamos o caminho no mesmo ritmo, então logo chegamos pertinho da cidade, era somente descer este morro e lá estava.

Ao sairmos do meio das árvores, vislumbramos pela primeira vez a extensão do caos que se abatia sobre a cidade ao longe. Colunas de fumaça escura se elevam acima dos prédios, testemunhas silenciosas dos horrores recentes. O céu, normalmente azul e sereno, estava agora tingido de tons sombrios e opressivos.

—Puta que me pariu...—Apertei a mão de Harley com força, buscando conforto mútuo.

—É agora ou nunca Lily.—Ela fala apertando minha mão também.

Avançamos pela estrada quase deserta que levava ao coração da cidade. Cada esquina e cada rua que se aproximava do shopping pareciam esconder perigos desconhecidos e potencialmente mortais. Vimos muitos zumbis, porém eles não nos viram, dou graças a Deus por isso, fomos andando escondidas até encontrar o tão temido shopping.

A aparência dele era terríve. O edifício, antes um símbolo de modernidade e consumo, agora está desfigurado e desolado. Suas grandes fachadas de vidro estão quebradas, com os estilhaços espalhados pelo chão todo destroçado, a entrada cheia de cadáveres, com partes de seus corpos faltando. O ambiente ao redor é silencioso, com o ocasional som de vento passando pelos corredores vazios e ecoando dentro do edifício desolado. É um contraste gritante com a agitação e a vida que o lugar deve ter conhecido antes do "apocalipse".

Entramos no shopping ainda de mãos dadas e o ambiente esta completamente diferente do que era antes, a atmosfera é de um abandono quase imediato. As lojas e espaços comuns estão em desordem, mas ainda preservam alguns sinais da vida que uma vez existiu ali. O piso de mármore, que antes brilhava e estava limpo, agora está coberto por uma camada de sangue, detritos e restos de mercadorias. Os corredores, que costumavam ser movimentados, agora estão vazios e silenciosos.

 Algumas lojas ainda têm suas vitrines quebradas ou estilhaçadas, com os displays de produtos parcialmente destruídos ou saqueados. Prateleiras e gôndolas estão desarrumadas, com itens espalhados de forma caótica. Produtos que não foram levados estão espalhados pelo chão, muitas vezes quebrados ou deteriorados, mas com certeza sobrou alguns. A sensação geral é de um espaço que foi recentemente abandonado, onde os ecos das atividades passadas ainda parecem ressoar através das paredes e corredores. Há um misto de tensão e tristeza no ar, refletindo o contraste entre o passado vibrante e o presente sombrio e desolado.

Eu olho para Harley desacreditada com a cena, ela parecia estar do mesmo jeito, e a nossa pergunta principal é o que está escondido dentre toda esta áurea sombria?!

Fomos entrando no local lentamente sem falar nada

—Vamos ficar uma do lado da outra né?—Harley pergunta em um sussurro.

—Sempre, nunca vamos nos separar.—Falo apertando mais a sua mão.

Primeiramente fomos em uma loja pegar mochilas, já que deixamos as nossas na escola, quando eu ia pisar o pé dentro da loja, Harley me puxa, tampa minha boca com uma mão, e com a outra aponta para os caminhantes que tinha na loja, tudo em completo silêncio, agradeci mentalmente por ela ter salvo minha vida novamente, tenho que me atentar mais.
Ela tira a mão da minha boca e logo faz um sinal de "quieta", compreendi e dei um aceno com a cabeça.
Nos afastamos da loja cheia de caminhantes até um local que dava para conversarmos.

—Harley eu tenho um plano!—Falo baixinho para somente ela me ouvir.

—Medo de seus planos, mas diga aí.—Ela me responde no mesmo tom de voz.

—Eu vou entrar rastejando, em completo silêncio, pegar duas mochilas e sair, caso eles me ataquem você me ajuda.—Digo com receio.

—Nem fudendo! Lily, isso é muito arriscado!—

—Mas é nossa única opção!—

—Não, não é!—ela fala aumentando um pouco seu tom de voz.

—Shhh.—entrego meu bastão para ela, antes que ela faça algo, já me encontro esgueirada no chão da loja.

Esse era um momento difícil, mas eu vou conseguir.
Fui rastejando, me escondendo atrás das estantes, sinceramente, não sei de onde tirei tanta coragem para fazer isso, mas agora já era.

Continuei, até achar duas mochilas feitas de lona, consideravelmente grandes, então as pego, me levanto e olho para trás mostrando o que achei para Harley, logo a vejo com os olhos arregalados e com a mão na boca, mas não estava feliz, estava assustada.
Não entendi o porque dela ter tido está reação, quando fui dar um passo para frente senti meu corpo sendo empurrado contra a parede.

Merda!!!! Tão óbvio, Harley não poderia falar alto porque iria chamar a atenção dos outros caminhantes que tem pelo shopping.

Eu estava frente a frente com uma dessas coisas assustadoras, não poderia gritar, não poderia fazer muito barulho, eu vou morrer! Não quero morrer!
Logo vi os outros zumbis vindo na minha direção, porem, no calor do momento Harley foi mais rápida, foi para perto dos outros dois monstros tentando acabar com eles.
-Aguente firme Lily!!! Não seja mordida!-Ela falou enquanto enfiava o bastão com o facão na cabeça de uma das coisas.

Eu estava tentando empurrar aquela coisa, ela não poderia me morder, ela não vai me morder, logo vi a ponta de uma faca atravessar o crânio do caminhante em minha frente, chegando perto de meus olhos, a coisa cai definitivamente sem vida sobre os meus ombros, logo soltei todo o ar que prendia em meus pulmões, uma sensação de alívio se instalou no local.
—Meu jesus amado....Obrigada de verdade Harley.—
—CACETE A GENTE QUASE MORREU!!!—Ela fala rindo de nervoso
—Primeiramente, cuidado com o tom de voz, vai atrair outros desses, segundo, temos mochilas!!— falo animada
—A gente vai cuidar muito bem dessas merdas.—diz a garota a minha frente.—Quase custou nossas vidas— continua, pegando uma das mochilas e rindo.
—Acho que tem uma farmácia aqui no shopping, é bom irmos lá.—Digo colocando minha mochila nas costas.



Sou muito grata por você Harley...


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