Narrador Arthur.
O CLIMA ESTAVA TENSO, COM O SOL COMEÇANDO A SE PÔR E A luz do dia se esvaindo. As sombras dos zumbis se alongavam, causando uma sensação de claustrofobia. Nós nos escondíamos atrás das janelas, tentando não fazer barulho.
— Estamos presos aqui por sua conta, sua merdinha — Thomas sussurrou, os olhos cheios de raiva, enquanto se encolhia no canto do cômodo.
Kimberly, pálida, apertava os braços ao redor do corpo, sem ousar responder.
Eu fitei Thomas, repreendendo-o com o olhar. - Tommy... — minha voz saiu mais baixa do que o esperado, quase um apelo. — Não fale assim. Nenhum de nós está acostumado com... isso. — Apontei para a porta, onde os mortos do lado de fora ainda faziam barulho.
— Se ela não ficasse gritando que nem uma gazela, nós não estaríamos nessa situação Arthur! — Thomas rosnou, ainda mais agressivo, lançando um olhar duro para Kimberly.
Ela estremeceu, os olhos se enchendo de lágrimas, mas permaneceu em silêncio, como se qualquer palavra pudesse piorar as coisas.
— Thomas, chega! — minha voz subiu um pouco, sem intenção, mas a tensão no ar era sufocante. - Isso não vai ajudar em nada agora. Precisamos pensar em como sair daqui, não em culpar uns aos outros.
— Quantos anos você tem garota?— Pergunto em um sussurro, tentando puxar assunto para aliviar a situação
— Dezessete.
Thomas revirou os olhos, mas a tensão parecia diminuir um pouco.
— Dezessete, hein? — comentei. — Então você já tem uma boa ideia de como o mundo pode ser complicado nesta situação atual.
Ela deu um leve sorriso, mas logo voltou a olhar pela janela, os zumbis ainda em seu posto.
— E você? — perguntou, sem desviar o olhar.
— Dezessete também — respondi.
— O que você faria se saíssemos daqui? — ela perguntou, um brilho de esperança nos olhos.
Eu respirei fundo, pensando na resposta.
— Vou encontrar minha irmã e comer algo; minha fome está me matando - respondi, tentando manter o tom leve, apesar da gravidade da situação.
Ela sorriu, como se o comentário tivesse quebrado um pouco a tensão.
— E depois? — perguntou, curiosa. — O que mais você faria?
— Depois, talvez tentar achar um lugar seguro. Algum lugar onde possamos ficar longe deles — disse, olhando para os zumbis que ainda se aglomeravam do lado de fora.
— Eu gostei desse plano — Thomas comentou entrando na conversa.
Já havia escurecido por completo, e a casa se enchia de sombras. As janelas estavam cobertas, mas mesmo assim, as sombras formas dos zumbis podiam ser vistas se movendo ao luar. O silêncio da noite era interrompido apenas pelo som distante de gemidos e arrastos.
— Precisamos encontrar uma maneira de sair - murmurou Thomas, olhando nervosamente pela janela. — Quanto mais tempo ficarmos aqui, mais arriscado será.
Eu concordei, mas a escuridão lá fora parecia opressiva.
— Vamos esperar até que eles se dispersem um pouco - sugeri. — Não podemos sair assim, sem um plano.
— Arthur, não querendo me intrometer, mas já me intrometendo, sinto que será melhor sairmos pelas portas dos fundos e achar outro local. Estamos aqui desde cedo, e essas coisas podres não saem — disse ela, a voz firme.
Thomas franziu a testa, mas eu sabia que ela tinha um ponto. A cada minuto que passávamos ali, a situação se tornava mais arriscada.
— Você tem razão — respondeu Thomas, engolindo o orgulho e olhando para as portas dos fundos. - Precisamos ser rápidos e silenciosos.
— Vamos tentar, então. Se formos cuidadosos, podemos conseguir — disse , tentando impor um pouco de confiança no grupo.
Nos movemos em direção à porta dos fundos, o coração acelerado. O plano era arriscado, mas a ideia de permanecer ali mais tempo era ainda mais aterrorizante. Com um último olhar para os zumbis lá fora, empurrei a porta devagar, prontos para dar o próximo passo em direção ao desconhecido.
Conseguimos nos afastar da casa em silêncio, os passos leves como sombras na escuridão. O luar nos guiava, mas também tornava tudo mais arriscado. A cada movimento, os zumbis pareciam mais distantes, mas a tensão ainda estava no ar.
— Para onde vamos agora? — sussurrou ela, olhando ao redor com atenção.
— Precisamos encontrar um lugar seguro para nos esconder e pensar nos próximos passos — respondi, observando a rua deserta.
Thomas, que estava à frente, parou e virou-se para nós.
— Nossa escola fica aqui perto, vamos para lá, nós nos escondemos em alguma das salas.
— Acho melhor não, muitas pessoas morreram lá, vai estar cheio de infectados.— respondi.
— Ele tem razão Thomas. — A garota respondeu.
— Então iremos ficar... — comecei a dizer, mas fui interrompido por assobios que vinham de todos os lados. - Ouviram isso? — perguntei, a adrenalina subindo instantaneamente. O som era inconfundível e ameaçador.
Nos entreolhamos, a expressão de medo se intensificando. Os zumbis não eram os únicos que estávamos enfrentando.
— O que foi isso? — murmurou Thomas.
— Não sei, mas precisamos nos mover, rápido, o barulho pode atrair mais caminhantes! — Kimberly falou começando a correr, então, fomos atrás dela.
Os assobios pareciam nos perseguir, mas não ouvíamos passos nenhum. A sensação de estarmos sendo observados crescia a cada segundo.
— O que vocês acham que é? — perguntou ela, a voz baixa, quase um sussurro, mas ainda correndo.
— Não sei, mas é melhor não ficar para descobrir — respondi, acelerando o passo. O coração batia forte no peito, e o medo se misturava à adrenalina.
Thomas olhou para trás, os olhos arregalados.
— Não são zumbis... são humanos... como o esperado..— murmurou ele, a expressão de alívio misturada com preocupação.
— Mesmo assim, não vamos ter contato com eles — respondi, forçando a voz a manter-se firme. Sabíamos que a situação era assustadora e que não podíamos confiar em ninguém.
Os assobios continuavam, agora acompanhados de risadas distantes, o que deixava o clima ainda mais tenso.
— O local mais perto neste momento é a escola — falei, tentando manter o foco.
— Mas e os mortos-vivos dos quais você falou que teriam? — Kim perguntou, os olhos preocupados.
— Prefiro ter a morte rápida do que uma que provavelmente nem saberei o motivo — Thomas disse, enquanto corríamos, a respiração acelerada.
A verdade era que, mesmo com o medo dos zumbis, a incerteza sobre os humanos também me deixava inquieto. A escola era nossa melhor opção, mesmo com os riscos.
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Infectar Das Almas.
HorrorQuando um apocalipse zumbi irrompe de forma devastadora, Lilyan, e seu irmão mais velho, Arthur, são surpreendidos na escola. Separada de Arthur no caos inicial, Lilyan se refugia na floresta próxima com sua amiga Harley, tentando escapar da destrui...