C. 17

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Encolhi meus ombros e fechei os olhos, respirando fundo enquanto sentia minhas coxas ardidas e doloridas. O lençol irritava minha pele sensível, mas não deixei que isso me afetasse tanto.

Não me importei quando a coleira foi colocada no meu pescoço, mas no momento em que senti Pietro prendendo o objeto a uma corrente enquanto apertava o chicote em sua mão, meu corpo gelou com as lembranças da prisão. De como Berenice me prendia para me torturar com seu bando de vadias. Meu coração bateu forte e meu desespero surgiu. Eu queria ser solta.

Porra.

Eu estava apavorada.

Foi como se eu estivesse naquela sala escura e suja da prisão. Eu pude sentir meus pés gélidos devido ao chão frio e molhado. O cheiro de ferrugem das correntes enferrujadas. As batidas do Pietro eram como as pancadas que Berenice me dava. Foi um castigo.

Eu não dormi. Na verdade, não me dei ao luxo de fazer isso. Eu não queria que a Berenice invadisse meus sonhos como costuma fazer às vezes. Preciso matá-la para ter minha liberdade. Aquela vagabunda velha e suja precisa estar morta e pelas minhas mãos.

A porta se abriu e ele apareceu ali. Bem vestido como sempre. Sobretudo preto e terno, escondendo-se em sua máscara suja e sádica. Cabelo perfeitamente arrumado para trás e rosto liso devido a sua barba que não estava mais ali. Os olhos negros como de um demônio. Pietro era um homem elegante, mas monstruoso quando desejava ser. Não fiz nada após sua entrada.

— Por que se recusou a tomar banho?

— Não me recusei. — falei. — Apenas disse que queria tomar um pouco mais tarde.

— Por que? — perguntou. — Suas coxas estão doloridas? — riu.

— Não. Não sinto nada. — respondi.

Foda-se.

— Levanta. — ordenou. — Você irá tomar banho agora.

Estreitei os olhos e levantei. Engolindo a ardência quando a calça raspou nos machucados. Na verdade, eu havia recusado o banho quando o homem veio aqui. Minhas coxas ardiam e o lençol na cama estava com gotas de sangue. Meu corpo todo doía por causa de ontem.

— Qual o plano de hoje? — perguntei. — Outra tortura ou uma foda? — comentei. — Preciso estar por dentro do seu cronograma. Não acha?

— Você vai gostar, Luna. — ele disse, um tom irônico na sua voz. — Vamos.

Estendi os braços para que as algemas fossem colocadas no meu pulso. Pietro colocou e puxou meu braço, fazendo com que eu andasse para fora da sala. Ele não colocou o pano no meu rosto. Isso me intrigou. Visualizei o corredor de concreto, o chão limpo e seco, assim como eu imaginava.

Quando viramos a esquina e subimos as escadas, fui orientada para o outro lado. Avistei mais alguns degraus que levavam a uma porta.

Ele estava me levando para cima? Para saída?

Por que?

Engoli seco e continuei andando em silêncio. Pietro estava atrás de mim, com sua mão na minha nuca, mantendo-me em linha reta enquanto sabíamos. Ele abriu a porta e a claridade envolveu nós dois. Fui empurrada para fora, e parecia que era um corredor da casa.

— Vai me convidar para um café da manhã?

— Você vai tomar banho aqui em cima. — falou. — Vai vestir uma roupa e iremos conversar.

Estreitei os olhos e olhei por cima do ombro, tentando encarar seu rosto, mas ele me forçou a voltar para frente.

— Pietro, isso é mais um jogo? — ri fraco. — Não importa. Tudo acabará com um de nós dois mortos.

Flames Of RevengeOnde histórias criam vida. Descubra agora