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— Parece que seu ferimento está melhor, senhorita. — a enfermeira disse enquanto analisava minha coxa, seus dedos tocando delicadamente minha pele nua. — Sente dor?

— Não. — falei. — Estou tomando o remédio.

— Muito bem. — a enfermeira sorriu. — Mas o ferimento ainda está um pouco avermelhado. Você forçou?

— Não. — menti. — Talvez tenha sido quando levantei da cama hoje de manhã.

Ou talvez tenha sido ontem quando eu estava com Pietro.

— Mas está melhorando. — ela falou. — Se continuar assim, em duas semanas você se moverá como tanto deseja.

— Duas semanas? — franzi a testa.

— Sim. Duas semanas. — a mulher assentiu. — Mas para isso você precisa deixar sua coxa calma.

Duas semanas?

Isso talvez demore muito. E se Andrew ou a máfia atacar novamente?

Preciso que essa maldita coxa melhore logo.

— Posso fazer algo para que minha coxa melhore antes de duas semanas? — perguntei. — Não posso esperar tanto.

— Forçar que sua coxa melhore logo talvez só prolongue o tempo de cicatrização. — ela respondeu e soltou minha coxa, suspirando. — Eu sei que a vida de vocês depende da saúde dos seus corpos, mas sua coxa está indo bem. Está quase curada, e em duas semanas você voltará a fazer o que tanto quer.

— Não apresse a cicatrização, Luna. — Laureline falou e levantou da poltrona. — Tudo dará certo.

Estávamos sozinhas novamente. Pietro e os outros dois saíram depois do almoço e ainda não voltaram. E agora eram quase cinco da tarde.

Suspirei e fechei os olhos enquanto esfregava o rosto e tentava relaxar.

Não.

Nada dará certo. Andrew matou meus pais.

O que querem que eu faça?

Querem que eu engula esse fato e finja que Aurora e Louis não foram queimados vivos?

— Bom... — a enfermeira coçou a garganta. — Vou deixar mais um frasco de remédio para dor, Luna. Toma sempre antes de dormir.

Apenas assenti e desviei o olhar, agoniada demais para focar nela. Eu estava irritada pra caralho, mas a coitada não tinha culpa.

— Muito obrigada. — Laureline acompanhou a enfermeira para fora sala, sumindo com ela.

Levantei do sofá e me aproximei da mesa de bebida que ficava no canto da sala. Enchi um copo com o whisky que Alfredo tanto bebia. Bebi um pouco, grunhindo devido a ardência em minha garganta. Observei pelo vidro da janela as duas mulheres caminhando pelo jardim. A enfermeira desceu os pequenos degraus e entrou no carro que a levaria para o hospital. Laureline acenou e deu as costas, voltando para a casa.

Virei o corpo, bebendo todo restante da bebida, e soltei um suspiro fraco.

— Não pode beber se tiver tomando remédio, demônio. — ele disse. — Você sabe disso.

— E você deveria cuidar da sua vida. — rebati.

— Achei que estaria de bom humor após ter dormido no quarto do Pietro ontem à noite.

Coloquei o copo vazio ao lado da garrafa de whisky e virei. Ele usava jeans e casaco de moletom.

— Por que não foi com eles? — desconversei.

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