C. 18

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𝔖𝔦𝔠𝔞𝔯𝔦𝔬  

Notei quando Luna lutava uma batalha interna. A rota direta entre manter sua vingança por conta própria está abalada e ajustável. Seus olhos estavam com faíscas de curiosidade, mas também repleto de cautela e hesitação. Ela acredita que eu estou mentindo, mas não estou. Quero que ela trabalhe para mim, mas não posso deixar que se sinta livre demais. Luna é traiçoeira e fugirá assim que se sentir um pouco solta.

Andrew marcou uma reunião comigo amanhã às nove da noite em um dos restaurantes luxuosos que ele gosta de ir para esbanjar riqueza e poder. Era engraçado o fato dele tentar demonstrar ser um homem do bem comigo, mas eu sabia lidar como homens como ele.

Eu sei o tipo de homem que ele é.

Não posso agir por impulso e atacar apenas por causa da minha intuição apesar de ser ótima. Preciso analisar e descobrir o que ele e os amigos mantém embaixo da fachada de influentes bondosos e simpáticos.

Movimentei o cigarro entre os dedos, observando-a enquanto arremessava as facas no alvo de madeira. Era o segundo dia que Luna tentava igualar sua faca ao lado da minha. Seus arremessos sempre ficavam abaixo da lâmina que eu arremessava. Ela sempre ficava frustrada com o resultado inferior ao meu. Seus resmungos e suspiros impacientes me deixavam divertido.

Seu cabelo negro estava preso. Ombros tensos e mão estendida pronta para arremessar outra vez. A calça de pano abraçava as suas curvas, assim como a camiseta de alças finas.

Ela acertou centímetros abaixo da minha faca mais uma vez.

— Preciso beber água.

Ela se virou, andando para tentar sair da sala de treinamento. Arremessei a faca. A lâmina passou a lateral da sua cabeça e parou na porta, cravada. Luna virou o rosto para mim, sua expressão era de fúria e impaciência.

— Tem um bebedouro ali. — falei.

— Se ainda acha que posso aprontar porque me tirou da cela? — questionou. — Me deixasse lá.

Me afastei da parede, seguindo em direção ao seu corpo. Luna não quebrou o contato visual, continuou me encarando com desafio.

— Só estou com sede e cansada. — ela disse. — Quero tomar banho e fazer uma pausa.

Estreitei os olhos, analisando sua expressão, e notando a indiferença que tinha ali. Ela estava estranha desde ontem. Havia algo ali, e me irritava meu interior querer saber o que era.

Porra, não me importo.

Passei pelo seu corpo, abrindo a porta e saindo primeiro. Esperei que ela fizesse o mesmo. Luna seguiu pelo corredor, seu corpo tenso chamou minha atenção mais uma vez. Quando alcançamos a cozinha, ela entrou. Observei seus movimentos enquanto abria o armário embutido para pegar um copo, e encheu com água. Manteve sua atenção para longe de mim, mas eu queria que seus olhos estivessem em meu rosto.

— O que você tem? — perguntei, irritado com sua inquietação.

— Nada. — falou, direta.

— Luna.

— Não dormi bem. — respondeu. — Tive um sonho ruim, e tudo que me impede de ter uma noite de sono boa me deixa aflita.

— O que era o sonho?

Ela colocou o copo no balcão e virou para mim.

— Não faça isso. — negou. — Não finja que se importa com essa merda. Eu sei que não.

— Sim, não me importo, mas eu quero saber, Luna. — rebati. — Diga.

Um suspiro foi dado por ela e seus olhos desviaram dos meus.

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