XVI Seu sangue está em minhas mãos

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Príncipe Louis
Inglaterra
👑

"O início da salvação é o conhecimento da culpa."
Séneca

De todas as madrugadas que Louis passara acordado depois dos pesadelos, aquela havia sido a pior. E daquela vez o pesadelo acontecera enquanto ele estava acordado.

O príncipe estava inquieto andando de um lado para o outro no próprio quarto. Eleanor estava sentada em sua cama o encarando, aflita. Louis provavelmente se irritaria com os olhos da garota o seguindo de uma ponta a outra do cômodo, mas algo muito pior o perturbava: Zayn estava doente e a culpa era dele.

Claro que era.

Em que Louis estava pensando quando achou mesmo que poderia tocar em seu amigo sem as malditas luvas de couro? Ele havia condenado seu único amigo por conta de um capricho. Zayn estava morrendo e o único culpado era Louis.

Ele sabia.

- Ele está na enfermaria.

Louis e Eleanor se assustaram com Genevive entrando de uma vez no quarto anunciando a chegada de Zayn. No entanto, não demorou nada para que os dois saíssem correndo rumo as escadas. Seus passos foram interrompidos pela serviçal quando alcançavam a porta, Genevive tinha um olhar preocupado que intercalava entre o príncipe e Eleanor.

- O casamento é em poucas horas. – A voz da garota tremeu ao dizer. E sinceramente? Louis preferia nem ter ouvido.

E ele fingiu mesmo que não ouviu. Quem se importaria com um casamento quando o herdeiro do trono francês,  seu único e melhor amigo estava na enfermaria sabe-se lá em qe estado?
O príncipe apenas ignorou Genevive e correu.

A luz do dia já iluminava os corredores do Palácio, novamente o principe ignorava a movimentação de funcionários, gente carregando flores, prataria, tecidos...Os corredores que levavam à sala onde o médico da família real atendia eram estreitos. Louis teve um vislumbre de memória de que a última vez que correra por aquele caminho havia sido para tentar salvar um maldito corvo para acalmar o desespero de Harry. 

Naquele momento, o desesperado era ele. Louis sentia o coração saindo pela boca.

Quando se aproximou da porta da enfermaria, Louis foi interrompido pelas mãos de Mark firmes em seu ombro.

- O que está fazendo? – A voz do Rei era firme e seu aperto deixava evidente sua desaprovação  - Você vai se casar em poucas horas, deveria estar se preparando.

- Você não está falando sério, está? – Louis puxou os ombros sem nenhuma delicadeza para se livrar do toque do rei. Ele não estava acreditando no que estava ouvindo.

- Vocês dois. – Mark apontou para Eleanor.  – Vocês devem subir para se aprontarem. Imediatamente.

Louis riu. Uma risada de escárnio antes de seus olhos queimarem em puro escarlate. Se aproximou do Rei com a mandíbula contraída, percebendo Mark titubear levemente.

- Eu estou indo ver o Zayn e não perca seu tempo pensando que você ou qualquer pessoa pode me impedir disso.

Sem esperar pela réplica, o príncipe se virou e seguiu seu caminho, encontrando os pais de Zayn plantados ao lado de fora da porta. O rei e a rainha franceses envolveram Louis num abraço que Louis achava que significava algo muito ruim.  Os olhos de Trisha estavam inchados e lágrimas desciam pelos cantos. Ambos não lembravam em nada os elegantes e poderosos lideres do país vizinho naquele momento.

- Meu menino. – A mãe de Zayn acolheu ainda mais Louis em seus braços. – Ele ficará feliz em lhe ver, eu sinto muito pelo que aconteceu...

- Ele vai ficar bem. Ele vai. – Louis não queria ouvir as lamentações de Trisha. Ele não conseguiria. Não aceitaria.

Maldição [Larry Stylinsom]Onde histórias criam vida. Descubra agora