No dia que vim-me embora
Vi-me sozinho e calado
Entalhado, magro e passado
Com a mala enfadonha de couro
Fedendo, devendo, cheirando mal
Não vos olhei de ombro
Como não me olharam de colo
Não me lembrava nem pra onde achava que ia
Nem mesmo dos sonhos que sonhava
Afora indo, sem sentido nem sentindo
Nem pra isso, nem pra aquilo
Mas pra um, só ele, um
Nem chorando, nem sorrindo
Mas sozinho
Sozinho pra capital
Pelo caminho pergunto
Por onde será que andas, no que pensa, o que canta
Sabendo que namoro a madrugada
Quando a noite tarda e logo bate a tarde clara
Será que me lembras, de mim se lembra
E se me esquece, aceito saber o que havia para esquecer
Viva Maria, Viva a Bahia
Passo Ipanema, o ano passa e vem de ti um telefonema
Tropicália são teus olhos, seu riso
Pensando neles, tropicálio e trupico
Prédios de concreto
Concretas esquinas
Concretas poesias
Sou narciso, acho feio, inclusive o espelho
Já não serve de nada, a escada e o elevador
Já não me serve a janela, não há nada pra ver
Perdi-me do amor, me perdi de você
Durmo então
Na esperança, em caso de um mero descanso
No acaso que por meio do campo
A janela me leve a você
Me leve
A mala fede, pede
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Poesia ao ser riso
Poetry''Seus risos movimentam mais meu corpo do que a Lua sequer imaginou em mover sobre as ondas do mar.''