Prólogo

106 6 11
                                    

— Ah, não! Tudo menos volta ás aulas... — Resmunguei quando vi o email no meu computador.

Nunca gostei de estudar, mas isso não significa que sou negligente ao ponto de tirar notas baixas. Na minha perspectiva, não preciso de nada além do suficiente para passar de ano, afinal, a bajulação dos professores não vai me fazer ser aceita em uma faculdade.

Falando em faculdade, eu não tenho ideia do que cursar. Minha mãe diz que isso é um sentimento natural de um estudante de ensino médio, mas gostaria que fosse diferente comigo. Há tantas pessoas na minha sala com o futuro já formado, sem a necessidade de quebrar a cabeça para decidir.

A única certeza que eu tenho, é que a universidade que vou entrar não será perto dessa cidade.

Moro nesse lugar desde que eu nasci, assim como todos os amigos que convivem comigo desde a infância. Crescemos juntos e frequentamos os mesmos lugares sempre. Não teria como ser diferente, afinal, a maioria dos adultos que moram aqui trabalham em fazendas não muito longe. Justifica o motivo dessas pessoas aceitarem morar em uma cidade tão pequena e limitada como essa, levando a família como consequência.

Sobre os meus amigos, com certeza são os melhores que eu poderia ter aqui, mas as vezes é cansativo, sabe, viver a mesma coisa todos os dias.

É por isso que eu comecei a trabalhar aos quinze anos, porque quando eu fizer dezoito, a primeira atitude de adulta que vou tomar é alugar uma casa na praia de Bright Moon, que fica há oitocentos quilômetros de casa!

Sempre pensei em começar uma vida nova, totalmente do zero. Afinal, só se vive uma vez! Seria deprimente se eu começasse a minha vida adulta com a mesma rotina chata de sempre...

É claro que eu não escolhi um lugar aleatório do mundo, afinal, sempre há uma história por trás. Meu pai, quando vivo, costumava me levar para viajar nas férias e o destino sempre era aquela praia. Até hoje consigo me lembrar da forma como os meus olhos brilhavam quando ele me acordava cedo, de manhã, e dizia: "Vamos, Adora. Nós vamos viajar", com apenas uma mochila nas costas e seu violão de aço.

Na parede do meu quarto, bem ao lado da minha cama, há inúmeras fotos das paisagens que Bright Moon proporciona. São tão lindas que não posso deixar de, todas as noites, sonhar acordada com a minha casa.

Mas, até lá, tenho que me contentar com mais um ano no ensino médio. Por isso, afastei meus pensamentos — que até agora se encontravam nas nuvens — e cliquei no email.

Vi o símbolo familiar da escola e respirei fundo antes de rolar o mouse até a parte que me interessava.

— Ah, o quê? Fala sério! Denovo?

Quase caí da cadeira quando terminei de ler. Eu vou ficar na sala dela mais uma vez?

Catra Applesauce, ou simplesmente a garota morena dos olhos heterocromáticos mais irritante da face da terra, será minha colega de classe pelo décimo segundo ano consecutivo.

Ela é a filha da diretora, e desde o pré, sempre caímos na mesma sala.

Não me lembro de ter a magoado ou tomado uma atitude muito maldosa, mas parece que o propósito da vida dela é acabar com a paciência que eu já não tenho.

— O que foi esse grito Adora? — Minha mãe entrou no quarto preocupada, mas não demorou para que ela se desse conta do motivo — Ah, entendi... Mas denovo?

Girei a cadeira com o meu corpo e joguei minha cabeça para trás. Acho que se eu reprovasse um ano na escola, o universo a faria reprovar também.

— Pelo menos a Glimmer e o Bow estão na mesma sala que você. Ano passado você vivia reclamando que vocês estavam em salas separadas — Argumentou quando olhou a tela

— É, acho que dá pra sobreviver...

Não, na verdade eu não tenho certeza.

Rivalidade Recíproca - CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora