Certo, eu não devia me aproveitar da boa memória da Madame Rizzo logo agora que ela está em investigação para Alzheimer, porém agora foi inevitável.
Cheguei mais cedo no trabalho e fui direto para a porta dos fundos, onde dava na casa da Rizzo.
Na garagem, havia um carro branco muito bonito e incomum de ver aqui pelas ruas. Não entendo de automóveis, mas só de olhar é notável que o carro custa no mínimo meio milhão.
Estranhei, pois não é viável para a Madame Rizzo comprar um carro desse porte de repente, mas ignorei.
Respirei fundo e contei até três antes de bater a porta. Aquele registro no diário do meu pai pode ser a chave para o meu futuro. Não sei o que me espera, e se há mesmo algo me esperando, mas não posso deixar isso passar, não agora.
Ela sabe de alguma coisa que talvez agora, com a melhora da sua memória, tenha recursos para me alimentar esperanças. Sei que é um pouco rude me aproveitar dessa sua melhora repentina, mas eu não vou descansar até ter uma resposta favorável.
Dei três batidas e esperei ansiosa, demorando um pouco para ser correspondida.
Quando a mais velha abriu a porta, estranhei um pouco e senti uma pontada no coração. Aquela Rizzo cheia de energia e motivação parecia mais cabisbaixa e cansada. Antes, quando alguem a chamava, ela atendia em questão de segundos com uma animação contagiante.
— Mara, queridinha! Finalmente você chegou
Suas palavras foram como tirar um band-aid rapidamente de um machucado fresco, arrancando toda a esperança que há pouco estava tão renovada.
Não consegui manter o sorriso que estava estampado em mim, mas me esforcei para manter os planos.
— Sou a Adora, Madame Rizzo. A Mara não chegou ainda.
A mulher me olhou confusa por uns instantes, até decidir ignorar o que eu disse.
— Para de brincar com isso, Mara! Você veio me ajudar a fazer uma torta — A mais velha me puxou pelo braço, me fazendo caminhar na mesma velocidade que ela.
Quando ela começa a falar sobre fazer tortas e me chamar de Mara, é quando a memória dela está nos piores dias.
Durante o caminho, meu ombro esbarrou em um dos grandes quadros da sua casa digna de uma mulher mais velha com uma idade considerável. A decoração balançou ameaçando cair, foi quando nesse instante, Rizzo segurou como se aquilo dependesse da vida dela.
— Mara, tenha mais cuidado! — Disse — Esse quadro é...
Ela olhou para a imagem por algum tempo, tentando se recordar de alguma coisa, como se não soubesse o motivo pelo qual tem tanto apego pela moldura.
Era uma foto de uma mulher muito parecida com ela. Carregava uma espada antiga e vestia uma roupa que me lembrou um cavalheiro.
Balancei a cabeça e refleti pelo pouco tempo que eu tinha ali. Vale a pena mesmo forçar a memória dela?
Não fode, Adora.
— Madame Rizzo — Comecei — Eu sou a Adora, e não vim aqui fazer tortas.
Mais uma vez, ela me olhou sem entender, desviando sua atenção do quadro para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rivalidade Recíproca - Catradora
Fanfic"A Catra... Essa garota não me deixa em paz! Eu odeio ela!" O ensino médio é a época em que as responsabilidades surgem rigorosamente. Há a sensação de incerteza sobre o que fazer do seu futuro, e é claro que não foi diferente para Adora. Além de l...