— Eu não tenho ideia, gente. A minha única opção de futuro é convencer vocês a viajar o mundo com uma mochila e uma kombi!
— Mas Lonnie, com que dinheiro a gente faria isso? — Glimmer perguntou
— Isso a gente resolveria depois.
Crescer em conjunto é algo divertido e assustador ao mesmo tempo. Parece que foi ontem que passamos o dia inteiro brincando de pique-esconde e pega-pega, ou quando nossas mães brigaram com nós quatro ao mesmo tempo por chegar em casa com a roupa toda suja de areia. Queria que a minha única preocupação nesse momento, fosse chegar em casa antes do almoço. Agora, essas mesmas pessoas estão em uma roda discutindo sobre o futuro e nossas preocupações relacionadas a faculdade.
— Eu só queria ser a Adora nesses momentos... — Lonnie falou — Ter absoluta certeza do que quer desde o fundamental.
— Ah, eu não teria tanta certeza disso... — Falei
— Gente, vamos falar de outra coisa — Bow sugeriu como uma boa e velha alma sensata — Sei lá, jogar alguma coisa
— Boa ideia
Péssima ideia.
— Gente, eu até jogaria, mas eu deixei o meu celular em casa — assumi
A verdade é que hoje eu decidi estar longe de tudo o que poderia me fazer pensar demais, como pensar no fato que sou oficialmente uma ex-funcionária demitida pela "chefe", se é que eu devo chamar a Diana assim. Precisava tirar um tempo de tudo isso, destrair a cabeça o máximo possível. Passar o dia com os meus amigos costumava ajudar, mas com toda essa dor de cabeça com vestibulares chegando e preocupações com o futuro, sinto a situação ficando pior.
— O quê? Que humano abaixo de sessenta anos em sã consciência sai de casa e deixa o celular?
— É, eu sai correndo e acabei esquecendo — Respirei fundo.
— Então vamos assistir um filme!
— Glimmer, você sabe que sempre acaba em briga quando vamos escolher um filme...
— É claro, vocês não tem bom gosto!
— Ação?
— Nem ferrando. Se ainda os filmes de ação que você curte fossem bons... Mas você só gosta daqueles filmes ruins e previsíveis de mil novecentos e bolinha!
— Não me ofenda! Você escolheria o que, Glimmer, romance? — Bow debochou
— Nem cogitem e colocar romance — Lonnie disse — A única com relacionamento estável aqui é a Adora, e a ficante dela é a Catra!
Ficante...
Nesse momento, comecei a rir descontroladamente de forma com que os meus amigos me olharam como se eu fosse uma louca.
Foi tanta emoção para lidar em míseros dois dias que me esqueci completamente de noticiar meus amigos. Me tornei a garota boba e apaixonada que antes eu tanto julgava.
Quando a crise passou, estendi a minha mão direita e mostrei a aliança para eles, sem precisar dizer nada.
A reação inicial deles os deixaram mudos e de boca aberta, mas logo em seguida, o quarto foi tomado por gritos.
— O quê? Como assim você não nos contou antes?!
— Quem foi que pediu? Adora, você está condenada a nos contar cada mínimo detalhe do que aconteceu e por que não nos falou antes!
[...]
O fim da tarde chegou e comecei a rabiscar qualquer coisa no meu caderno como forma de distração. Li Harry Potter pela milésima vez e toquei músicas decoradas no meu violão, tudo para distrair a minha cabeça.
Cortando o meu silêncio, ouvi a campainha tocar algumas vezes até eu me dar conta de que a minha mãe não está em casa, o que significa que eu terei que fazer o esforço de descer as escadas e atender.
— Catra?
Percebi que estava nas minhas piores condições em questão de roupas e aparência, mas isso deixou de ser um grande problema quando ela aceitou o meu pedido.
A garota estava segurando uma sacola e parecia ofegante.
Antes de falar qualquer coisa, me pegou de surpresa em um abraço forte e demorado que me fez demorar um pouco para processar e retribuir.
— Por que não respondeu as minhas mensagens? Eu fiz alguma coisa? — Perguntou
Bati a mão na minha própria testa. Eu me esqueci completamente de avisar a Catra que eu ficaria esse tempo fora.
— Me desculpa, Cat, é sério. Aconteceu algumas coisas e eu preferi ficar um tempo fora da internet.
Ela me deu um sorriso sem os dentes e me entregou a sacola.
— Trouxe para você, é o seu favorito, não é?
Era uma caixa com o meu chocolate favorito. Dei um sorriso largo e um beijo na bochecha dela.
— Eu te amo muito, me desculpa, é sério
[...]
As vezes me sinto mal por falar tanto da minha vida para a Catra, apesar dela nunca ter demonstrado se sentir mal em qualquer sentido. Queria fazer por ela tanto quanto ela faz por mim.
— A Diana não gosta de mim desde o dia que me conheceu, mas ontem foi a gota d'água.
— Mas Adora, isso não pode ficar assim! Nem foi culpa sua, e de qualquer forma não foi uma situação grave!
Dei de ombros. Eu não queria mesmo arrumar confusão, principalmente quando significa prejudicar a Rizzo de alguma forma.
— Talvez, mas eu não quero trabalhar com aquela mulher sendo a Dona, Cat. Ela é horrivel! Eu só estava lá pela Mara e pela Rizzo.
Ela sorriu.
— Elas são mesmo importantes, não é? Mas você pode vê-las em outros momentos.
Neguei com a cabeça.
— A Mara com certeza, mas a Rizzo... Eu não posso nem chegar perto da casa dela! Seria capaz da Diana ligar para a polícia caso eu pisasse na calçada da loja...
Catra me abraçou de forma gentil e encostou minha cabeça em seu ombro.
— Essa tal de Diana não vai durar muito, acredita em mim, e a Rizzo é forte!
Dei um sorriso e olhei para ela.
— Obrigada, Cat.
[...]
Me despedi dela com um abraço demorado. Nossos abraços são assim com mais frequência do que antes, o que é incrível.
— Essa garota, Adora — Minha mãe, que chegou pouco antes dela ir embora, falou encostada na parede da escada — Gostei dela.
— Ela é incrível, mãe
A mais velha se aproximou, até ficar de frente comigo, e deu um beijo na minha testa.
— Sei que fez uma ótima escolha. Fico feliz de ter alguém tão "incrível" — Imitou o tom como eu falei — Cuidando da minha filha maravilhosa
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Rivalidade Recíproca - Catradora
Fanfiction"A Catra... Essa garota não me deixa em paz! Eu odeio ela!" O ensino médio é a época em que as responsabilidades surgem rigorosamente. Há a sensação de incerteza sobre o que fazer do seu futuro, e é claro que não foi diferente para Adora. Além de l...