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Ph🏄‍♂️

Terca -02/08🍃

Já tem quase 15 dias que o santos tá internado, ele vai ter alta hoje.

A gente enrolou enrolou mas conversamos sobre a nossa "briga" e a Lia.

Ele me falou que tá ficando com ela mas que não é nada sério. Eu sei que exagerei, mas pô, é minha irmãzinha cara, ainda não tava preparado pra isso.

Eu sempre soube que uma hora ou outra ela iria encontrar alguém, mas oque me incomodou não foi ela ter ficado com ele, foi o fato deles não terem me contado.

[...]

Eu e Lia nunca tivemos uma vida fácil, meu pai abandonou minha mãe quando eu tinha 6 anos e a Lia tinha só 3 anos. A gente passou necessidade, já chegamos a ficar 3 dias seguidos sem comer nada.

Quando eu tinha 8 anos a gente foi morar na rocinha, o dono da casa onde a gente morava na pista botou nós pra fora porque não pagamos o aluguel.

Minha mãe arrumou um barraquinho só com um banheiro, cozinha e uma sala. Ela também arrumou um trabalho aqui no morro mesmo, mas o salário não dava pra quase nada, ela só recebia 50 reais por semana.

Nessa época eu ainda estudava, eu tava no 4° ano, eu levava a Lia pra escola comigo porque não tinhacom quem deixar ela, ela tinha só 5 aninhos.

Com 13 anos eu saí da escola porque minha mãe descobriu que tava doente e teve que sair do trabalho, eu fiquei em casa pra cuidar dela e da Lia que já tinha 10 anos.

Minha mãe sempre fez de tudo por mim, ela foi muito guerreira. Ela engravidou de mim quando tinha só 15 anos, os pais dela botaram ela pra fora de casa e ela foi morar com meu "pai", que era um viciado.

Com 14 anos eu entrei pro crime, e não venham dizer que foi porque eu quis, eu preocurei trabalho em todos os lugares possíveis, dentro e fora do morro, mas ninguém queria dar emprego pra uma criança.

O crime foi minha última opção, eu começei levando umas entregas aqui e ali, e fui subindo de cargo com o tempo.

Quando minha mãe descobriu ela chorou e pediu pra eu não fazer isso, mas não tinha mas volta.

Com o dinheiro que eu ganhava, eu comprava comida e os remédios da minha mãe, a Lia tava já grandinha e ajudava a fazer as coisas de casa antes de ir pra escola.

Com 15 anos eu conheci meu irmão, Grego, sabe aquele bagulho de amor a primeira vista? Foi tipo isso.

Nosso santo bateu logo de cara e eu sabia que ia levar ele pro resto da minha vida. A gente criou uma irmadade muito rápido sabe. Ele era filho do Dono, aí eu achava que ela era mó metido né, moleque era marrentão; mas depois que a gente começou a conversar e se conhecer melhor eu vi que ele era maneiro, e a gente vrioi uma amizade verdadeira, sem nenhum interesse.

Logo depois a gente conheceu o santos e dali pra frente foi só pra trás. O santos ainda estudava, mas um tempo depois ele também entrou pra vida errada pelo mesmo motivo que eu, necessidade e família.

O Grego não tinha muita opção depois que o pai dele morreu, uma hora ou outra ele ia ter que assumir o morro.

O santos e a Lia sempre se deram muito bem, agora eu me sinto burro de nunca ter reparado os sinais.

Hoje minha mãe tá bem e tem a casa dela com tudo que tem direito; a Lia também, ela terminou de estudar e fez formação de professora no ensino médio, mas ela nunca quis trabalhar com isso; ela trabalha como modelo pra uma marca de roupas, coisa que ela sempre gostou de fazer.

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