O que eu devo fazer sem você?
É tarde demais para recolher os pedaços?
Muito cedo para se desfazer deles?
Eu só me apavorei, prefiro me sufocar com as minhas más decisões...DEPOIS.
Ana Flávia:Depois que Gustavo saiu, mesmo depois de um banho e ter enchido minha barriga com os pães de queijo que meu marido preparou para o café da manhã, eu voltei a dormir.
Acho que dormir seria a melhor forma de, um: calar meus sentimentos, e dois: ocupar minha mente para não sentir tanta saudade do meu marido. Gustavo saiu apenas há mais de quatro horas, e parece que ele está a quatro anos longe.
Meu peito está apertado de tanta saudade, ele saiu às pressas e nem explicou o motivo, nem se quer tomou banho comigo. E é por isso que nesse exato momento estou ligando para Gustavo, quero saber se ele virá ao menos para casa almoçar.
Levei o aparelho até o meu ouvido e deu três toques, a chamada foi recusada e eu respirei, tentando novamente. Nesses últimos dias ele tem ficado muito ocupado com as a problemas do seu novo dvd, e consequente um pouco distante, mas sei que essa nunca foi sua intenção.
Por um lado, foi bom. Tive tempo o bastante para por minhas emoções no lugar e sofrer em paz. Ver o teste dar negativo foi mais difícil que eu imaginava, foi uma mistura de querer algo e perder aquilo que tanto desejou um dia.
Foi um momento estranho, sentimentos que eu nunca havia dado abertura invadiram minha mente e me deixou completamente confusa e até mesmo meio triste. Não sei o porque.
Mas enfim, não há motivos para relembrar tudo isso...
Desliguei meu celular e o joguei no sofá, me perguntando o porque Gustavo não estava me atendendo. Liguei para todas as pessoas que eu imaginei estar no escritório de música, inclusive para o meu sogro, que não estava nem no escritório.
Então, resolvi chamar Boo para almoçar comigo e ela prontamente aceitou. Vesti uma calça jeans, um cropped branco e um tênis, arrumei meu cabelo do jeito que dava e não me limitei em fazer nenhuma maquiagem, minha pele estava bonita pela primeira vez em muitos meses e eu não queria dar nenhuma oportunidade para alguma espinha ou mancha.
Arrumei minha bolsa com algumas coisas necessárias, peguei as chaves do carro e sai do apartamento.
O caminho até a rua de Bruna foi rápido, ela não morava muito longe e isso contribuiu para a fome que eu sentia. Escutei meu celular tocar e o peguei rapidamente, vendo o nome de Bruna gravado na minha tela.
— Já estou chegando! —avisei de prontidão.
— Então, desculpe ter que te dar um bolo... —começou a falar.— Não vou conseguir almoçar com você hoje, amiga. Já estava pronta pra' sair e a Manu começou a vomitar, estamos indo agora para o hospital.
— Meu Deus! —encostei o carro para prestar mais atenção nas palavras da minha amiga.— Boo, você quer que eu vá te encontrar no hospital? Onde está o Vicente? Precisa de algo?
— Não amiga, está tudo bem. Vicente está com a babá, eu e o Lin estamos indo para o hospital apenas para ver se não é alguma virose, ou algo do tipo. Me desculpe por te deixar na mão.
— Nada amiga, está tudo bem. —mordi meu lábio inferior e olhei em volta, percebendo que estava um pouco perto do estúdio do Gustavo.— Olha, eu vou passar no Gu e almoçar com ela, não se preocupe comigo. E me dê notícias sobre a Manu, tudo bem?
— Está bem.
Nos despedimos e eu liguei o carro novamente, seguindo para o prédio comercial que Gustavo trabalhava. Em questão de cinco minutos eu já estava no elevador, as portas se abriram e eu caminhei até o porta do escritório.
Toda vez que eu venho, tento não entrar fazendo muito barulho, já que na maioria das vezes ele e sua esquipe estão compondo ou em uma reunião, então o silêncio é totalmente necessário.
— Ana? —Caio perguntou assim que me viu.
— Oi, e aí, como cê tá? —abracei o mesmo rapidamente.
— Na loucura, com a gravação do DVD, mas com um pouco de sanidade ainda! —brincou e eu dei uma risada baixa.
— Aonde o Gu está?
— Acabou de finalizar uma reunião, vai lá na sala dele, vou descer para fumar um cigarro. —apontou para o corredor atrás de si e saiu pela porta.
Entrei no não tão grande corredor que dava acesso ás salas e assim que estou prestes a levar minha mão até a maçaneta, ela se abre. Levanto meu olhar e percebo que era o Gustavo.
Por algum motivo, demorei para olhar em seus olhos, porque olhei diretamente para sua boca manchada de batom.
Um batom que certamente não é meu.
Os primeiros botões da camisa abertos, o cabelo bagunçado e a maldita boca suja de batom. Gustavo ficou paralisado ao me ver, apenas arregalou os olhos e limpou a boca, como se isso fosse limpar toda a merda da traição.
— Ana...
Lágrimas começaram a escorrer e meu coração disparou tão forte que achei que ele pularia do peito á qualquer momento. Minha respiração ficou descompassada no momento em que eu percebi que aquilo não se passava de um sonho.
Lembro do exato momento em que estava prestes a descobrir a traição de Luan, a diferença é que Gustavo estava ao meu lado, e agora, Gustavo é quem está me traindo.
— Porque você fez isso comigo? —sussurrei.
Como se não pudesse ficar pior, Maria Isis saiu da porta com um olhar culpado. Intercalei o olhar entre os dois e não pude sentir coisa pior. Eu não posso ficar aqui.
— Eu...isso é mais que eu posso suportar. —neguei com a cabeça e me virei para ir embora.
— ANA FLÁVIA. ANA FLÁVIA VOLTA AQUI! —Gustavo gritou.— MERDA MARIA ÍSIS!
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Agora uma pergunta, vocês estão vivas?
Esse capítulo foi divido em dois, por isso está tão curto.
Prometo não demorar para atualizar, não precisem chorar tanto e nem me xingar, eu ainda amo vocês!😭
CAPÍTULO NÃO REVISADO!
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(ɪᴍ)ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏs, ᴍɪᴏᴛᴇʟᴀ
ChickLitAna Flávia e Gustavo, após experiências dolorosas em relacionamentos anteriores, se encontram em circunstâncias difíceis e se apoiam mutuamente em um apartamento, compartilhando conforto, confidências e biscoitos da sorte. Com o tempo, o relacioname...