E de repente, veio contra gente
Uma chuva de mentiras para nos separar
Inexplicavelmente o que era pra sempre
Foi desaparecendo, se perdeu no ar...
Ana Flávia:Gustavo está sentado na sala de estar, me observando carregar algumas bolsas para fora do apartamento, com uma afeição indescritível. Ele não sorri, não chora, não fica sério, arrisco dizer que ele ao menos respira.
Essa manhã, quando acordei, esperava ver Gustavo implorando para que não nos divorciássemos, batendo na porta do nosso quarto, pedindo uma última conversa mas isso não aconteceu.
Nosso casamento está acabado, ele beijou outra mulher, assumi ter pedido um filho nosso e me enfiei no quarto a noite toda após ter pedido o divórcio... mas ele nem se quer tentou vir atrás de mim, ficou plantado na sala a noite toda.
Como se só a minha vida estivesse acabando...
Pedi para que o porteiro fosse descendo algumas coisas e as colocando dentro do carro, entreguei a chave em suas mãos. Confio no Sr. Valdir, quase assumo que confio mais nele do que em meu próprio marido.
Coloquei a minha bolsa no ombro e peguei a minha garrafa d'água tendo a certeza de que ela está cheia, resolvi ir para Londrina de carro. Eu precisava saber no que eu iria falar para minha família quando chegasse, precisava falar com Bruna e principalmente de um tempo para processar todas essas informações.
Parei enfrente á porta, me virei em direção ao Gustavo, que não desviou o olhar sequer uma vez do painel da televisão.
— Gustavo? —o chamei.
Ele não respondeu. Continuou imóvel.
— Gustavo? —chamei mais uma vez. Não obtive resposta e respirei fundo.— Gustavo, eu estou prestes a sair por essa porta e ter com a pretenção de não voltar para esse apartamento nem tão cedo...
Ele continuou imóvel.
Apenas assenti derrotada e me contendo com o silêncio como resposta e saí do apartamento que durante quatro anos eu considerei meu lar. Mas que agora não se passava apenas de um apartamento no qual eu morei enquanto fui casada.
Seria mentira dizer que não está doendo, porque está. E muito. Mas não tem como negar que os últimos meses foram tão doloridos, que posso até dizer que o nosso casamento já estava acabando antes. Ontem foi apenas uma confirmação de tudo isso.
Quando cheguei no estacionamento do prédio, o porteiro já me esperava com as chaves na mão e o portas malas fechado. Ele não questionou, apenas me desejou uma boa viagem e voltou para o seu trabalho. Talvez já tínhamos deixado explícito demais a nossa possível separação, ou talvez ele tenha escutado todos os gritos de ontem, ou talvez ele só esteja me desejando uma boa viagem mesmo.
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(ɪᴍ)ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏs, ᴍɪᴏᴛᴇʟᴀ
ChickLitAna Flávia e Gustavo, após experiências dolorosas em relacionamentos anteriores, se encontram em circunstâncias difíceis e se apoiam mutuamente em um apartamento, compartilhando conforto, confidências e biscoitos da sorte. Com o tempo, o relacioname...