𝖈𝖆𝖗𝖛𝖔𝖊𝖎𝖗𝖔

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Eu cansei
Da gente se cansar
O que é se acostumar e o que é morrer de amor?

Eu cansei Da gente se cansar O que é se acostumar e o que é morrer de amor?

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DEPOIS.
Ana Flávia:


Chegamos da casa da Boo faz pelo menos trinta minutos e assim que eu cheguei, vim direto arrumar minha mala para os shows de amanhã.

Gustavo não havia vindo para o quarto, muito pelo contrário, chegou em casa e foi diretamente para o bar. Não quis ter interesse em saber o que ele fez depois, e sinceramente? Tenho outros problemas para resolver do que simplesmente tentar me entender com Gustavo.

Eu estou exausta.

Antigamente, os dias em que eu volto a cumprir minha agenda eram uma tortura, pois teria que ficar longe da minha casa e do meu marido, mas hoje em dia, voltar aos palcos é tudo o que eu mais quero.

Ser a Ana Castela me ajuda a esquecer os problemas, até aqueles mais banais, e saber que voltarei a minha correria depois das férias torturantes que eu tive, me deixava ansiosa.

Definitivamente ficar trancada em um apartamento, chorando, doente e brigando com meu conjugue, não estava nos planos das férias perfeitas que eu ansiava.

Bufei um pouco irritada ao não conseguir achar a minha crocs. Estava procurando ela a um bom tempo, mas acabei deixando de lado, porém nesses dias irei precisar dela mais do que nunca e queria achá-la.

Me lembro vagamente de ver Gustavo usando a mesma há alguns dias atrás, imagino que ele deve saber onde ela está. Me levantei do chão, onde eu estava completamente rodeada de roupas e adereços para os meus shows e fui até a cozinha atrás do moreno.

— Gustavo! —o chamei passando pelo corredor.

Assim que entrei na cozinha, vi que a mesma estava vazia.

— Gustavo? —o chamei mais uma vez e ele não respondeu.

Vi a sua sombra na sacada da casa e franzi o cenho. Ele raramente fica na varanda, e quando eu digo raramente, é raramente mesmo.

— Você por algum acaso está surdo? —disse indo até ele.— Eu estou te chamando o tempo inteiro, porque não responde?

Gustavo estava sentado de frente para toda a vista paulista. Os pequenos pontinhos de luz era o que iluminava o ambiente, o mesmo estava sentando em uma cadeira e provavelmente segurando um copo de whisky.

— Você sabe onde está aquela crocs preta? —perguntei e ele continuou sem responder.

Puxei o ar e toquei em seu ombro, obrigando-o a olhar diretamente para mim. Seus olhos estavam fundos e o rosto molhada, deixando evidente as suas lágrimas.

— Gustavo... —levantei seu rosto.— Você está chorando?

Ele virou o olhar e eu neguei a cabeça, vendo suas lágrimas caírem ainda mais.

— Gu... —o chamei.— Gustavo eu... porque está chorando?

— Isso não... —bebeu um pouco de sua bebida.— Deixa pra' lá! —ele tentou sair mas eu impedi.

— Gustavo, não. —insisti.— Eu ainda sou sua esposa, fala comigo, por favor. Deixa eu te ajudar.

Gustavo olhou no fundo dos meus olhos, quase me penetrando. Gustavo suspirou, olhou para o mundo lá fora e bebeu o resto de bebida em seu corpo, depois me olhou novamente.

Porque ainda não temos um filho?

Acho que todo o ar se esvaiu de mim no mesmo instante. Meu coração só faltou sair pela boca, e talvez ele saia por um instante.

— Ana Flávia, porque não temos um filho? Porque demoramos tanto para formar uma família?

— Gustavo...

— Eu não aguento mais ver todo mundo almejando o meu sonho. MEU SONHO! —se levantou bruscamente e entrou para dentro de casa.— Essa será a nossa ruína? Ver todos os nossos amigos sendo felizes enquanto continuamos nesse looping eterno?

— N-nós já conversamos sobre isso. —engoli seco.

— Conversamos sobre a possibilidade de termos, e nunca sobre não termos. —disse como se estivesse me corrigindo.— Hoje quando peguei Manuela no colo, eu senti inveja. Senti inveja porque eu queria ser o pai. Não especificamente da pai da Manu e sim, pai de uma criança...

— Gustavo, nós não precisamos passar por isso de novo. —interrompi.

— Passar pelo quê? Já passamos por muitos altos e baixos Ana Flávia mas nenhum deles me atingem tanto quanto não ter um filho com você! Isso se torna um questionamento meu todos os dias, até me pergunto se você quer que eu seja realmente pai dos seus filhos!

— É claro que eu quero! —repreendi no mesmo instante.— Gustavo, eu te amo. Nosso casamento pode estar em ruína mas eu ainda quero ter um futuro com você.

— Futuro, futuro... —começou a andar pela casa.— Você só sabe me dizer sobre o futuro, mas nunca sobre o presente! Até quando eu vou me culpar por isso? Por não conseguir ser digno de um casamento feliz e ter uma família feliz, como você mesma disse?

— Eu já disse que eu disse aquilo de cabeça quente. —respirei fundo.— Gustavo, você é digno de uma família sim! Você vai ser um ótimo pai, eu tenho certeza disso.

— ENTÃO PORQUE NÃO TEMOS UM FILHO?

Se exaltou. Nunca o vi tão bravo e tão inseguro em todo o nosso relacionamento. Gustavo nunca insistiu tanto em uma pergunta e isso me deixa intrigada.

Nunca faço perguntas a qual não quero saber a resposta, tem sido assim nos últimos meses em nosso cansamento. Mas, ele insistia uma resposta para essa pergunta que tanto de assombra, e sabe qual é o pior?

Eu simplesmente não estava pronta para responder.

Você não toma mais o seu anticoncepcional faz meses Ana Flávia, e sei que faz um tempo que não transamos mas... Até duas semanas atrás estávamos loucos, saciando nosso desejo várias vezes durante o dia, será que...

— Gustavo, tudo virá no tempo de Deus! —me aproximei dele, segurando suas mãos.— Não tive nenhum sintoma, nenhuma mudança em mim. Talvez devêssemos esperar essa situação que estamos acalmar. Seria torturante passar por um momento tão especial em meio a tantas brigas.

Gustavo me olhou e depois olhou para minha barriga e em seguida voltar a chorar. E foi aí, que eu percebi que ele estava bêbado. Ele já tinha bebido um pouco com o Bala, e quando chegou em casa, bebeu mais.

A sensação de embriaguez provavelmente o lembra da própria angústia.

Abracei meu marido e estive ali até que ele parasse de chorar feito uma criança. Quando a crise passou, ajudei Gustavo a tomar banho. Vesti suas roupas e preparei um café forte com açúcar.

Foram pouquíssimas as vezes que vi Gustavo bêbado ao ponto de chorar. Na verdade, três vezes, e todas elas ele chorava por um motivo banal ou por dizer que me amava muito, como fez ao final do nosso casamento.

Mas essa vez era diferente, seu choro já devia estar preto a muito tempo na garganta, assim como seu desabafo em forma de briga.

Naquela noite, eu cuidei de Gustavo. Quando finalmente ele dormiu, eu pude desabar com a minha própria angústia.

lamentável.

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volteiiii

É isso o que o bloqueio de criatividade faz com a gente, galera...

(ɪᴍ)ᴘᴇʀғᴇɪᴛᴏs, ᴍɪᴏᴛᴇʟᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora