Capítulo 9: Ângulo de Rogério

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Acordei em casa, atormentado por pensamentos confusos sobre o dia anterior com Lázaro. A mistura de prazer e repulsa que sinto me deixa inquieto. Decidi que não devo ir trabalhar naquele dia; preciso de um tempo para lidar com meus sentimentos.

Minha esposa percebe que algo está errado.

"Você está bem, Rogério? Não vai trabalhar hoje?" ela pergunta, olhando-me com preocupação.

Com um olhar distante, respondo: "Não estou me sentindo bem hoje. Preciso de um dia para mim. Pode ser algo passageiro, mas não quero ir trabalhar assim."

Ela, embora preocupada, tenta ser compreensiva: "Se você acha que precisa, tudo bem. Só cuide-se."

Sinto-me um pouco mais aliviado, mas minha mente continua turvada. As lembranças dos momentos eróticos com Lázaro não saem da minha cabeça. Tento me concentrar em minha rotina, mas as imagens e sensações continuam a me assombrar.

"Por que isso está acontecendo comigo?" penso, tentando entender o que está passando pela minha mente. Sinto uma necessidade urgente de evitar Lázaro pelo menos por um dia, na esperança de encontrar algum tipo de clareza.

Logo, meu telefone toca e vejo que é Lázaro. Sua voz está carregada de preocupação.

"Rogério, você não foi trabalhar hoje. Está tudo bem? O que aconteceu?" ele pergunta.

Respondo com um tom cansado e confuso: "Estou confuso, Lázaro. Preciso de um tempo para entender o que está acontecendo comigo. Achei melhor não ir trabalhar hoje."

Lázaro, sentindo-se culpado, tenta se explicar: "Sinto muito, Rogério. Não era minha intenção estragar nossa amizade. Estou realmente arrependido."

Tocado pelo arrependimento dele, tento acalmá-lo: "Não vamos acabar com a amizade. Só preciso de um tempo para pensar. Não é sua culpa."

Lázaro responde com uma sensação de submissão: "Estou aqui para o que você precisar. Farei qualquer coisa para te agradar. Só me diga o que posso fazer para ajudar."

Com um suspiro, agradeço a oferta, sentindo-me um pouco mais aliviado. "Agradeço, Lázaro. Vou precisar de um tempo para colocar meus pensamentos em ordem. Mas, por favor, não se preocupe."

Encerramos a conversa com um sentimento de compreensão mútua, enquanto continuo refletindo sobre a complexa situação em que me encontro.

Enquanto penso sobre a noite com Lázaro, sinto uma atração intensa por ele, mas ao mesmo tempo me angustio com a infidelidade à minha esposa e família. Pergunto-me por que estou tão atraído por algo que sempre considerei fora dos meus padrões.

"Eu não sei por que essas novas sensações me atraem tanto," penso. "Sempre fui hetero, e agora estou assim. Por que isso acontece? O ser humano sempre quer mais, parece que nunca está satisfeito."

Lembro que há quase um ano não tenho uma vida sexual satisfatória com minha esposa, e essa falta de intimidade tem contribuído para meu desconforto. "Ela nem me dá valor," reflito, lutando com a culpa e a atração que sinto por Lázaro.

Sinto um turbilhão de emoções. Anseio por mais do que experimentei com Lázaro, mas também me vejo culpado por trair a confiança da esposa e pela complexidade de meus sentimentos. Tento compreender a profundidade da minha atração e a natureza da minha insatisfação, enquanto enfrento a dor de estar dividido entre desejo e lealdade.

Começo a refletir sobre a hipocrisia dos rótulos e a quantidade de homens casados que se masturbam para outros homens em banheiros públicos. Pergunto-me se essa prática não revela algo mais profundo sobre a natureza humana.

"Será que isso é algo natural do homem?" penso. "Será que todos nós não somos, de certa forma, bissexuais por natureza, apenas não explorando outras facetas de nós mesmos?"

Medito sobre a ideia de que os rótulos de sexualidade são construções sociais que podem limitar a compreensão de si mesmo. Começo a considerar a possibilidade de que minha atração por Lázaro não seja um desvio, mas uma faceta legítima de minha sexualidade que eu nunca tive a chance de explorar.

Com essa nova perspectiva, decido explorar essas facetas não descobertas. "Talvez seja hora de parar de lutar contra o que sinto e começar a explorar essas novas dimensões da minha sexualidade," concluo. Sinto que preciso entender melhor minhas próprias necessidades e desejos, e me abro para a possibilidade de aceitar e integrar essas novas facetas de minha identidade.

Desconstrução (Thriller Gay Erótico)Onde histórias criam vida. Descubra agora