Capítulo 16: Ângulo de Lázaro

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Eu estava sentado no sofá, encarando a TV ligada, mas minha mente estava em outro lugar. A casa, que antes era cheia de vozes e risadas, agora estava dolorosamente silenciosa. O término com a esposa havia deixado um vazio que ecoava em cada canto.

Depois de enviar a mensagem para Rogério, me sentia apreensivo e ansioso pela resposta. O tempo passava lentamente e, sem resposta, minha inquietação só aumentava. Será que eles passaram a noite juntos? eu pensava, sentindo uma pontada de ciúmes.

Na manhã seguinte, acordei e, com alívio, vi a mensagem de Rogério: "Meu Deus, Lázaro, não sabia que sua esposa tinha te deixado. Você tá bem? Então nos vemos depois do trabalho." A preocupação sincera na mensagem de Rogério me tranquilizou um pouco, e eu me preparei para o dia com um pouco mais de leveza.

No canteiro de obras, avistei Rogério ao lado de Jesus. Parece que esses dois não se desgrudam mais, pensei, com uma ponta de desconforto.

Jesus foi o primeiro a notar minha presença, acenando com um sorriso aberto. "Bom dia, Lázaro!" ele cumprimentou. Rogério, ao meu lado, também desejou um bom dia, mas parecia um pouco tenso.

"Como vai, Lázaro?" Jesus perguntou, enquanto nos aproximávamos. "Rogério me falou muito bem de você. Disse que vocês são bons amigos."

Rogério, ouvindo a conversa, estava visivelmente ansioso, mas tentava manter a calma.

"Sim, somos amigos há algum tempo," respondi, tentando soar casual.

"Eu percebi que vocês se distanciaram um pouco desde que cheguei," comentou Jesus, com um tom amistoso. "Acho isso uma bobeira. Podemos tentar nos reunir qualquer hora para nos conhecermos melhor."

"Claro, será um prazer," concordei, tentando disfarçar qualquer resquício de ciúmes.

"Então, se divertiram bebendo ontem?" perguntei, olhando diretamente para Rogério.

Rogério abriu a boca para responder, mas Jesus se adiantou: "Foi ótimo! Ficamos bebendo, ouvindo música e trocando ideias. Foi muito legal. Qualquer dia desses, vamos fazer uma reunião lá em casa. Eu moro só, então podemos ficar à vontade."

Eu lancei um olhar direto para Rogério. "Ah, então vocês foram beber na sua casa. Pensei que tinham ido para um bar," disse eu, deixando transparecer um pouco de ciúmes.

Rogério, percebendo a tensão, tentou apaziguar a situação. "É, vai ser maravilhoso. Na próxima vez, você pode ir. Vai ser legal."

Eu mantive o olhar em Rogério, sentindo uma mistura de desejo e insegurança. "Sim, vai ser legal. Vamos marcar," disse eu, tentando ignorar a sensação de que algo estava mudando entre nós.

Mesmo enquanto estava no canteiro de obras, minha mente estava em outro lugar. Não conseguia parar de observar Rogério, que estava sempre por perto de Jesus. A ansiedade de finalmente poder encontrar Rogério em sua casa crescia a cada minuto. O dia estava especialmente exaustivo, e o trabalho pesado fazia as horas parecerem se arrastar.

Finalmente, o sinal de fim de expediente soou. Eu não perdi tempo e fui direto até Rogério. "Vamos juntos ou você me encontra lá em casa?" perguntei, com uma certa expectativa na voz.

Rogério lançou um olhar para Jesus antes de responder. "Te encontro na sua casa. Pode ir," disse ele, tentando manter a situação leve.

Eu saí na frente, ansioso para preparar minha casa antes da chegada de Rogério. Dei uma arrumada rápida, deixando tudo em ordem, e depois me acomodei, aguardando impacientemente. As horas passavam lentamente, e a ansiedade crescia. "Ele tá demorando," murmurei, olhando para o relógio pela terceira vez em poucos minutos.

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