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Caminhando pelo córrego congelado, Jingyi seguia Sizhui, puxando um trenó de madeira pequeno. Admirava a paisagem gélida com paixão. Mesmo Gusu sendo uma região naturalmente fria, não se comparava aquele lugar. A neve era encantadora demais para seus olhos. A terra emanava e as arvores vibravam. A unica coisa diferente era a falta de animais. Levantou essa questão e Sizhui explicou que seu pai ajudava eles a sobreviverem escondidos.

- A maioria hiberna - ergueu uma mão, puxando a energia disponível no ar - As moléculas vem e vão com o passar dos dias. Até mesmo as menores podem se tornar parte de uma unidade - ia mostrando os pontinhos se juntando em sua mão - Quando você os uni, consegue criar vida e pode transferi-las para outros - redirecionou-a no chão e aquela pequena área criou grama fresca - Assim, todos podem sobreviver ao frio extremo - sorriu ao fim da explicação.

Jingyi não conseguia fechar a boca de tão surpreso e encantado que estava. Era lindo e incrível conseguir fazer isso.

- Meu pai faz em maior proporção - se gabou - Ele tem mais afinidade com agua e gelo.

- Você não? - estava genuinamente curioso.

- Não muito... - parou, encarando as íris amendoadas - É complicado pra mim.

Jingyi ia falar algo, mas um calafrio percorreu sua espinha e ao olhar para trás, encontrou o ser pálido que visitava a casa de vez em quando, os encarando ao fundo. Se agarrou a lateral do corpo de Sizhui, num pulo torto e o mesmo riu.

- Por que seu tio é tão assustador?

- Bom... - deu um tchauzinho para o tio que sorriu e se sumiu novamente - Como explico isso? - encostou a cabeça na de Jingyi, que não parecia querer solta-lo - Ele é um cadáver vivo.

- Quê? - se afastou.

- Você realmente achou que ele era vivo? - ergueu uma sobrancelha, incrédulo - Vamos, Lan Jingyi, temos que pegar nosso ensopado! - puxou o outro, acelerando seus passos.

Levaram mais 5 minutos de caminhada até encontrar o lago no fim do córrego. Antes de pisar nele, Sizhui andou até uma arvore aparentemente morta e de dentro do tronco tirou solas de sapato adaptadas com partes pontiagudas.

- O córrego é coberto pela neve e folhas, é facil de andar por cima - entregou um par para Jingyi - O lago não tem esse privilegio, é mais escorregadio - explicou mostrando como amarra-lo na sola da bota - Isso vai nos ajudar a chegar na parte dos peixes - apontou a estaca de madeira fixada a alguns metros deles - Vamos - ofereceu a mão para guia-lo.

Jingyi abriu um sorriso gigante, empolgado com a atividade. Os primeiros passos foram desengonçados e meio curtos, mas Sizhui o ajudou a se sentir seguro, prometendo que nunca o deixaria cair, elogiando cada pequeno progresso que dava.

Chegaram a parte correta e Sizhui traçou uma linha no chão, tirando o embaçado, deixando o gelo transparente, mostrando a Jingyi os peixes nadando no fundo. O sorriso do jovem Lan não diminuía. Cada descoberta era uma emoção mais genuína que sua face não sabia guardar.

- Meu pai disse que podemos incentivar seu núcleo com essa primeira lição - sentou no chão e fez Jingyi fazer o mesmo - Precisamos abrir uma área, sem danificar o solo, assim, tiraremos o suficiente para nos alimentar e deixaremos o gelo se formar novamente para seguir o fluxo - explicou aquecendo as mãos de ambos - Se errarmos, o gelo se quebra - apontou para baixo, deixando claro que poderiam acabar dentro do lago.

- Tudo bem - se concentrou na lição.

- Não precisa ficar tão agitado - sorriu, apertando os ombros de Jingyi - Hoje sou eu que tenho que ter cuidado, farei um incentivo, então minha energia precisa ser transferida de forma uniforme para não te agredir.

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