Convivência

11°

No eco, Jingyi ouviu sobre o que viveu e como sobreviveu. Sabia que Wangji o salvou, mas não imaginou que os eventos que levaram ele a escapar estivessem ligados ao fato do pai dele ter destruído todo seu lar e num ato desesperado, sua mãe ter usado um portal para atira-lo longe. Qiren o guiou ainda grogue para chegar até Wangji, nessa hora estavam sendo atacados e mesmo sem estar em seus sentidos perfeitos, foi ajudar seu tio. A espada de Xichen não entrou no peito de Wangji, mas a mão em punho chegou até seu filho. De frente, cara a cara, ele viu a fúria nos olhos amendoados. Uma dor aguda percorreu no corpo quando a mão dele se abriu e tentou puxar seu núcleo para fora.

- Pai? - saiu tão fraco que nem chegou aos ouvidos de Xichen. 

Dai em diante foi tudo um breu, mas ouviu do eco que Qiren conseguiu ajuda-los, que ele reuniu suas ultimas forças, energizou Wangji e usou o pouco de conhecimento que tinha no anímico e restaurou o núcleo para ter energia até chegar no ponto que ele indicou. Bichen só teve força até chegar naquela zona congelante onde ambos caíram. Wangji usou o próprio corpo para defender o menino da queda. Eles quicaram numa pedra antes de se fixarem na neve onde foram encontrados, isso explicava os ferimentos.

Saber disso ajudou em sua convicção. Todos ja o consideravam mortos mesmo, era melhor continuar assim. Só lhe doeu por sua mãe, mesmo ela não sendo a melhor, ainda era sua unica confidente.

- Lan Jingyi - chamou suavemente - O frio só vai trazer sua febre de volta - sentou ao lado dele na neve - O que te trás aqui?

- Muitos pensamentos que não me permitiram dormir noite passada - confessou desanimado, precisou sair um pouco para botar sua mente no lugar - Não é maldição, nós realmente bebemos do coração da montanha, mas não conspiramos para rouba-lo. Não entendo.

- Bom, meu pai explicou, não?

- Sim. "Não é a primeira vez que unimos nosso sangue com GusuLan".

- Você é estupido?

- Não?

- Não entendeu mesmo?

- Não?

- Jingyi, o que significa unir sangues? - o outro ainda parecia confuso - Imagina que eu e você tenhamos um filho, ele terá nosso sangue unido, não?

- Ah! - finalmente compreendeu.

- Tudo bem, sua cabeça esta cheia. Me perdoe, você não é estupido.

- As vezes sou, então tudo bem.

- Todos somos. Veja só, estou sendo agora.

Eles riram um pouco. Jingyi não podia acreditar que no fundo as raízes deles tinham um pouco da seita antiga. Para Sizhui não era inalcançável, considerando quem eram e os princípios que seguiam, GusuLan e LiudiWei chegavam a pensar da mesma forma, o problema foi que o sangue Lan não era forte o suficiente para não cair na loucura da energia ruim que manipulavam, isso tornou as fronteiras entre eles muito estreitas.

- Uma filha dessa família casar com alguém da sua família, parece tão correto que chega a assustar.

- Dessa família? Não é sua família também?

Sizhui olhou profundamente os olhos amendoados e num suspiro largo, negou com a cabeça.

- Sem segredos a partir de agora? - fez um acordo e Jingyi confirmou com a cabeça. Não tinham mais nada a esconder - Não se perguntou por que chamo Wen Ning de tio?

- Por considera-lo?

- Você tem um ponto, mas não, ele é realmente meu tio - contou com pesar - Eu cheguei aqui com apenas dois anos de idade. A seita Wen enviou alguns inúteis para averiguar algo. O inverno é rigoroso e eles estavam marcados para morrer caso não voltassem num tempo estimado. Meu pai ficou como refém - engoliu a saliva com dureza - Ele disse que morreria de qualquer forma, então ordenou aos irmãos que não voltassem de forma alguma.