194 48 17
                                    


Preso no chão com uma espada apertando seu pescoço, Wangji já não tinha forças para revidar, por sorte Qiren apareceu e derrubou Xichen, permitindo o sobrinho mais novo recuperar o folego e levantar. A torre carpa estava um alvoroço só, desde que Xichen chegou.

Devolva, devolva! ele gritava incessantemente. 

"Irmão, pare!" pediu, mas os ouvidos daquele homem eram surdos perante seu pedido "Isso não vai resolver"

Podia não resolver, mas Xichen pouco queria saber. Sua família estava por trás do sumiço do homem que amava. Ele tinha cumprido tudo. Ele cedeu a tudo. Por que ficaram contra ele no seu único pedido?

Shuoyue voou em sua direção numa velocidade surreal, os olhos injetados de ódio ainda sorriam como um diabo. Ele não desistiria facil. Não seriam suas palavras a para-lo.

"Morra" a voz fria atravessou o salão.

Desviar da espada foi complicado devido aos seus ferimentos. Mas um passo em falso o levou para a mão de alguém que sorria muito contente para o crime que cometia.

"Morra" ouviu novamente, mas não era seu irmão que falava.

O sangue escorreu pela sua boca, seu interior se contraiu e por muito pouco seu núcleo não foi totalmente destruído. A energia ja não lhe fluía bem. Quando ergueu sua cabeça novamente viu a silhueta de seu irmão se aproximando.

"Morra"

Fechou os olhos esperando o golpe que não veio. Abriu os olhos e piscou varias vezes até entender que estava sonhando. Seu peito subia e descia bem rápido e um pouco de suor escorria de sua testa. Olhou para a cama ao lado e agradeceu por Jingyi ainda estar dormindo. Tateou a cama até encontrar sua fita, sentou e a colocou alinhada em sua testa. Levantou, buscou um manto e saiu do quarto. 

Estranhamente a porta da sala estava aberta, andou até a ela e não encontrou ninguém do lado de fora. Na parte cima podia ouvir o ressonar baixo de Sizhui, indicando que estava na casa. Procurou mais um pouco e depois de não ver nada, decidiu sair para espairecer a mente. Seu quadril reclamou um pouco, mas conseguiu seguir o caminho na neve. Era a primeira vez que ousava sair da casa. Era incrível a sensação de outra textura em seus pés. Apreciou um pouco a nova sensação, sentou no batente para calçar os sapatos, se aproximou de maçãzinha e depois de acariciar sua crista, perguntou quem saiu e parecendo entende-lo, o burro mostrou o rastro na neve, indicando para onde o Lan deveria ir. Wangji agradeceu e seguiu.

No fim daquela pequena trilha, Wei Ying observava o céu estrelado segurando uma jarra de porcelana em uma mão e girando a flauta na outra. Wangji ja havia visto ela de relance antes, mas nunca conseguiu vê-la de perto ou teve oportunidade para perguntar sobre. Sentia uma energia sinistra ao redor do instrumento.

- Ah, Lan Zhan - saudou o olhando por cima do ombro - Pensei que tinha dito para não se esforçar.

- Estou bem - terminou o caminho, parando ao seu lado. O cheiro da garrafa entrou em suas narinas e o fez erguer uma sobrancelha - Álcool?

- As vezes bebo alguns goles - ofereceu a jarra - Aceita? Ajuda a distrair a mente.

- Não bebo.

- Uma pena - deu de ombros, dando um gole na bebida - O que faz aqui, segundo mestre Lan? Perdeu o sono?

- Não - ficou olhando para frente - Tive um sonho ruim.

- Oh, deseja que eu o coloque em meus braços para nina-lo? - brincou, ja rindo imaginando a faceta do Lan, mas para sua surpresa Wangji parecia olha-lo com expectativa - Talvez um chá? Pode te ajudar.

ConvivênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora