Xingchen olhava com divertimento a agonia não demonstrada de Wangji que não tinha saído da varanda desde que terminou os afazeres domésticos. Wei Ying não havia retornado no dia anterior como mencionou e isso deixou o Lan agoniado. Sua culpa corroía a parte de dever não cumprido. Estava sendo pior que leviano ao omitir a vergonha que sentia.
Xiao Xingchen observou atentamente o desenrolar de emoções ocultas naquela face inabalável, mas de olhos tão expressivos. Ele pouco aceitou a ajuda que o Xiao veio oferecer, parecia mais interessado em esperar do lado de fora.
Quando precisou retornar, instruiu Sizhui a levar Jingyi para a encosta e o ensinar como mexer nas plantações sem danificar o solo ou a proteção. Disse a Wangji para ele usar aquelas horas sozinho para refletir bem, não o obrigando a nada.
- Ele confia em seu caráter, não precisa ficar ansioso - aconselhou - Descanse, coma bem, ele vai voltar.
- Não posso ir? - se referiu aos meninos.
- Não, seu corpo não esta curado.
O olhar baixo se fundia com a incerteza sobre suas próprias ações.
- Lan Wangji, ele não esta te cobrando. Embora chateado, ele entende. Não faça nada ousado, não faça com que o esforço dele seja em vão.
- Hm.
Fizeram uma troca de olhar significativa antes de se despedirem. Ao longe puderam ver os adolescentes se afastando com o burrinho. Xingchen riu, lembrando de si mesmo subindo a encosta com Song Lan e Wuxian.
- O mestre Wei Changze nos ensinou como andar pelos terraços e a importância das plantações na encosta - apontou na direção que os meninos iam - Foi graças a ele que não houve um desmoronamento.
- Eles ajudaram tanto, por que o odeiam?
- Odeiam não ter controle sobre ele. Odeiam saber que estão a mercê. Odeiam saber que essa terra pertence a ele - Wangji o olhou confuso - Sabe onde esta, mestre Lan? - ele negou com a cabeça - Sabe como chegou aqui? - novamente negou - A terra morta de Liudiwei - contou e esperou o Lan ligar os pontos - Descanse, mestre Lan. Os meninos voltam em algumas horas.
Wangji se viu sozinho na casa, estático e desorientado. O que ouviu fazia muito sentido, ao mesmo tempo que sanava algumas duvidas, contudo ainda não explicava como tinha chego ali. Lembrava claramente de estar cuspindo sangue enquanto era apoiado por Qiren que lhe dava ordens sobre voar na direção de... Colocou a mão na boca desacreditado. Suiyn. Foi isso que seu tio disse. Vá para Suiyn. Nunca tinha ido la, nem sabia sua direção, mas voou o quanto conseguiu antes de perder as ultimas forças que tinha.
Entrou na casa, foi até o quarto, tirou a fita e ficou a observando.
Ele reconhecia que ela era importante para sua seita. A mãe tinha um amigo que se vestia parecido. Qiren foi o único a mencionar aquele lugar. Seu tio costumava viajar por algumas semanas quando era pequeno.
Massageou os olhos e as laterais de seu rosto quando entendeu aquilo. Sentiu sua cabeça tontear e seu corpo fraquejar. Deitou um pouco, colocando a mão em seu peito para acalmar seus batimentos.
Qiren estava sendo mantido preso. Por que? Por acaso Xichen sabia que o velho Lan os mandaria para la e estava tentando arrancar a informação dele? Ou ele sabia que o tio escondia algo a mais do que a localização do sobrinho?
Sua mente deu voltas e voltas tentando encontrar uma forma de ligar tudo e entender se foi armado ou apenas uma coincidência inoportuna. Acabou adormecendo e só acordou quando uma mão fria encostou em sua bochecha. Segurou a mão e a manteve firme onde estava. Abriu os olhos devagar e um pouco ofegante chamou pelo homem que o observava.
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Convivência
FanficWei Wuxian e seu filho voltavam para casa em meio a uma nevasca, quando encontraram dois corpos quase sem vida cobertos de neve. Decidiram leva-los para trata-los e durante a recuperação e convivência, acabaram criando laços muito maiores do que dev...