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Aproveitando a melhora do tio, Jingyi convidou Wangji para acompanha-lo em uma "aventura" com Sizhui. Nada mais era do que visitar as tocas e encontrar o buraco que os dois fujões saíram e se mais também conseguiram escapar. Obviamente Wangji gostou do convite e como Wuxian não estava por perto, seguiu os meninos. Jingyi e Sizhui puxaram o pequeno trenó de madeira que continham algumas rações que poderiam servir caso encontrassem um bichinho perdido. A caminhada foi mais lenta devido a estarem seguindo o ritmo do Lan mais velho. Wuxian até podia ter liberado seus passos, mas deixou claro que se ele voltasse a se machucar, o deixaria ficar com dor por 3 dias.

Jingyi em certo ponto decidiu soltar a corda e correr pela neve. Gritou para o tio o olhar e mostrou com empolgação o que havia aprendido com Wuxian e treinado com Sizhui. Sua afinidade com gelo e agua ajudou muito no seu desenvolver, mas como seu núcleo não tinha tanta força, não podia fazer nada muito grande, nem manter por tanto tempo.

Sem dar tempo de Wangji elogiar ou criticar, Sizhui soltou a corda e bateu palmas, enaltecendo a melhora de Jingyi. O jovem Lan ficou envergonhado, mas agradeceu. De fato tinha aperfeiçoado bastante o uso da técnica, só faltava o núcleo estar em perfeitas condições e ele conseguiria ter controle total.

Wangji, sem oportunidade de dar sua opinião - principalmente por não ter visto o desenvolvimento - se viu sendo ignorado pelo sobrinho que parecia só se importar com o elogio de Sizhui. Continuaram o caminho até as tocas e notaram que pelo menos 5 delas estavam abertas. Sizhui reiterou que seu pai não ficaria feliz em saber daquilo, mas como faltava pouco para neve começar a derreter, desejou apenas que eles não fossem encontrados. Wangji estava pronto para perguntar por que, mas vozes desconhecidas começaram a se aproximar. 

Abaixo deles havia uma estrada simples onde duas mulheres passavam com cestas em suas costas. Elas conversavam sobre algo que viram próximo ao lago e não notaram que era observadas. Era a primeira vez que Wangji e Jingyi viam pessoas do vilarejo e eles pareciam tão comuns.

- Oh, é a esposa do mercador - Sizhui falou - Ela não sai para procurar comida, que estranho.

- Estranho é vê-los por aqui, não? - Jingyi perguntou.

- Sim, normalmente a parte do lago que eles procuram fica naquela ponta la - apontou uma mancha branca e azul no horizonte - É um lago bem extenso, então é facil não cruzar com eles.

- Eles não gostam de você por que é filho do mestre Wei?

- Também.

Wangji seguiu os movimentos de Sizhui e procurou pelos bichinhos para coloca-los de volta no lugar. Brincaram com a sorte da dupla adotada, observando que certos coelhos haviam desaparecido, ou seja, foram caçados.

- Eles se multiplicam rápido - Sizhui deu de ombros colocando a comida dentro da toca e fechando a entrada - Para la tem ursos, doninhas e marmotas - apontou para a direita - Para ca, as raposas costumam gostar de se abrigar. Tem fazendinhas por perto. Lao-Xin é um dos poucos que conversam conosco sem se importar com os demais. É com eles que pegamos galinha e codorna.

- Por isso as raposa gostam daqui - Jingyi concluiu.

Sizhui mostrou a Wangji como fazer a geada para que ele praticasse. Assim eles iam distribuindo comida e realocando os fugitivos. Acabaram por encontrar um filhote de urso agonizando e mesmo que conseguissem salvar, ele não viveria muito e sentiria muita dor até perecer.

- Todos nós fazemos parte de um grande ciclo - sussurrou colocando a mão na ferida - Ele vai ficar bem - falou olhando para frente onde a mamãe urso estava observando-os - Eu vou guia-lo - comunicou e os olhos dela suavizaram. Passou alguns segundos olhando o filhote, depois rugiu chamando os outros dois, deu as costas e partiu - Ei garotão, vai ficar tudo bem - sussurrava para acalma-lo - Pode ver os pontos brancos, não é? São bonitos? - ia conversando enquanto puxava suavemente a energia de seu corpo - Quer brincar com eles? - o filhote ofegava com ansiedade - Vai la, pega eles - sugeriu em tom brincalhão.

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