4- Destino

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-Lauren

- Vamos, antes que escureça completamente - sugere Manuela, e começamos a descer com cuidado pelas rochas e a areia, mantendo os olhos abertos para qualquer sinal de perigo.

Começamos a passar nossas coisas da van para o barco. A sensação de normalidade que eu sentia era um alívio raro desde o apocalipse. A ideia de ir para a ilha me enchia de esperança. Sentia que, finalmente, poderia haver uma chance de recomeçar.

— Jesus Cristo — Camila exclama, e seu olhar é fixo no horizonte. Olho na direção que ela aponta e vejo um grupo de pessoas correndo em nossa direção.

— Manu, deixe o resto das coisas na van! Precisamos ir agora! — grito para as meninas, tentando manter a calma enquanto o pânico começa a se instalar.

— Se apresse! Soltem as cordas e liguem o motor! — Dinah grita, com a voz cheia de urgência.

O grupo de pessoas está se aproximando rapidamente e começa a subir no barco. Eu sinto raiva ao ver Bil e seus irmãos entre eles. Aqueles canalhas devem ter encontrado nossa localização de alguma forma.

— Lauren, vamos descer! Este barco é um FS320 Elite, não aguenta mais que 15 pessoas. Vai afundar! — Camila diz, desesperada, enquanto me entrega um colete salva-vidas e me empurra para fora do barco.

Ouço o som do motor sendo ligado. Logo, sinto o barco começar a se mover rapidamente, seu deslocamento violento fazendo com que a água se agite ao redor de nós. O barulho do motor é ensurdecedor, abafando o som das ondas e dos gritos distantes. As pessoas a bordo parecem alheias à nossa presença, como se estivéssemos invisíveis para elas.

— Não dá pra pular, o barco está em alta velocidade! — Dinah protesta, o medo estampado em seu rosto.

As pessoas estão gritando, sem noção do que estão fazendo. A humanidade se tornou uma sombra do que era. Meu coração acelera com a ideia de que podemos morrer ali.

— É isso ou morrer! — Manuela grita, decidida. Ela pula na água, e Camila me empurra logo em seguida.

O impacto com a água é frio e brutal. Por um momento, me sinto afundar, e a água invade meus pulmões. Sinto Dinah me puxar para cima.

— Calma aí, farinha, vamos voltar! — ela diz, mas eu nego, desesperada.

— Perdemos tudo! Todos os mantimentos, tudo o que tínhamos... Não há mais o que fazer — digo entre lágrimas, a frustração e a dor evidente na minha voz.
A sensação de desamparo é esmagadora, enquanto nos esforçamos para manter a cabeça acima da água, observando o barco se afastar cada vez mais.
Camila, com determinação, joga água fria em meu rosto para me trazer de volta à realidade.

— Pare de chorar, Lauren. Nós estamos vivas, e é isso que importa! — ela diz, sua voz firme.

Ouço gritos ao fundo e vejo o barco afundando lentamente. O desespero toma conta enquanto o reflexo das chamas ilumina o céu escurecido.

— Me sinto um pouco melhor agora! — Normani diz, olhando para o que resta do barco com uma mistura de alívio e tristeza.

Com a visibilidade se tornando cada vez mais difícil à medida que o dia chega ao fim, começamos a nadar de volta para a praia. Cada braçada na água gelada é uma luta pela sobrevivência.

Chegamos à praia e o frio cortante e o vento forte fazem meus queixos baterem descontroladamente. O som das ondas e do vento é constantemente interrompido pelo murmúrio distante de zumbis se aproximando, provavelmente atraídos pelo barulho do motor e pela nossa presença. Com o coração acelerado, nos apressamos em direção à van.

Renascer - camren Onde histórias criam vida. Descubra agora