8- Harmonia

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Lauren

Os dias na fazenda se passaram com tranquilidade, e isso me deixa de certa forma esperançosa por um futuro estruturado. A rotina aqui é simples, mas há um conforto nas pequenas coisas, o barulho do vento nas árvores, o cheiro de terra molhada, e o som distante dos animais que se tornam uma espécie de trilha sonora para o nosso novo normal.

Desde a noite em que beijei Camila, tenho evitado falar desse assunto com ela. Um romance no meio do apocalipse tem tudo para dar errado e, sinceramente, não estou disposta a perder ninguém. Pode ser egoísmo, mas por enquanto minhas amigas são tudo que tenho, e farei o possível para protegê-las. A ideia de arriscar tudo por um sentimento que pode ser passageiro me assusta, e por isso prefiro manter as coisas como estão.

- Lauren, você pode ajudar Camila no galinheiro? - Ally perguntou, aproximando-se com uma expressão de preocupação maternal. Levantei-me do pequeno balanço de madeira, que havia se tornado meu refúgio pessoal nas horas livres.

Ally tem sido como uma mãe para nós. Ela nos ensinou tudo que precisávamos saber para viver na fazenda, desde o cultivo da horta até a construção de cercas. Claro que a infraestrutura do local, com suas construções robustas e sistemas de água, torna tudo mais autossuficiente. No entanto, acredito que estamos nos saindo bem, e isso nos dá uma sensação de normalidade.

- Claro - respondi, sorrindo enquanto me levantava e caminhava em direção ao galinheiro com passos tranquilos.

Ao me aproximar, observei Camila correndo atrás de um galo que parecia ter se tornado o seu inimigo pessoal. A cena me fez gargalhar, o que atraiu imediatamente sua atenção irritada.

- Olha o que você fez, eu estava quase conseguindo! - exclamou, exasperada, e eu entrei no galinheiro com cuidado, tentando não provocar mais risos.

- Você estava longe de conseguir pegar ele, Camila - disse, e ela bufou com frustração.

O galo estava empoleirado em um canto, olhando-nos com uma mistura de desafio e medo. Com um movimento ágil e cuidadoso, aproximei-me dele e o segurei pelas asas.

- Sempre experiente quando se trata de galinhas, né, Lauren? - Camila disse com desdém, e eu revirei os olhos, tentando não deixar que sua atitude me abalasse.

- É questão de prática - respondi, com um sorriso no rosto, enquanto começava a ajeitar o galo

- E você vai conseguir pegar um desses um dia, só precisa de um pouco mais de paciência. - eu completo

Caminhamos em silêncio em direção à cozinha, onde Manu e Normani conversavam animadamente sobre algum assunto aleatório, com gestos amplos e risadas ocasionais. A cozinha estava bem iluminada, e o aroma dos pratos que Manu preparava começava a invadir o ambiente, misturando-se ao cheiro fresco do ar.

- Olha o que temos aqui - eu digo, apontando para o galo que eu segurava com cuidado.

- Nossa, eu estava contando os dias para comer esse garnisé - Manu diz, seus olhos brilhando com entusiasmo enquanto se aproxima do galo, como se estivesse observando uma verdadeira iguaria. Seu entusiasmo é contagiante, e eu não consigo deixar de sorrir. Talvez fosse o desejo de grávida falando, ou apenas a excitação de uma boa refeição.

- Camila fez um ótimo trabalho! - eu completo, lançando um olhar de aprovação para Camila, que estava ao nosso lado. No entanto, ela me lança um olhar mortal que me faz sentir um frio na espinha.

- Você está aprendendo rápido, Mila - Normani diz, sorrindo e batendo suavemente no ombro de Camila, que responde com um leve aceno de cabeça.

Então, Camila se vira e faz um gesto sutil para que eu a acompanhe, seu semblante agora carregado de frustração. Sigo-a em silêncio, sentindo-me confusa sobre por que ela gostaria de falar comigo a sós. Seus passos são apressados e firmes, e a tensão no ar aumenta à medida que nos aproximamos da pequena casa de grãos, uma estrutura simples que fica a uma distância segura da casa principal.

Renascer - camren Onde histórias criam vida. Descubra agora