5- Esperança

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Lauren

Fazia algumas horas que eu aguardava Camila. A van estava quentinha, e eu me encontrava abraçada com ela, tentando aquecê-la, torcendo para que ela estivesse bem. Eu realmente não quero perdê-la; passamos por tantas coisas juntas no passado. Camila se apaixonou por mim primeiro e, com o tempo, eu também comecei a vê-la com outros olhos. No entanto, nosso romance não durou muito. Éramos jovens, inexperientes e deslumbradas. A pressão das pessoas ao nosso redor, o medo do preconceito e a crítica constante acabaram nos afastando.

Não me julgue, mas as pessoas me viam como a "alfa", a mulher que "influenciou" a doce e adorável Camila. Mal sabem elas que foi Camila quem me conquistou com seu jeito sincero e seu amor genuíno. Nosso amor era puro e lindo, mas o mundo ao nosso redor parecia determinado a estragá-lo. Eu carreguei traumas por muito tempo; quantas vezes chorei e quantas vezes escrevi para Camila, sentindo sua falta, a falta da minha amiga, minha companheira, e minha mulher.

Esses anos de separação me fizeram amadurecer. A dor foi diminuindo com o tempo e, eventualmente, aprendi a lidar com a ausência dela. Envolvi-me com outras pessoas, segui minha vida, tentando ignorar Camila e os sentimentos que ainda carregava por ela. E, de repente, aqui estou eu, abraçada com ela novamente, com um medo palpável pela sua vida. Talvez o destino esteja nos oferecendo uma segunda chance, uma oportunidade para finalmente fechar o ciclo de desavenças e encontrar a paz que tanto almejamos.

- No que tanto pensa? - ouço a voz baixa de Camila e me sento rapidamente, com um susto.

- Camila, como você se sente? Está com dor? Guardei comida pra você! - eu digo apressada, colocando minhas mãos em sua testa para verificar sua temperatura. Camila ri suavemente.

- Calma aí, Lauren, eu estou bem! Obrigada por cuidar de mim - ela diz, o sorriso dela me trazendo um alívio instantâneo.

- Que bom que está bem, eu fiquei tão preocupada - digo com sinceridade, e ela se senta com dificuldade, ajeitando os cobertores ao seu redor.

- Morrer antes de retocar minha descoloração ou trocar a cor do meu cabelo? Jamais - ela diz, rindo, e eu dou um tapa leve no braço dela, sorrindo também.

- Você me assustou! - eu digo, ainda rindo, enquanto entrego os espetinhos de frutos do mar que havíamos feito, junto com uma garrafinha de suco natural que eu havia escondido especialmente para ela, pois era o último que tínhamos encontrado.

Ela comeu em silêncio, com um prazer visível em cada mordida. Às vezes, ela soltava pequenos sons de aprovação. Quando terminou, olhou ao redor com um olhar curioso, como se estivesse procurando algo.

- Elas estão lá fora - digo, apontando para a saída, e ela assente, esforçando-se para se levantar. Eu a sigo, silenciosa, enquanto ela se dirige para onde nossas amigas estão.

- Mila, que susto você nos deu - Normani diz, abraçando-a com carinho. Logo, as meninas se aproximam, todas com expressões de alívio e preocupação.

- Eu estou muito melhor agora, depois de comer e beber meu suco. Não sabia que vocês tinham encontrado frutas por aqui - ela comenta, com um brilho de felicidade nos olhos. As meninas me olham com um misto de curiosidade e reprovação.

- Lauren, você escondeu frutas para dar pra Camila? Que vagabunda! - Dinah diz, emburrada, e eu sinto minhas bochechas esquentarem enquanto Camila me olha com uma expressão divertida.

- Ela estava doentinha, e só tinha uma garrafinha de suco natural - eu digo, ruborizada. Camila sorri com um olhar cheio de gratidão.

- Lauren, você nem disfarça, né? - Manuela diz, balançando a cabeça com um sorriso.

Renascer - camren Onde histórias criam vida. Descubra agora