Renascer - camren

24- Xerife

Lauren

Utopia resume minha atual realidade. Uma sociedade dos sonhos? Talvez. Caminhando pelas ruas limpas dessa pequena cidade isolada, me pergunto quanto tempo isso vai durar. Pra sempre? Difícil de acreditar, principalmente depois de tudo o que vivemos. Mas, por enquanto, essa sensação de paz parece tangível, quase surreal, como um oásis no meio de um deserto de caos.

Vivemos em uma ilha distante, longe de qualquer ameaça de zumbis. O oceano, vasto e protetor, nos cerca como um escudo natural, mantendo à distância o mundo que desmoronou lá fora. Aqui, a cidade é pequena, mas cheia de vida, vibrante de um jeito único. As casas, todas autosuficientes, funcionam de maneira impecável. Cada uma possui um sistema avançado de energia solar e eólica, garantindo luz e aquecimento sem depender de recursos externos. A água é captada da chuva e filtrada por sistemas ecológicos, enquanto o lixo é cuidadosamente reciclado e reaproveitado, eliminando qualquer desperdício. Não há esgoto a céu aberto, nem poluição. Tudo é pensado para ser sustentável, o equilíbrio com a natureza é a nossa maior prioridade.

As ruas são impecavelmente limpas, não por algum sistema automatizado, mas porque todos nós temos um papel. Cada pessoa contribui de alguma forma para a sociedade, seja plantando alimentos em nossas hortas comunitárias, consertando equipamentos ou oferecendo ajuda nas áreas de saúde e educação. Não há ociosidade aqui; todos têm algo a fazer, e esse senso de propósito é o que mantém a comunidade unida e funcionando.

As crianças correm pelas ruas, seguras e livres, brincando como se o mundo lá fora jamais tivesse conhecido destruição. As escolas ensinam mais do que o básico: falam sobre sobrevivência, convivência e a importância de preservar o que temos. Ninguém aqui se importa mais com títulos ou status; o que importa é o que você pode oferecer à comunidade, o que você pode fazer para tornar esse lugar um pouco melhor.

Em cada esquina, há pequenas praças arborizadas, onde as pessoas se reúnem ao final do dia para conversar, tocar música, compartilhar histórias. É um ritmo de vida simples e é difícil acreditar que um dia tudo isso poderia acabar. Mesmo assim, uma dúvida sempre paira no fundo da minha mente: por quanto tempo essa paz vai durar?

A vida em uma utopia, mesmo em um mundo pós-apocalíptico, parece frágil. Sabemos que a ameaça pode sempre voltar, que o que temos pode se desmanchar como areia ao vento. Mas, por enquanto, aqui estamos – vivendo o sonho de uma sociedade ideal. 

Camila e Dinah decidiram permanecer nas forças armadas, ocupando posições de comando. Elas são a linha de defesa da comunidade, como uma espécie xerife, mantendo todos protegidos e garantindo que a paz prevaleça. Com sua determinação e habilidades de liderança, elas fazem questão de que nada — nem zumbis, nem qualquer outra ameaça — chegue perto de nós.

Denis, por sua vez, assumiu um papel mais político, como uma espécie de prefeito. Ele, junto com uma equipe de conselheiros, trabalha incansavelmente em ideias para melhorar nosso mundo, pensando em maneiras de otimizar nossos recursos e tornar a vida aqui mais harmoniosa e sustentável. Sob sua liderança, a comunidade prospera e cada decisão parece ser um passo em direção a um futuro melhor.

Manu escolheu a área médica. Sempre apaixonada por ajudar os outros, ela agora estuda com os médicos e cientistas da ilha, aprimorando seus conhecimentos para, em breve, poder exercer a profissão de maneira plena. Ela é dedicada e está sempre presente no hospital, buscando novas formas de tratar e curar, com a esperança de que, um dia, a ciência possa nos ajudar a reverter os efeitos devastadores que o mundo enfrentou.

E eu... sou professora. Talvez não tenha o prestígio de quem está nas forças armadas ou de quem salva vidas no hospital, mas encontrei meu lugar aqui. Meu papel é preparar o futuro. Cuido das crianças, ensino-as sobre o mundo, não só o que sobrou dele, mas também sobre como construir um futuro melhor. Na sala de aula, tento fazer com que elas entendam que, mesmo em meio ao caos, ainda existe beleza e esperança. Cada dia com elas é um lembrete de que a educação é o alicerce de qualquer sociedade.