12- Luxo

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Lauren

Sabe aquela sensação de que você não é mais você? A cada dia que passa, sinto como se tivesse perdido a essência de quem eu sou. Viver se tornou um processo estranho e desconcertante. É irônico e, de certa forma, até ingrato, dependendo da perspectiva que se adote. Mesmo no apocalipse, encontro-me em uma posição relativamente segura: tenho comida, roupas, e meus amigos ao meu lado. Consigo dormir sem muitas preocupações, o que, em comparação com a maioria, me faz parecer uma privilegiada. No entanto, é estranho porque essa não é exatamente a sensação que tenho.

A vida, às vezes, é uma peça cruel. Se há um ano eu dissesse que veria Camila Cabello correndo atrás de uma galinha para a nossa refeição seria uma cena comum, todos teriam dado risada. Da mesma forma, nunca imaginei ver Dinah lavando roupas no rio, sua expressão de determinação misturada com a dificuldade da tarefa. Tudo isso é tão surreal que parece um conto de ficção científica, uma comédia absurda e desconcertante onde eu sou a protagonista involuntária. A realidade se distorce e, por mais que eu tente me ajustar, a sensação de deslocamento persiste, como se o mundo à minha volta estivesse girando fora do meu controle.

- Uma manga pelos seus pensamentos - Camila diz, se sentando ao meu lado com duas mangas na mão. Ela me oferece uma delas, e o aroma doce e fresco da fruta preenche o ar.

- Estou pensando em como temos sorte. Como conseguiu essas frutas? - pergunto, pegando a manga com gratidão.

- Normani subiu na árvore e pegou - ela responde, e eu dou um sorriso ao imaginar a cena. Vejo Normani com seu jeito destemido, balançando-se na árvore como uma acrobata para alcançar os frutos.

- A propósito, tenho um assunto sério para discutir com você - Camila diz, sua expressão mudando de relaxada para grave de repente. Eu ajeito minha postura, sentindo o peso da seriedade em suas palavras.

- Pode falar - digo, a tensão fazendo minha voz sair um pouco mais áspera do que eu pretendia.

- Encontramos um homem rondando as cercas - ela revela, e meus olhos se arregalam em choque.

- Quem é ele? Onde ele está? - pergunto, a inquietação se espalhando pelo meu corpo.

- Dinah deu um soco na cara dele e nós trouxemos ele para cá. Ainda não sabemos nada sobre ele - Camila responde de forma direta, como se estivesse descrevendo um evento cotidiano. Sua expressão permanece impassível.

- Me leve até ele - peço, minha mente já girando com possíveis cenários e o que poderia significar a presença desse homem. Camila se levanta e eu a sigo até a varanda.

Quando chegamos lá, vejo o homem desacordado, amarrado a uma cadeira de madeira rústica. Seus cabelos, desgrenhados e sujos, caem sobre seu rosto. O golpe recente está visível em seu rosto.

- Há quanto tempo ele está assim? - pergunto, olhando para Camila. Ela dá de ombros, claramente incerta.

Camila então pega um balde de água que estava ao lado e o lança na cara de Denis, que acorda assustado, engasgando e tossindo enquanto tenta se recuperar da surpresa.

- Cê quer me matar afogado, mulher? - o desconhecido pergunta, seu tom é um misto de irritação e alívio.

- Eu bem que poderia - Camila responde com um tom ameaçador, seu olhar penetrante fixo no homem.

- Quem é você e de onde você veio? - Dinah pergunta, sua expressão firme e inquisitiva enquanto observa o coroa com desconfiança.

- Eu sou o Denis, sou do Brasil - ele diz, forçando um sorriso amarelo que não consegue disfarçar seu desconforto.

Renascer - camren Onde histórias criam vida. Descubra agora