21- Utopia

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Lauren

Utopia - sociedade imaginária que possuiria qualidades altamente desejáveis ou quase perfeitas para os seus cidadãos.


Seria possível sonhar com uma vida assim? Uma vida tranquila, digna e justa, longe desse caos que nos rodeia.

Recentemente, isso tem tomado meus
pensamentos e invadido meus sonhos, como uma sombra persistente que nunca me abandona. Seria possível sobreviver após um apocalipse? O que seria da raça humana, ou melhor, de nossa essência? Entraríamos em extinção em alguns anos, reduzidos a fragmentos de lembranças que o vento carrega para o esquecimento?

Mas tudo que sei, no fundo da minha alma, é que eu quero viver. Eu quero lutar até o fim. Não se trata apenas de sobreviver, mas de existir com propósito. Desejo mais do que apenas passar por esses dias sombrios. Quero um futuro. Quero estar ao lado de Camila, sentir a energia dela, ver aquele sorriso que me dá forças nos momentos mais desesperadores.

Imagino-a cantando suavemente, dedilhando as cordas do violão enquanto o som melancólico preenche o ar ao nosso redor, e eu me permito relaxar, tomando um gole de vinho, sentindo o calor do álcool me acalmar. É nessas pequenas visões de um amanhã que encontro motivo para resistir.

O que seria a vida sem os sonhos e devaneios? Eles são, ironicamente, a coisa mais real que resta, enquanto tudo ao redor se desmorona.

Suspiro, afastando esses pensamentos. Volto minha atenção para o portão. Estou de vigia, e não posso me dar ao luxo de distrações. Tenho que garantir que nenhum zumbi atravesse essas grades.

Na escuridão silenciosa da madrugada, o som urgente da voz de Ally cortou o ar frio e úmido como uma faca. Meus olhos se abriram imediatamente, o cansaço se dissipando em um segundo. Ao meu lado, Dinah estava meio acordada, tentando entender o que estava acontecendo.

— Não vou mais conseguir segurar, vai nascer — Ally disse, com lágrimas escorrendo pelo rosto suado. Sua voz era uma mistura de medo e dor.

O pânico começou a se espalhar dentro de mim, mas fiz o meu melhor para mantê-lo sob controle. Eu sabia que esse era um momento crítico e precisávamos estar prontos. Corri para o acampamento improvisado, as sombras das árvores projetando formas distorcidas à luz da lua. O barulho dos meus passos parecia ecoar na floresta, um som estranho e solitário.

Acordei o pessoal, tentando ser o mais calma e eficaz possível, com exceção de Denis, que roncava profundamente. Ele precisava descansar para pilotar. Eu sabia que acordá-lo agora seria um erro, então o deixei onde estava, sem mover um músculo.

— Peguei o kit de primeiros socorros, Ally vai ter o bebê — eu disse a Camila, que se sentou rapidamente, com a cara amassada e o cabelo desgrenhado. Ela piscou algumas vezes, tentando processar o que eu havia acabado de dizer.

Imediatamente, ela se levantou, a sonolência desaparecendo do rosto, sendo substituída por foco. Sem perder tempo, Camila foi em busca do kit de primeiros socorros. Ela retornou em segundos, respirando rápido, como se tivesse corrido uma maratona.

— Achei! — disse Camila, jogando o kit para mim. — Onde ela está?

— Ali, perto da fogueira, atrás das barracas — respondi, começando a caminhar rapidamente na direção que havia indicado.

Ao nos aproximarmos de Ally, percebemos que sua respiração estava rápida e irregular. Dinah já estava ao seu lado, segurando sua mão, tentando acalmá-la.

— Vai ficar tudo bem, estamos aqui com você — Dinah sussurrou, embora a preocupação fosse evidente em seus olhos.

O som de um galho quebrando ao longe nos fez congelar por um segundo. Meus olhos varreram a escuridão, tentando detectar qualquer movimento. Os zumbis eram uma ameaça constante, e este era o pior momento para um encontro.

Renascer - camren Onde histórias criam vida. Descubra agora