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𝐌𝐘 𝐒𝐀𝐕𝐈𝐎𝐑🫂
Sexta feira a noite...
Eu mal consigo ouvir meus próprios pensamentos com a música alta. Entrei na festa com Júlia ao meu lado, mantendo um sorriso falso no rosto, como se isso fosse suficiente pra me enganar. Mas a verdade? Não estou nem perto de estar bem.
Já perdi a conta de quantos drinks tomei. Campari, vodka, tequila... Tudo misturado. Nenhum deles apaga o rosto dele da minha mente. Cada gole só reforça as lembranças, me fazendo lembrar do seu sorriso maldito, sua voz que eu quero tanto esquecer, é a única coisa que ecoa na minha cabeça, enquanto eu bebo para tentar tirá-lo da porra dos meus pensamentos.
- Amiga, pega leve, aí - Júlia tenta me segurar quando vou pegar outro copo. A preocupação dela me irrita mais do que ajuda.
- E por que caralhos eu deveria? - rosnei, sem esconder o rancor na minha voz.
Júlia me olha com aquele olhar de quem quer me salvar, mas eu não preciso ser salva. Estar longe dele me quebra, e eu ia afundar até o fundo do poço se isso significasse esquecer ele.
Ouço a música, e deixo meu corpo seguir o ritmo, dançando no meio da pista como se pudesse espantar a dor.
Fecho os olhos e me forço a me perder na música. Quem sabe se eu me mexesse rápido o suficiente, eu poderia deixar essa merda de sentimento para trás. Mas, no fundo, eu sabia que era inútil.
Ele tá em todos os cantos da minha mente, como uma maldita sombra que não me deixa em paz. Eu quero fingir que estou me divertindo, que não ligo, mas é tudo uma grande mentira.
Júlia me olha, preocupada, mas o que ela pode fazer? Eu não quero ajuda. Quero sentir tudo, cada gota de mágoa e raiva, porque a alternativa pior é: ficar remoendo o arrependimento.
Eu, perdida na música, tento me desligar de tudo, quando senti uma presença ao meu lado. Abro os olhos e vi um cara se aproximando. Ele não parece mau, mas tem algo na maneira como ele me olha que me faz sentir desconfortável.
- E aí, gata, tá sozinha? - ele pergunta, com aquele sorrisinho de quem tem intenções óbvias.
Revirei os olhos, ignoro e tento me concentrar na música, mas ele não desisti
- Qual foi? Vai ficar pagando de difícil? - Ele se aproxima ainda mais, e invade meu espaço. - Deixa eu te tirar dessa vibe aí, te levo pra um lugar melhor, o que acha?
Eu já estou de saco cheio de tudo, e esse cara é a última coisa que eu preciso.
- Some daqui, mano - eu falo, seca, nem me dou o trabalho de olhar pra ele direito. - Não tô a fim de papo, sai fora.
