Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
×
O som dos gritos e aplausos da torcida ecoava no ginásio, criando um ambiente elétrico enquanto o jogo se desenrolava em ritmo frenético. Brasil estava perdendo nas qualificatórias para a Bélgica e cada ponto perdido parecia pesar mais nos ombros da sua equipe. A pressão era imensa.
Você, como levantadora, tinha errado algumas passes que não costumava errar. Júlia, sua namorada, na posição de central estava sendo focada pelas belgas.
O placar mostrava 18 para a Bélgica e 13 para o Brasil.
O rally estava acirrado, com a bola sendo trocada rapidamente entre os dois times. Quando Nyeme recepcionou a bola na sua direção, ao invés de você levantar para a sua namorada, você tentou uma jogada arriscada, enviando a bola direto para o lado adversário da quadra, num segundo toque.
Até daria certo se a central do time belgo não estivesse atenta. O impacto foi imediato: ela pulou e devolveu a bola para o seu lado na quadra.
Júlia, que estava perto da rede, viu tudo acontecer em câmera lenta. A frustração já acumulada explodiu de uma vez.
— O que você tá fazendo, S/n? — ela gritou, o rosto vermelho de raiva. — Era só você levantar pra mim! Eu estava posicionada, porra!
Você suspira, fechando os olhos para tentar não discutir com a namorada. Ela estava muito nervosa e gritar com ela de volta não ia ajudar em nada.
— Eu tentei fazer o ponto! — você exclama, com a voz um pouco mais baixa. — Porra, eu quase consegui!
Júlia se aproxima de você, te encarando com um ódio desconhecido nos olhos. Ela não estava com ódio de você, longe disso, só estava se sentindo pressionada demais e acabou descontando na pessoa errada.
— Não é hora de inventar jogada! Você levanta e eu ataco, essa é a merda do plano!
— Vai se foder, porra, eu tô tentando fazer a droga do ponto! — você devolve, explodindo também. O jogo está parado por causa de vocês duas, mas aparentemente ninguém tem coragem de intervir.
— Você só tá atrapalhando. A gente não tem espaço pra erros, S/n! — ela retruca. Você bufa, passando por ela e trombando no seu ombro. — Faz o que tem que fazer.
— Eu tô fazendo. — você diz.
— Então faz direito. A gente tem que virar a droga do jogo. Eu tô tentando ganhar, mas parece que você tá jogando pro time delas, porra.
— Cala a boca, Júlia. — você manda, farta dessa discussão. — Se controla e volta pro jogo. Para de culpar as pessoas, porra.
— Vai se foder. — ela resmunga, voltando a posição inicial. Você bufa, a jogadora da equipe adversária prepara para sacar, esperando só o show entre você e Júlia acabar.
— Se continuar agindo assim, não vai sobrar ninguém do seu lado quando você precisar. — é o que você diz para encerrar a discussão. A equipe adversária finalmente saca a bola, Nyeme recepcionando com sucesso.
Você, em uma tentativa de se redimir com Júlia em silêncio, levanta a bola para a garota, que marca o ponto na paralela. Quando vocês se aproximam em um abraço grupal, ela sorri minimamente na sua direção, mas não diz nada.
No próximo rally, você tenta fazer a mesma coisa. Entretanto, numa tentativa de levantar a bola e distrair o bloqueio inimigo, você pousa errado no chão, sentindo uma dor aguda percorrer o tornozelo. Tudo que se ouve na quadra, além da torcida em euforia, é um grito da sua boca. Suas forças escapam das suas pernas e você cai de mau jeito.
O jogo para de imediato e você não tem opção de escolha a não ser ir para a enfermaria com a ajuda de alguns médicos, deixando Kudiess paralisada no meio da quadra, preocupada com a sua situação. Isso não poderia ter acontecido em um momento pior.
Não se passa mais do que vinte minutos quando você vê Júlia entrar na enfermaria. Você estava deitada na maca, um dos tênis no chão e uma bolsa de gelo sobre o tornozelo inchado e vermelho.
Seu olhar encontra o da sua namorada e por uns segundos, vocês ficam paradas se encarando, sem dizer nada.
Eventualmente ela dá alguns passos para dentro da enfermaria, analisando o seu estado.
— Desculpa. — murmura. Ela se aproxima o suficiente parar sentar na ponta da maca, perto da sua perna esticada, mas não o faz. — Eu fui uma idiota, eu não devia ter gritado com você daquele jeito. — a raiva de antes havia desaparecido, sendo substituída por uma culpa pesada.
— Perdemos o terceiro set? — você questiona. Júlia assente com a cabeça, finalmente se sentando na maca. Ela encara o chão.
— Eu estava frustada e nervosa, me desculpa.
Você solta um suspiro, encarando o perfil da sua namorada. Ela ainda não tem coragem para te olhar nos olhos.
— Eu sei. Tá tudo bem, eu também não devia ter inventado nenhuma jogada.
Lentamente, sua namorada levanta a cabeça para olhar para você.
— Eu coloquei muita pressão em você. Desculpa.
Você solta uma risadinha pela quantidade de desculpas que ela estava pedindo.
— Tudo bem, amor. — você pega a mão dela e aperta um pouco. — Volta lá, você ainda tem um set para ganhar.
Bélgica estava com dois sets contra um do Brasil. Sua namorada precisava do seu apoio mais do que nunca agora.
Ela se levanta e se aproxima de você, deixando um beijo rápido na sua boca e outro na sua cabeça.
