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Você era a filha mais nova do técnico da seleção Zé Roberto e dizer que você estava presente em todos os treinamentos do time não era necessário. Além de gostar de vôlei, você se interessava muito em ver Gabriela Guimarães sendo uma grande gostosa durante o treino.
Vocês duas tinham uma amizade bem interessante. Apesar de claramente haver interesse em ambas as partes, você nunca se beijaram. Não por falta de oportunidade, talvez falta de coragem.
Por sua parte, é claro. Gabi era a mulher mais sem vergonha na cara que você conhecia, e você gostava dela assim.
Durante uma pequena pausa para as garotas respirarem, você fez questão de entregar a elas garrafas de água e toalhas secas para secarem o rosto. Gabi se aproximou de você, um pouco suada e ofegante e não precisou dizer nada para você estender uma garrafinha na direção dela.
— Obrigada, princesa. — ela agradece, com aquele típico sorriso maroto no rosto. Gabi bebe um gole d'água e se aproxima um pouco mais de você. Próximo a vocês, o grupo das mulheres conversando não chama tanta a sua atenção como a capitã na sua frente. — Gostando do treino?
A pergunta dela é sincera, mas você vê uma oportunidade de provoca-la e não pode jogar fora.
— Você já foi melhor. — você diz. Gabi ergue as sobrancelhas, não esperando por essa resposta e outro sorriso começa a nascer nos lábios vermelhos dela. A mulher inclina levemente o rosto na sua direção, como se fosse para te contar um segredo.
— Você me deixa distraída.
Por um segundo você não sabe o que dizer. É sempre assim. Gabi sempre tem as palavras na ponta da língua enquanto você parece uma idiota com o rosto vermelho de vergonha.
— Não deveria. Você é a que eu menos presto atenção aqui. — você tenta, cruzando os braços.
Gabi somente ri da sua cara.
— Ah, claro. Desculpe, parecia que você ficava encarando a minha bunda durante todo o treino.
Ela fala isso tão tranquila que você fica indignada. Seu rosto esquenta ainda mais e você a empurra com a mão para se afastar.
— Você é sempre tão sem noção assim? — ela ri com a sua pergunta, aquela risada levemente rouca que te faz perder o rumo de casa.
— Nunca vi você reclamando.
— Tô reclamando agora.
Gabi olha para algo atrás dos seus ombros e volta a fitar seus olhos.
— Só porque seu pai tá por perto.
Você revira os olhos.
— Você é assim com todas as mulheres? — você questiona.
O sorriso dela se abre ainda mais.
— Se todas as mulheres forem você, então sim.
Você ouve alguns passos pesados atrás de você e antes que você tente olhar para ver quem é, seu pai aparece ao seu lado, os braços cruzados.
— Eu deveria te tirar do cargo de capitã? — ele pergunta, a olhando sério. Você segura uma risada. — Não é momento pra conversinha, Gabi, não me faça te tirar do cargo de favorita. — ele finaliza com um bufo.
Gabi levanta as mãos em rendição e começa a andar para longe, se aproximando das garotas. Zé te encara.
— O que foi? — você questiona, se sentindo desconfortável.
— Quer parar de flertar com a Gabi nos treinos?
— Mas eu não-
— Ela é oito anos mais velha que você! — ele diz, um pouco desacreditado. Você continua o olhando como se não enxergasse problema nisso, até que o mais velha bufa e nega com a cabeça. — Não quero ver vocês duas conversando mais.
— Pai, eu não sou uma criança.
— Posso não te trazer aos treinos mais. Você quem sabe.
— Ela é só a minha amiga!
— Eu também era amigo da sua mãe. — ele responde imediatamente. Apesar do tom duro, você sabe que ele só está tentando te proteger. Gabi é mulherenga e você sabe disso.
Você revira os olhos e começa a se afastar em direção a arquibancada vazia.
Gabi te encara com um sorriso e quando você olha para ela, tudo que a cacheada faz é rir e piscar um olho na sua direção.
Se seu pai achava que iria te impedir de ficar com Gabi, ele estava muito enganado.
