𝐳𝐨𝐧𝐚 𝐧𝐨𝐫𝐭𝐞, 𝟎𝟎𝟓

394 28 6
                                    

Point of view 🏝️
𝐊𝐀𝐓𝐀𝐑𝐈𝐍𝐀 𝐓𝐎𝐑𝐍𝐄

Na sexta-feira, o Rio de Janeiro estava mais agitado do que o normal. O sol brilhava alto e a cidade parecia pulsar com a energia de um fim de semana que prometia. Eu já estava de bom humor, pronta para mais um dia na faculdade, quando uma mensagem do Chico apareceu no meu celular:

"Bom dia, Ká! Sei que já saímos duas vezes essa semana, mas que tal fazermos algo diferente hoje? Tenho uma surpresa para você."

Eu ri sozinha, imaginando o que ele estaria aprontando dessa vez. Respondi:

"Claro.  Mas oque vc está aprontando?"

"Ah, se eu contar, perde a graça. Mas confia em mim. Vou te buscar às 18h. Vista algo confortável, ok?"

Passei o dia com uma mistura de ansiedade e empolgação, dividida entre as aulas e o pensamento no que me esperava à noite. A Nalu e a Larah ficaram sabendo da mensagem antes mesmo do intervalo, e passamos a manhã toda especulando o que poderia ser.

— Ele é um mistério, hein? — comentou Nalu, rindo.

— E você adora isso, né? — Larah acrescentou, me cutucando.

— Não vou mentir, tô curtindo sim. — admiti, sorrindo.

Quando deu 17h, corri para casa para me arrumar. Escolhi uma roupa confortável, como ele pediu: um short jeans, uma camiseta soltinha e tênis. O clima estava quente, mas havia uma brisa gostosa, típica do entardecer no Rio.

Chico chegou pontualmente, como sempre. Ele estava de camiseta branca, bermuda e óculos escuros. Assim que entrei no carro, ele me deu um sorriso daqueles que já me deixava à vontade.

— Pronta para a surpresa? — perguntou ele, acelerando o carro.

— Prontíssima! — respondi, tentando adivinhar o destino.

Enquanto ele dirigia, a gente conversava sobre coisas aleatórias. A conversa fluiu naturalmente, e eu percebia que, quanto mais o conhecia, mais ele me surpreendia. Logo, percebi que estávamos indo em direção à Zona Oeste, e minha curiosidade só aumentava.

— Ok, me dá uma dica? — pedi, já não aguentando mais de ansiedade.

— Hmm... — ele fez uma pausa dramática, fingindo pensar. — É um lugar onde você pode ver o Rio de uma forma diferente.

Essa resposta só me deixou mais intrigada. Quando finalmente paramos, percebi que estávamos na Pedra Bonita, um dos pontos turísticos mais bonitos e menos explorados do Rio. A trilha que levava até o topo era conhecida pelas vistas deslumbrantes.

— Sério? — perguntei, surpresa.

— Sério! — ele respondeu, com um sorriso orgulhoso. — Achei que seria legal te mostrar um dos meus lugares preferidos.

Começamos a subir a trilha, e logo estávamos cercados pela natureza. A caminhada era tranquila, e o tempo passou rápido enquanto conversávamos sobre as coisas mais aleatórias. No topo, a vista era de tirar o fôlego. Dava para ver a cidade inteira, as praias, o mar, tudo iluminado pela luz dourada do entardecer.

— Uau... — foi tudo o que consegui dizer.

— É incrível, né? — Chico comentou, ficando ao meu lado.

— Sim, demais. — concordei, virando para ele. — Obrigada por me trazer aqui.

Ele sorriu, e a gente ficou ali, em silêncio por um tempo, apenas apreciando a paisagem. Era um momento de paz, algo raro em meio à correria do dia a dia. Eu me senti conectada com ele de uma forma que não esperava, e isso me deixou um pouco assustada, mas ao mesmo tempo feliz.

Depois de algum tempo, ele tirou uma garrafa de água e dois sanduíches da mochila.

— Trouxe um lanchinho, porque sabia que a trilha ia abrir o apetite. — disse, entregando um dos sanduíches para mim.

— Você pensa em tudo, né? — brinquei, aceitando o lanche.

— Tento. — ele respondeu, rindo.

Comemos ali, no topo da pedra, enquanto o sol começava a se pôr. Era uma daquelas experiências que você sabe que vai lembrar para sempre. A simplicidade do momento, a companhia dele, tudo parecia perfeito.

Quando o sol finalmente se escondeu no horizonte, começamos a descer a trilha, agora sob a luz suave do início da noite. O caminho de volta foi tranquilo, e a sensação de estar ao lado dele, em silêncio, era reconfortante.

Quando finalmente chegamos ao carro, ele me olhou com aquele sorriso que eu já começava a reconhecer.

— Então, gostou da surpresa?

— Amei! — respondi, sem hesitar. — Foi uma das melhores noites que já tive.

— sabe, eu nunca traria nenhuma outra mulher aqui.

— oque? Porque?

— nunca senti vontade, mas nao poderia levar você nos lugares que eu estou acostumada a ir...

— que lugares você está acostumado a ir?

— lugares de baixa renda e qualidade duvidosa, acredito que vc nunca iria por os pes

— se enganou

— você comeria um podrão no calçadão comigo?

— nao importa o lugar chico! Oque importa e a companhia.

Ele não disse nada, apenas assentiu, satisfeito. No caminho de volta, não falamos muito, mas o silêncio entre nós era confortável. Quando ele me deixou em casa, nos despedimos com um abraço apertado e um beijo no rosto, como de costume, mas dessa vez, houve uma troca de olhares que dizia mais do que qualquer palavra.

Entrei em casa com o coração leve e a sensação de que algo especial estava realmente se desenvolvendo. Eu sabia que essa história com o Chico estava só começando, e mal podia esperar para ver onde ela nos levaria.

𝗭𝗢𝗡𝗔 𝗡𝗢𝗥𝗧𝗘 ✘ 𝗰𝗵𝗶𝗰𝗼 𝗺𝗼𝗲𝗱𝗮𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora