⚠️ROMANCE DARK⚠️
Alyssa desde cedo foi arrancada de suas origens, tirada de um mundo sombrio com uma nova oportunidade. E ela tinha tudo que poderia desejar, um pai que lhe era bom e uma meta em sua viva.
Mas então, em um piscar de olhos quando em u...
Pai (Pai), afasta de mim esse cálice (Pai), afasta de mim esse cálice (Pai), afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno Nem seja a vida um fato consumado (cálice, cálice) Quero inventar o meu próprio pecado (cálice, cálice) Quero morrer do meu próprio veneno (Pai) (cálice, cálice) Quero perder de vez tua cabeça (cálice) Minha cabeça perder teu juízo (cálice) Quero cheirar fumaça de óleo diesel (cálice) Me embriagar até que alguém me esqueça (cálice) -Cálice-
-Chico Buarque (part. Milton Nascimento)-
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Me sentia insegura. Mas também sabia que estava tomando a decisão certa, mesmo que isto me causasse receio.
Segurei Bella nos meus braços, tomando cuidado para não acordá-la após a viagem. Enquanto Lucca com um braço livre e outro segurando um Bernardo sonolento, colocou sua mão na minha cintura, me dando seu apoio silencioso.
Nós andamos pela pista de pouso, em direção ao carro que nos esperava.
Nós iríamos ficar por um tempo em uma das mansões que ele tinha em Salvador, por uma questão de segurança.
—Se quiser posso carregar a minha afilhada. Máximus se ofereceu de bom humor. E logo atrás dele estava Laura.
Máximus havia nos dito que precisava tirar um tempo de férias, e por isso insistiu em nos acompanhar durante a viagem, já Laura, era minha fiel amiga.
—Você não acha que eu já me ofereci antes? Lucca o indagou meio ranzinza. —Mas Alyssa é teimosa, cabeça dura.
Ele ainda estava indignado por eu conseguir uma alta do médico em três dias. Mas mesmo assim, isso somado ao tempo que havíamos gasto para organizar nossa viagem e finalmente chegarmos no Brasil tinha sido de cinco dias. Porém, estava mais aliviada.
Meu pai tinha saído da UTI, e agora estava em observação.
—Vamos lá, amor, não seja ranzinza. Pedi a Lucca o lançando um sorrisinho provocador. —Lembro que você disse que iríamos tentar relaxar durante a nossa visita ao Brasil. E eu era a pior pessoa para dizer aquilo, porque enquanto meu pai estivesse em uma cama de hospital eu não iria relaxar.
—Sorria, primo. Máximos zombou com cinismo. —Afinal, você finalmente irá conhecer seu sogrinho número dois.
Lucca fez uma careta.
—É isso que me tira a paciência. Ele murmurou com uma carranca sombria. —Já tinha os Egorov antes, e agora o Guimarães? As coisas apenas pioram.
—Meu pai é uma ótima pessoa. Protestei, incomodada com o seu julgamento. —E meu outro pai também é alguém bom.
Gostava de Alec, ele era estranhamente fofo como meu pai. E apesar dele já ter voltado para Rússia enquanto Nikolai estava na Itália perseguindo Milena, papai sempre me mandava mensagens.
Não podia deixar de rir quando via as benditas figurinhas matinais de bom dia.
—Fala isso como se o Egorov não gostasse de esfolar humanos. Lucca apontou, sério demais. —Lembre-se que o Egorov é o Pakhan da Máfia Russa, meu anjo.
Quase ri do seu argumento.
—E se lembre que você é o Don da Máfia Italiana. Apontei, ele era tão cara de pau. —Você e meu pai estão de iguais para iguais, você não é menos pior que ele.
Enquanto meu pai adorava usar facas, Lucca gostava de botar fogo com gasolina.
—Uma conversa normal de uma bela família comum, no domingo. Máximos debochou rindo da cara de Lucca. —Isso até me lembra dos velhos tempos, quando nós roubávamos as armas dos nossos pais para matar uns passarinhos.
Pensaria que Máximos estava zombando da situação se sua expressão não fosse tão pensativa e estranhamente feliz. Já Laura, estava como sempre com a sua cara de poker, só nos escutando.
—E o estripador fala sobre família normal, sendo que não tem moral. Joguei a direta com zombaria. —Me parece que sou a única pessoa normal aqui. Apontei com algum orgulho latente.
—Minha anjinha pode ser muita coisa, mas não é normal. Lucca me contradisse descaradamente, rindo das minhas palavras. —Não se esqueça que você tem compulsão em matar animais fofos.
Fiz uma carranca.
—Você não deixa nada passar. Reclamei, ignorando a expressão de choque de Máximos. Já Laura que sabia da informação a um bom tempo se manteve estável como uma montanha.
Nada abalava ela.
E por isso eu adorava Laura.
Entrei dentro do carro após Lucca abrir a porta para mim, ainda segurando Bella cuidadosamente. Laura e Máximos iriam nos acompanhar em outro carro.
—Você não me contou isso também. Máximos me acusou dramático, após associar o que Lucca havia me dito.
Eu poderia lhe dar mil e uma respostas, mas o dia estava tão ensolarado que lhe dei a mais brincalhona, ou ao menos era para ser assim. —Eu sou a filha de um sociopata que se casou com outro sociopata, então o que você esperava de mim? Brinquei sorrindo maquiavélica.
Aquilo soou terrível até para mim.
Mesmo o motorista tremeu na base.
Em outro momento, Lorenzo seria nosso motorista, mas agora ele estava de folga, passado uns bons tempos com Luana.
Eu devia isso a ele após ter arrastado o coitado para um prostíbulo.
Máximus nem teve tempo de me responder, pois logo, Lucca entrou no carro e bateu a porta com força.
—Ignore ele. Lucca disse com irritação, colocando Bernardo em uma posição mais confortável para ele dormir, já Bella estava dormindo confortável nos meus braços. Nós nos sentíamos melhor e mais tranquilos em termos nossos bebês sempre por perto. —Mas me diga, meu anjinho, você finalmente aceitou o seu lado sombrio totalmente? Perguntou mais relaxado. —Ainda lembro do seu quase assassinato.
Sabia que ele estava falando do Esposito.
—Sim. Admiti não dando muita importância para aquele assunto. —Mas eu não sou alguém que mata pessoas sem motivo ou tão sádica quanto você e Milena. Não sei porque, mas senti a necessidade de frisar aquilo.
Sub que o assunto estava excessivo quando vi o motorista engolir em seco.
Lucca sorriu.
—Mal posso esperar para te ver matando alguém. E lá vinha ele com isso de novo, parecia até que tinha algum fetiche por me ver assassinando pessoas.
—Acredite, isso não vai ser hoje. Garanti, não só para cortar suas asinhas, mas também para acalmar o pobre do motorista que já estava até pálido. —Eu não sou uma pessoa sádica como meu marido, então relaxe. Pedi ao motorista em tom mais suave, educada.
—Sim senhora. Respondeu como um soldado, sem tirar seus olhos da pista.
Lucca apenas riu da situação.
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Depois de responder algumas perguntas das recepcionistas, uma enfermeira que parecia ter uns quarenta anos nos guiou até o quarto que meu pai estava.
—Fico feliz que ele tenha uma família grande. A mulher nos disse, enquanto andávamos por um corredor do hospital, olhando de mim que segurava Bella para Lucca, que segurava Bernardo. —Vocês são uma família linda. Ela elogiou.
—Obrigada. Agradeci sorrindo.
—Apesar de você parecer alguém muito jovem para ter dois filhos, a sua família e o seu marido são bem vistosos, moça. Ela continuou, com alguma condescendência. —Mas não julgo a juventude, eu também já fui jovem.
Forcei um sorriso.
—Obrigada. Saiu automático.
Lucca até pareceu alheio ao comentário, mas isto foi antes de eu ver o seu olhar de puro descaramento. —Um homem esperto sabe que deve casar com a mulher certa o mais rápido possível só de vê-la. Ele disse com aquele seu sorrisinho cínico. —Claro, eu também acredito que os fins justificam os meios.
Fiz uma careta.
Nem tinha o que dizer.
—Seu marido é estrangeiro? A enfermeira perguntou curiosa.
Lucca havia falado em italiano.
Mas já estava tão acostumada com ele falando hora português e hora italiano que agora eu mal sentia a mudança.
—Ele é italiano. A contei. —Mas ele também fala e entende o português.
A enfermeira me lançou um sorriso sugestivo. —Você foi longe, hein, moça?
Quase ri. Ela nem imaginava.
—Valeu a pena. Admitir, antes de completar em tom brincalhão. —Às coisas boas da vida dão mais trabalho, e por incrível que pareça, também são egocêntricas. Lancei um olhar em direção a Lucca, frisando a indireta.
Lucca sorriu divertido.
E a enfermeira riu, concordando comigo, alheia a minha indireta sarcástica.
—A namorada do paciente o faz companhia desde que ele foi internado. Ela me contou, mudando de assunto. —Mas acredito que deve ser cansativo ser a única cuidando dele durante os últimos dias. Havia uma nota de pena no seu tom. —Por isso fico feliz que esteja aqui.
Franzi o cenho.
—Olivia ficou com ele o tempo todo?
—Sim, esse é o nome dela. A mulher confirmou com um sorriso carismático. —Agora mesmo ela está com o seu pai.
Assenti, me virando em direção a Lucca.
—O choque vai ser pior do que imaginei. Lhe disse temerosa, com preocupação.
Não sabia como seria a reação dela ao me ver, mas imaginava que não seria boa. E só de pensar a minha cabeça doía.
—Não se preocupe, meu anjo. Lucca me pediu em tom acalentador. —Se ela ousar falar ou fazer algo desagradável com você, você só precisa me deixar resolver as coisas do meu jeito. Ele me disse. —Garanto que será rápido. Havia um sorrisinho cruel nos seus lábios.
Balancei a cabeça.
—Nada disso. Neguei firme.
Nem tudo se resolvia com assassinato, especialmente quando se tratava da minha família, quis o dizer, mas o momento e o lugar não convinha, não na frente da enfermeira. E sinceramente, foi um alívio ele ter falado aquilo em italiano.
Após mais algum tempo andando, nós chegamos em frente ao quarto em que meu pai estava. E depois que a enfermeira se despediu, voltando ao seu posto de trabalho, eu fiquei de frente para a porta, muito receosa em abri-la.
Segurei a maçaneta insegura, ainda carregando Bella no meu colo.
—Não precisa ter pressa, meu anjo. Lucca disse em tom suave. —Podemos voltar depois.
Respirei fundo.
—Tem que ser agora. Lhe disse, mas para mim mesma do que para ele.
E então, reunindo toda a minha coragem remanescente, enquanto meu coração batia a mil por hora, eu abri a porta.
Como em um frenesi, os meus olhos passaram rapidamente pelo ambiente, desde meu pai adormecido na cama do hospital, a Olivia, que estava sentada em uma cadeira perto da cama.
Não demorou muito tempo para os olhos dela se encontrarem com os meus, quando atravessei o batente da porta.
Vi choque, medo, descrença e felicidade em um só instante se passarem diante dos olhos dela, antes que ela tivesse a reação que eu menos esperava no mundo. Olivia se levantou da cadeira em um pulo e correu na minha direção.
Fiquei em estado de choque, ao sentir ela me agarrar em um abraço apertado que prendeu a mim e a Bella. —Meu Deus, Alyssa. Ela murmurou atordoada. —Você... você realmente está aqui?
—Sim, Olivia. Garanti, estática com a sua reação. —Acredite, eu estou de volta.
Esperava todos os tipos de piores recepções, desde gritos a acusações, mas com certeza não esperava receber um abraço caloroso ou ver alguém sentir alguma felicidade pela minha volta.
—Tem certeza de que eu não estou tendo alucinações após ficar tanto tempo sem dormir? Ela me indagou duvidosa, ainda desacreditada. —Especialmente ao ver uma garotinha linda que é a sua cara?
Teria rido da sua pergunta se eu não estivesse tão tensa.
Quando ela me libertou do seu abraço, Lucca adentrou o quarto com Bernardo.
A sua presença tinha tanta autoridade que o quarto pareceu ser até o dele.
A cara de espanto de Olivia aumentou ainda mais ao vê-lo junto ao meu bebê.
—Agora sei que estou alucinando. Ela resmungou para si mesma, lançando um olhar de esgueira de mim para Lucca.
Suspirei.
—É uma longa história, Olivia. Lhe disse.
—Com alguns detalhes que você não vai querer saber. Lucca completou sério.
Revirei meus olhos, antes de olhá-lo em um aviso silencioso. —Pense bem no que você diz, Lucca Fontana. O censurei, voltando meu olhar para Olivia, que ainda parecia estar tão confusa quanto antes. —E eu realmente estou aqui, e claro, tenho ótimas justificativas para ter supostamente falecido. Lhe disse com algum amargor. —Mas independente disso eu estou viva, e quero ser sincera com você o máximo que eu conseguir.
Ela acenou, agora parecendo mais convicta de que eu estava realmente ali.
—Eu tenho muito tempo para te escutar, Alyssa. Ela me garantiu, mais séria, mas não parecendo menos feliz em me ver. —Mas antes, eu gostaria de saber quem é esse homem e sobre as crianças que vocês estão segurando.
Sorri nervosamente sobre seu olhar afiado, me sentindo estranhamente como uma adolescente que fora pega fazendo alguma traquinagem. —Esse é meu esposo, Lucca Fontana. Lhe contei, tentando ignorar meu nervosismo. —E essas duas fofuras são os meus bebês, Bella Fontana e Bernardo Fontana. Engoli em seco, deixara o final para o pior. —E eu, bem, agora sou Alyssa Guimarães Egorov Fontana.
Olivia franziu o cenho.
—Egorov? Foi tudo que me perguntou.
Acenei confirmando.
—Egorov é o sobrenome do meu pai biológico. Contei da maneira mais delicada que pude. —Eu o adotei recentemente, após voltar da Rússia.
—Não, espera, você disse esposo e filhos? Ela me indagou, confusa.
A dei um sorriso amarelo.
—O que você acha de irmos em um café? A indaguei. —São muitas coisas para lhe contar, e não convém falar disso no quarto do meu pai. Lhe expliquei sincera.
Olivia acenou em concordância.
—Você realmente tem muito a explicar. Ela me disse séria. —E quando o seu pai acordar, tenha certeza que ele vai te dar um abraço e depois um puxão de orelhas. Disse em tom rígido, mas havia um sorriso sutil nos seus lábios.
Fiz uma careta. Céus, eu já podia até senti antecipadamente a ardência nas orelhas. Papai com certeza iria me matar, e não de uma maneira piedosa.
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