!! 𝑫𝑶𝑵𝑨 𝑴𝑶𝑹𝑻𝑬 - (🔞)

13.

     

        

        — O meu é Thiago... Seu nome é bonito. Eu sorri para ela, ela pegou seu livro e me mostrou. — Você conhece? É de um escritor muito famoso. — Eu não leio muitos livros... — Sério? Esse é o quinto livro que eu leio desde que estou aqui. — A quanto tempo você tá aqui? — Dois meses, é que eu demoro para pedir livros, pois a biblioteca é meio ocupada. — Entendo. Então apareceu um rapaz que estava com uniforme do hospital, e foi até Helena. — Preciso ir agora... Tchau! Ela me abraçou e se levantou, e eles foram embora, decidi ir também.

        De noite em meu quarto do hospital, fiquei pensando nela até os médicos entrarem e virem até mim, levantei uma sobrancelha. — O que houve? Que cara é essa? — Não deveríamos ter escondido de você... Perdão, jovem. Me sentei na cama, confuso com toda a situação. — Você vai ser adotado por outra família. Paralisei... Olhei para eles em choque w saí da cama rápido, quase derrubando a máquina de soro junto. — O que?! Por que? Onde estão meus pais? Entrei em desespero. — É complicado dizer... Sua mãe e sua irmã faleceram infelizmente, seu pai foi culpado de homicídio. Eu acredito que você saiba do que eu estou falando. Meus olhos se encheram de lágrimas.

     Eu não quis acreditar. Eu não tinha mais família, eu não tinha mais ninguém... O que seria de mim? Por que eu? Eu estava com medo, medo de pessoas novas, medo de ir para outra família, eu iria ser assombrado com a culpa da morte de minha irmã pelo resto da minha vida. Empurrei os médicos para o lado e saí correndo para o jardim, minutos depois, logo começaram a procurar por mim, mas não me importei, eu só queria ficar só, era tanta coisa... Comecei a me sentir daquela forma de novo, pensei demais, comecei a ter falta de ar.

    — "Você está bem?" Senti uma mão em meu ombro, me assustei e olhei para o lado... Vi Helena. — Me ajuda por favor... Ela me ofereceu um abraço e comecei a chorar mais ainda, enquanto ela tentava me consolar passando a mão nas minhas costas. — "Tá tudo bem... É só uma crise de ansiedade, tenta respirar fundo." Fiz o que ela disse, comecei a me acalmar devagar, depois de um tempo que eu já tinha parado de chorar, expliquei a situação para ela.

     — "Eu sinto muito... Não deve ser legal tudo que está acontecendo com você, mas espero que consiga se ajustar rápido, e esquecer as coisas ruins que aconteceram." Os médicos e seguranças do hospital apareceram, e vieram até nós. — Jovem, não corra desta forma novamente por favor... Lhe procuramos por todo o andar. Olhei para eles, me sentindo um pouco culpado. — Desculpa. — "Eu ajudei ele!" Helena sorriu e me abraçou de novo, sua cuidadora da noite chegou. — "Eu espero que você melhore logo! Boa noite Thiago." Ela me deu um beijo na bochecha... E deixou uma flor em minha mão, guardei para sempre.

      Na manhã seguinte não consegui me despedir daquela garota, mas eu já estava indo embora, então não dava mais tempo... Olhei para a pequena rosa em minha mão, e coloquei em minha mochila novamente. — "Nunca vou te esquecer."

  

          Logo veio um bombardeio de memórias em minha cabeça, olhei para ele confusa e ainda um pouco assustada. — Você é o Thiago? Ele começou a tirar os espinhos de uma rosa que estava em sua mão. — Correto... — Por que você tá fazendo isso comigo? — Eu não estou fazendo nada com você. — Me amarrou... — Eu te machuquei? Se sim, perdão... Posso ter sido um pouco bruto acidentalmente. Qual o problema desse maluco? Tentei sair da cadeira mas não consegui.

       — Não machucou... Eu só quero que você me solte! — Não posso. — Por que?! — Você vai sair correndo e gritando, não posso deixar que você arruine tudo que eu planejei. Ele colocou a rosa atrás da minha orelha. — Vou te mostrar uma coisa. Ele saiu e entrou em algum cômodo da casa lá no fundo, mas não consegui enxergar direito. — Ei! Volte aqui! Exatamente 10 minutos depois ele voltou. Ele estava carregando uma pequena rosa murcha e que mal tinha pétalas, um pouco fechada e com seu tronco mole e atrofiado. — Você sabe o que é isso? Ele perguntou. — Não...

     — Isso... É uma prova do meu amor por você. Olhe, você me deu ela no hospital e eu a guardei por todo esse tempo... Ela é linda, né? Como você. Ele sorriu e me mostrou a rosa, girando ela na mão. — Eu não te amo, Thiago... Isso foi a anos atrás! — Você me ama, sim... Se não me amasse, por que guardou o colar que te dei? — Colar...? — O que está em seu pescoço. Recebi esse colar anonimamente a una dias atrás, mas imaginei que tivesse sido Michael, pelo colar ser caro. — F-foi você...? — Quem mais seria? Seu chefe? Ele riu. — "Você acha que aquele homem te ama?" Essas palavras ecoaram em minha cabeça.

      Fiquei pensando nisso, mas tentei deixar de lado rapidamente. — O que você sabe sobre minha relação com ele?! — Realmente, eu não sei nada sobre vocês dois... Mas não posso dizer o mesmo de sua amante. Ele me mostrou uma foto de Michael com uma mulher em um hotel, a data... Era de semana passada. — Quem é? — Não está chateada? — Ele não faria isso. — Por que não? Vocês não tem nada além de sexo, Helena. Essa é a amante dele, ele traiu sua esposa durante o casamento com essa mulher e ainda fala com ela desde então... Você acha mesmo que o casamento dele aconteceu do nada? Que já estava em ruínas?

       Olhei para ele em choque. — Você acha que... Um homem recém divorciado que traiu ficou com você por que ele te ama? Ou por que ele estava te usando como distração? Você não pensa, caralho?! Olhe, tudo que eu fiz por você até agora... Você não acha que me deve alguma coisa? Cuspi no rosto dele. — Cale a boca! Saia daqui! Me dê um momento para pensar... Não aguento mais ouvir sua voz! Ele levantou a ponta da blusa e limpou o rosto com o tecido. — Eu saio, mas eu volto... E não pense que eu quero o seu mal, eu não revelaria tantas coisas se eu não gostasse de você, Helena. Ele colocou seu boné, pegou seu celular e a carteira e saiu batendo a porta, me deixando lá sozinha.

     Comecei a chorar assim que vi a porta fechar. Por que Michael faria algo assim comigo? Tudo que ele já me disse... Tudo que ele fez por mim... Por que? Eu era só uma distração? Fui tão burra assim? Sempre detestei sua esposa por conta das mentiras que ele me falou sobre ela. Agora que eu sei toda a verdade e o que realmente aconteceu, me sinto uma pessoa horrível, mas uma parte da culpa foi minha, por ter acreditado que ele me amava, e por ter caído em seu papo. Tentei sair da cadeira novamente, fiquei me balançando até que a cadeira acidentalmente caiu comigo, comecei a chorar mais ainda de frustração por que era tudo tão difícil... Fechei os olhos.

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