Laços do passado

637 52 33
                                    

30 anos atrás

Stanford Pines não fazia ideia de como havia acabado ali. Seu último experimento envolvia o estudo de uma fonte de energia anômala, mas algo deu errado. Muito errado. O portal que ele havia construído em seu porão de repente o sugou, e agora ele estava em um lugar que desafiava toda lógica e razão.

O céu era de um tom alaranjado vibrante, cortado por fissuras roxas que brilhavam como neon. A terra sob seus pés era feita de mosaicos flutuantes que mudavam de cor e forma constantemente. E havia criaturas... Coisas que se contorciam e se transformavam diante de seus olhos, desafiando qualquer explicação científica que ele pudesse conceber.

Enquanto Ford tentava se situar, uma voz ecoou ao seu redor, soando tanto nos ouvidos quanto em sua mente.

— Ora, ora, o que temos aqui?

Antes que Ford pudesse responder, a figura que acompanhava a voz apareceu diante dele. Um triângulo amarelo com um olho único e brilhante no centro.

— Quem é você?

Bill riu, uma risada que reverberou por toda a dimensão.

— Bill Cipher. — Bill se apresentou com prazer. Ford sentiu algo desconhecido dentro dele ao escutar o nome. — Você foi sugado por um dos meus vórtices dimensionais. Acontece. Mas, tenho que dizer, não esperava encontrar alguém como você. Com seis dedos, não menos! Que curioso.

Ford franziu a testa, tentando ignorar o tom insidioso na voz de Bill.

— Isso é uma anomalia genética, nada mais.

— Ah, mas é uma anomalia interessante. — Bill respondeu, aproximando-se de Ford. — Você não vê? Isso te torna único, diferente de todos os outros humanos. Eu gosto disso.

A observação de Bill deixou Ford desconfortável, mas ele manteve a postura.

— Eu preciso encontrar uma maneira de voltar para casa.

Bill girou no ar, em um movimento quase dançante.

— Voltar para casa? Mas você acabou de chegar! Não quer explorar o desconhecido? Eu poderia te mostrar coisas que ninguém jamais viu, responder perguntas que você nem sabia que tinha.

Ford hesitou. Como cientista, ele era movido pela curiosidade. E a oferta de Bill era tentadora.

— Você está sugerindo me ajudar a explorar esta dimensão?

— Exatamente! — Bill exclamou, cheio de entusiasmo. — Podemos ser parceiros! Você estuda, eu guio. E quem sabe, você até comece a gostar de estar aqui. Pode até descobrir coisas sobre si mesmo.

Assim, começou a parceria improvável entre Ford e Bill. Nos dias seguintes, Bill guiou Ford por lugares que desafiavam a lógica e a razão. Eles exploraram planícies onde o tempo corria para trás, florestas feitas de vidro, e rios de tinta que mudavam de cor com cada pensamento.

Durante essas aventuras, Bill mantinha um olhar atento em Ford. Ele estava intrigado por aquele humano que não apenas tinha seis dedos, mas uma mente tão afiada e curiosa. O fascínio de Bill começou a se transformar em algo mais complexo. Ele começou a ver Ford como mais do que um simples companheiro de aventuras.

Em um dos momentos em que Ford estava absorto em anotações sobre uma criatura que havia encontrado, Bill flutuou até ele, observando de perto suas mãos enquanto escrevia.

— Sabe, Fordsy, — Bill começou, sua voz mais suave do que o habitual. — esses seis dedos... Eles realmente são algo especial.

Ford parou de escrever por um momento, levantando o olhar para Bill.

One Last Kiss - Billford Onde histórias criam vida. Descubra agora