Ciúmes exorbitante

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O laboratório improvisado dentro da cabana estava iluminado por lâmpadas fluorescentes, lançando uma luz fria sobre as ferramentas e dispositivos que enchiam as bancadas. No centro de tudo isso, Stanford Pines e Fiddleford McGucket trabalhavam em silêncio, cada um profundamente concentrado em suas tarefas. Eles estavam finalizando um projeto que vinha tomando suas noites: um "Amplificador de Memórias Latentes". A ideia era criar um dispositivo capaz de acessar e ampliar memórias reprimidas, algo que ambos acreditavam ser vital para entender as falhas na mente de Fiddleford causadas pela Máquina de Exclusão de Memórias.

— Se conseguirmos ajustar essa frequência aqui, — Fiddleford comentou, seus olhos azuis focados em uma série de circuitos complexos. — podemos alcançar as áreas mais profundas do cérebro, aquelas que armazenam memórias que as pessoas nem sabem que têm.

Ford assentiu, um raro sorriso surgindo em seu rosto.

— Exatamente. E se conseguirmos estabilizar a onda psíquica, isso poderia ajudar a recuperar partes perdidas de memória, poderíamos até desfazer alguns dos danos da Máquina de Exclusão de Memórias.

A sinergia entre os dois amigos era inegável. Eles trabalhavam em harmonia, compartilhando ideias e sugestões sem necessidade de palavras desnecessárias. Era como nos velhos tempos, antes de tudo se complicar, antes de Bill Cipher aparecer na vida de Ford.

Mas enquanto Fiddleford estava imerso no projeto, Ford não conseguia deixar de sentir uma presença familiar, uma sensação de que estava sendo observado. Seus olhos desviaram para a sombra de uma das prateleiras, onde, por um breve momento, ele jurou ver um par de olhos amarelos brilhando na escuridão. Seu corpo enrijeceu, e ele soube imediatamente quem estava ali.

Bill.

Ford tentou ignorar o arrepio que percorreu sua espinha e voltou a focar no trabalho. Ele não queria que Fiddleford percebesse nada de errado; ele não podia saber sobre Bill. A existência de Bill era um segredo que Ford mantinha a qualquer custo. A última coisa que ele queria era arriscar a sanidade de Fiddleford.

Bill, porém, não era alguém fácil de ignorar. Ele observava com ciúmes a proximidade e a intimidade entre Ford e Fiddleford, e o rancor fervia dentro dele. Desde que assumira a forma humana, suas emoções se tornaram mais intensas, mais difíceis de controlar, especialmente quando se tratava de Ford. Ele odiava a maneira como Ford parecia tão confortável com Fiddleford, como se a presença de Bill fosse apenas um incômodo indesejado.

E então Bill decidiu que era hora de agir.

(...)

Mais tarde naquela noite, Fiddleford estava ajustando os últimos componentes do Amplificador de Memórias, e Ford estava ao seu lado, analisando os dados. Foi então que a tensão na sala aumentou drasticamente, como se o próprio ar tivesse se tornado eletrificado. Ford sentiu o arrepio novamente e soube que Bill estava prestes a fazer algo.

Sem fazer barulho, Bill se moveu pelas sombras e se posicionou atrás de Fiddleford, mas sempre fora de sua visão direta. Ele estendeu a mão e, com um simples gesto, provocou uma pequena falha nos circuitos do dispositivo. Uma faísca surgiu, e o Amplificador começou a emitir um zumbido agudo e irregular.

— O que está acontecendo? — Fiddleford perguntou, a voz cheia de preocupação. Ele tentou estabilizar o dispositivo, mas os controles não respondiam.

Ford se adiantou, tentando assumir o controle da situação.

— Calma, Fiddleford. Deve ser apenas uma sobrecarga. Deixe-me tentar corrigir.

Mas Bill não tinha a intenção de deixar as coisas voltarem ao normal tão rapidamente. Ele moveu os dedos discretamente, intensificando a falha no sistema. De repente, o Amplificador de Memórias começou a emitir uma luz intensa, quase cegante, que preenchia o laboratório.

One Last Kiss - Billford Onde histórias criam vida. Descubra agora