Piadas a paixão

519 71 124
                                    

Bill acordou primeiro, mas ao contrário de suas reações habituais, não se mexeu. Ele apenas ficou ali, imóvel, observando Ford dormir profundamente ao seu lado. Seu olhar vagava pelo rosto de Ford, e ele se viu repensando nas palavras de Axolotl. "Você destruiria galáxias por ele." Aquela frase ecoava em sua mente, e, pela primeira vez, Bill percebeu o quão verdadeira era. Se ele ainda fosse um demônio, o que estaria disposto a fazer por Ford? Até onde iria apenas para protegê-lo, mantê-lo por perto, para garantir que ninguém mais pudesse tê-lo? O pensamento o fez estremecer.

Bill observou o rosto sereno de Ford, seus óculos levemente tortos, quase caindo do rosto. A barba rala, os fios grisalhos do cabelo que Bill tanto adorava... Ele parecia tão vulnerável dormindo, e isso só intensificava o que Bill sentia. Ele estava realmente apaixonado. Aquele tipo de amor que poderia ser perigoso, destrutivo, se ele ainda tivesse seus poderes. Mas ali, humano e sem sua força demoníaca, a única coisa que ele podia fazer era sentir. Sentir profundamente.

Ford começou a se mexer, os olhos piscando enquanto lentamente despertava. Quando seus olhos encontraram os de Bill, o ex-demônio sorriu gentilmente, mas não podia deixar de acrescentar um toque de sarcasmo.

— Bom dia, docinho. Dormiu bem depois de me arrastar de um bar?

Ford bufou levemente, ajustando os óculos que estavam prestes a cair.

— Você me deu muito trabalho ontem à noite.

Bill riu suavemente.

— Parece que ainda sou um demônio pra você. — Ele provocou, mas havia uma suavidade em sua voz que Ford notou, mesmo que tentasse ignorar.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, uma pausa confortável, até que Ford finalmente quebrou o silêncio.

— Sobre ontem... Eu... — Ford começou, hesitante, sem saber muito bem como abordar o assunto. Ele se levantou levemente, apoiando-se no cotovelo enquanto olhava para Bill, tentando encontrar as palavras certas. — Eu exagerei. Não deveria ter dito aquilo.

Bill ficou observando Ford, os olhos brilhando com aquele toque de sarcasmo habitual, mas havia algo mais ali, algo mais profundo. Ele sabia que ouvir Ford se desculpar era raro, e, de certa forma, isso o encantava ainda mais.

— Olha só... O grande Stanford Pines, pedindo desculpas? — Ele sorriu de lado, mas não conseguia esconder o quanto aquilo o afetava. Talvez fosse o fato de Ford ter sido tão sincero. Ou talvez fosse a maneira como Ford olhava para ele agora, um olhar sério, intenso, como se estivesse absorvendo cada detalhe de seu rosto.

Ford suspirou, mas havia uma pontada de timidez em seu olhar que Bill notou.

— Eu... Falei coisas que não queria. Não foi um erro. O que aconteceu.

Bill inclinou a cabeça, seu sorriso ainda presente, mas agora mais suave.

Bill observou cada detalhe do rosto de Ford naquele momento. A seriedade, a hesitação em suas palavras. O homem que sempre se colocava como inabalável estava mostrando uma fração de sua própria insegurança, e isso fez algo dentro de Bill se acender ainda mais. Ele estava completamente fascinado.

— Você não faz ideia de como você fica adorável quando está tentando ser sincero, Fordsy. — Bill murmurou, inclinando-se um pouco mais para perto. — Quase me faz querer te beijar de novo.

Ford bufou, desviando o olhar, mas havia um leve rubor em seu rosto que Bill percebeu com facilidade. Ele adorava provocar Ford. Era sua maneira de demonstrar afeto, de flertar, porque ser sarcástico era a linguagem que ele dominava.

Ford se levantou, aparentemente desconfortável com o rumo da conversa, e murmurou algo sobre a sopa.

— Vou esquentar a sopa de ontem à noite. — Ele disse, quase como uma desculpa para se afastar.

One Last Kiss - Billford Onde histórias criam vida. Descubra agora