Visita

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Ford não parava de pensar no que havia acontecido. O beijo que Bill Cipher lhe roubou - não, não era apenas roubado, Ford percebeu com um arrepio. Havia sido intenso e, por mais que tentasse negar, uma parte de si tinha gostado. Agora, semanas após o acontecimento, ele se via enfrentando um dilema que o forçava a encarar algo que evitava por tanto tempo.

Determinado a confrontar Bill e esclarecer tudo de uma vez, Ford ajustou o dispositivo interdimensional que havia construído. Ele sabia que ir até a dimensão de Bill era perigoso, mas não tinha outra escolha. Precisava ter aquela conversa, mesmo que a ideia de encarar novamente o demônio de olhos triangulares fizesse seu coração bater mais rápido do que ele gostaria de admitir.

(...)

Ford entrou na dimensão de Bill com um sentimento de arrependimento imediato. O portal se fechou atrás dele, deixando-o no meio de um mundo que parecia ser moldado por caos e lógica distorcida. Cada canto desse lugar era um reflexo distorcido do que ele lembrava. As formas geométricas flutuantes, as cores que pareciam mudar com cada piscar de olhos... Tudo o fazia lembrar de como essa dimensão havia sido tanto uma prisão quanto uma revelação anos atrás. E aqui estava ele, novamente. Não por acidente, mas por escolha.

Ford sabia que estava pisando em território perigoso, tanto física quanto emocionalmente. A última vez que estivera ali, ele havia descoberto a verdadeira natureza de Bill, a monstruosidade que se escondia sob aquela fachada de inteligência e charme. Agora, ele estava de volta, não como um explorador curioso, mas como alguém que procurava... o quê? Fechar as portas para sempre? Entender seus sentimentos? Pedir desculpas? Ele mesmo não sabia ao certo.

Ao avançar pelos corredores esculpidos por formas geométricas sem lógica, ele não podia evitar o frio na espinha que o local lhe causava. A memória de seus sentimentos confusos o assombrava, mas ele precisava de respostas, de um encerramento, seja qual for. Ele chegou a uma sala que parecia ser o centro dessa dimensão - um grande espaço com paredes que se moviam lentamente, como se estivessem respirando.

— Bill. — Ford chamou, sua voz ecoando e distorcendo-se pelo espaço. — Se você está aqui, apareça. Temos assuntos inacabados.

O silêncio foi quebrado por uma risada suave, vinda de todos os lados ao mesmo tempo.

— Fordsy, que surpresa agradável! — A voz de Bill ecoou de todos os cantos, antes de finalmente tomar forma diante de Ford, assumindo sua aparência humana familiar, com o cabelo loiro, o terno elegante e aquele sorriso desdenhoso que tanto irritava quanto atraía Ford. — Não imaginei que você teria coragem de voltar aqui por vontade própria. — Bill continuou, aproximando-se com passos lentos.

— Precisamos conversar.

— Ah, é? Sobre o quê? Sobre como você não consegue parar de pensar em mim desde aquele beijo? — Bill respondeu, flutuando até ficar a poucos centímetros de Ford, seus olhos brilhando com diversão.

Ford cerrou os punhos, ignorando a provocação.

— Eu... Não estava certo se deveria, mas... — Ford hesitou, sua determinação vacilando ao ser confrontado com a realidade do que estava fazendo. — O que você está tramando, Bill? O que estava fazendo antes de eu chegar?

Bill piscou, mantendo o sorriso, mas algo em seus olhos brilhou com uma emoção que Ford não conseguia decifrar completamente.

Bill deu de ombros, girando no ar com um gesto displicente.

— Negócios de sempre, Fordsy. Mas você não veio até aqui só por causa disso, veio?

Ford se manteve firme, mas as palavras de Bill começaram a minar sua determinação. A familiaridade com que Bill se movia, a forma como ele sempre parecia saber mais do que deveria... tudo isso fazia com que Ford se sentisse um tanto vulnerável, algo que ele odiava.

One Last Kiss - Billford Onde histórias criam vida. Descubra agora