O piano

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Ford estava sentado ao piano, seus dedos deslizando suavemente pelas teclas, preenchendo a cabana com uma melodia suave e hipnotizante. Era sua maneira de relaxar após um dia mentalmente exaustivo, um momento de paz em meio ao caos que sempre parecia acompanhá-lo. Ele se concentrou na música, permitindo que a melodia o envolvesse, mas sabia que não demoraria muito para que sua paz fosse interrompida — e ele estava certo.

Bill entrou na sala com o andar despreocupado de sempre, os olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e desejo. A transformação em humano não havia mudado seu jeito de sempre invadir a vida de Ford. Ele observou Ford tocando o piano por um momento, os olhos dançando sobre as mãos do cientista, mas também sobre a forma concentrada e quase vulnerável dele.

— Não sabia que você tocava piano, Fordsy.

Ford ergueu os olhos sem interromper a música, sua expressão mantendo a serenidade. Ele já estava acostumado às provocações de Bill, mas a presença dele, ainda mais sendo humana, parecia ter um efeito amplificado. Cada vez que Bill se aproximava, era como se a tensão crescesse entre eles, algo mais forte e incontrolável que Ford evitava a todo custo.

— Tem muita coisa que você não sabe sobre mim, Bill. — Respondeu Ford calmamente, mantendo os olhos fixos nas teclas, mas sentindo o olhar penetrante de Bill queimando sobre ele.

Bill se aproximou, parando a poucos passos de Ford. Seus flertes eram mais descarados desde que se tornara humano, como se a nova vulnerabilidade ampliasse sua vontade de provocar. Ele se encostou casualmente ao piano, inclinando-se ligeiramente na direção de Ford.

— Tenho certeza de que poderia descobrir... Se você deixasse.

A música continuava a fluir pelos dedos de Ford, mas a melodia agora parecia ter outro ritmo, mais lento, como se ele estivesse lutando contra algo dentro de si. O calor da presença de Bill era inegável, e Ford sentia cada palavra, cada flerte, como uma corrente elétrica passando por ele. Havia algo mais forte pairando no ar naquela noite — uma tensão que ele não podia mais ignorar.

Sem pensar muito, Ford finalmente cedeu ao impulso que vinha tentando sufocar por tanto tempo. Em um movimento fluido e inesperado, ele largou o piano e estendeu uma mão firme, puxando Bill pelos quadris para perto de si. Bill, pego de surpresa, soltou uma risada baixa e provocante, mas a expressão em seu rosto mudou rapidamente quando sentiu a intensidade do toque de Ford.

Agora, Bill estava de pé, diretamente à frente de Ford, seus quadris firmemente presos entre as mãos do cientista. Ford ainda estava sentado no banco do piano, sua respiração pesada, seus olhos fixos nos de Bill. O clima na sala mudara drasticamente. A tensão sexual, que já existia entre eles há tanto tempo, agora era impossível de ignorar.

Bill, que sempre tinha o controle da situação, parecia por um momento perdido na intensidade de Ford. O jeito como ele o puxara, o calor das mãos de Ford em sua cintura, e o olhar faminto nos olhos dele... Isso era diferente. Isso era real.

Ford, sem dizer uma palavra, deixou suas mãos deslizarem lentamente pela cintura de Bill, explorando cada centímetro, sentindo a textura da pele humana de Bill, quente e real. Seus dedos se moveram com uma calma elegante, mas havia algo mais profundo por trás daquele toque. Cada movimento parecia cuidadosamente calculado, mas, ao mesmo tempo, cheio de desejo contido.

Os dedos de Ford subiram lentamente pelas costas de Bill, traçando uma linha suave, e Bill não pôde evitar arquear levemente as costas em resposta. Seus corpos estavam tão próximos que Ford podia sentir o calor irradiando de Bill, o cheiro dele preenchendo seus sentidos. O ritmo da respiração de ambos havia se sincronizado, e o som do piano silenciou, deixando o espaço preenchido apenas pelo som de seus corpos juntos, pela eletricidade invisível no ar.

One Last Kiss - Billford Onde histórias criam vida. Descubra agora