inefável ; richard rios.

dix.

[17:30 p.m]

Estava deitada em minha cama, a luz fraca do abajur que estava ao meu lado projetava sombras na parede do quarto. Meu beijo com Richard ainda estava fresquinho na minha mente, e eu tentava me distrair com a leitura, mas as palavras do livro se misturavam com os ecos da minha última conversa com ele.

A semana sem contato com Richard foi um desafio.
Eu tentava não pensar na sensação humilhante de vazio que ele tinha deixado, mesmo que com pouco tempo de conversa e com mínima intimidade, tudo foi muito intenso e rápido.

Me levantei e caminhei até a sacada do quarto, observando as luzes da cidade lá fora. A ideia de me afastar do moreno e esquecer dessa história toda é tentadora, mas eu me perguntava se isso realmente resolveria algo ou apenas adiaria o inevitável.

Resolvi deixar meu orgulho de lado e encarar essa situação seriamente. Desbloqueei o número do garoto no Whatsapp e mandei uma mensagem para ele. Sei que ele é uma figura pública e isso pode afetar seriamente a carreira dele, por mais que eu também estava sendo atacada.

E eu fui.
Cheguei à casa dele ainda com alguns pensamentos tumultuados, mas um pouco aliviada pelo garoto não estar se sentindo péssimo com essa situação toda.

Fui recebida com um sorriso que parecia mais íntimo que o habitual e com um selar próximo a minha boca. O garoto me guiou até a sala, onde estava um homem sentado no sofá.

— Rabugenta, esse aqui é o Juan. – O garoto sorriu para mim e acenou com as mãos, me fazendo retribuir com um sorriso simpático. — Ele mora aqui também, mas já tá vazando. – Sorriu forçado como se estivesse expulsando o menor do local.

— Prazer, mel. – O garoto se levantou do sofá, vindo até mim e apertando minha mão.

— Eu nem te falei meu nome ainda. – Sorri divertida e apertei a mão do garoto também.

— Nem precisa, é a única coisa que saí da boca do Richard.

— Cállate, falador. – Richard apenas deu o dedo do meio para o garoto, me puxando escada acima, em direção ao seu quarto.

Me sentei na cama do moreno, segurando a risada quando percebi que sua roupa de cama era do Palmeiras e havia vários quadros e móveis envelopados com o escudo do time no quarto.
Ele se sentou ao meu lado e apoiou suas mãos em seus joelhos, olhando para um lugar fixo como se estivesse procurando palavras para falar.

— A gente precisa arrumar um jeito pra' concertar isso. O que estão falando de você não é certo. – Se deitou na cama, me puxando para deitar em cima de seu corpo.

— Sinceramente já falaram coisas bem piores sobre mim quando o Raphael contou que somos melhores amigos. – Passei minha perna direita por cima da cintura dele, e levantei um pouco a cabeça para fitar seus olhos. — O que mais me preocupou foi sua carreira. Sei lá, boatos podem fazer você ficar mal falado e isso influencia no campo.

— Mas você não merece esses comentários. – Dizia enquanto fazia um cafuné reconfortante em meu cabelo. — É foda ser tão bonito ao ponto de esquecerem que sua única obrigação é ser bom no campo e não ser uma figura pública.

Ri pelo comentário feito pelo o garoto e engoli a vontade de perguntar sobre seu antigo relacionamento. Não queria ficar mais pirada com isso e nem criar muitas expectativas sobre nós.

— É complicado mesmo. – concordei, me aninhando mais contra ele. — Não entendo a necessidade das pessoas de transformarem tudo em fofoca. Mas de coração, espero que isso não te afete muito e não afete sua imagem como jogador.

— Ter um cosplay do anão rabugento na minha cama já está me ajudando bastante. – Richard disse, com um brilho de humor nos olhos.

— Vai se foder, Ríos. – Revirei meus olhos e cruzei os braços, tentando afastar meu corpo do dele, o que não foi possível já que ele abraçou ainda mais minha cintura.

Em meio a conversas e carinhos bobos, a noite passou de uma forma mais tranquila. Estava arrependida por ter adiado essa conversa por um curto período de tempo, mas sentia o alívio de ter tudo finalmente resolvido.
Não fazia ideia de como rotular o que eu estava tendo com Richard, somos talvez quase amigos? Ou amigos que sabem aproveitar as oportunidades? Ficantes, talvez? Eu realmente não fazia ideia.