vingt-et-un

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A sala estava mergulhada em silêncio. Parecia que uma nuvem negra gigante havia tomado posse do local e levou todo o ar divertido e a descontração consigo. Não havia mais risadas e nenhum burburinho vindo das pessoas que antes preenchiam minha casa. A nuvem negra parecia ter me atingido.

Deixei meu olhar cair, soltando o celular ao lado do meu corpo. Aquela imagem ainda se fazia presente na minha mente.
Sentia minhas mãos trêmulas e meus olhos começarem a se encher de lágrimas.
Bruna me olhava com curiosidade e um ar leve de pena, já Raphael andava de um lado para o outro no chão do meu apartamento, agarrando fortemente seus fios de cabelo com os dedos.

— Ele é um otário, que caralho! – Suas veias do pescoço poderiam explodir a qualquer momento e o chão do apartamento poderia desabar. — Eu não devia ter deixado ele ficar com você desde o primeiro momento.

Não queria chorar. Não seria tão estúpida. Meu choro estava entalado na minha garganta, e ardia.

Rodei a aliança em meu dedo, praguejando todos os xingamentos possíveis em minha mente. Bruna ainda afagava meu ombro e passava sua mão pela minha cabeça, como um tipo de carinho.
Eu sentia meu ouvido zumbir e minha cabeça martelar, sem querer acreditar que aquilo estava acontecendo.

Saí do transe quando escutei o som da chamada em meu telefone, fazendo com que a bagunça que estava em minha mente desse uma trégua. Revirei os olhos quando vi o nome e o emoji de coração estampado na tela do telefone. Óbvio, era ele.
Antes que eu pudesse pensar em me mover, Raphael tomou meu celular para si e não poupou esforços para descarregar toda a raiva que estava sentindo.

— O que você tem na cabeça, seu filho da puta? Eu confiei em você, Richard, caralho! Eu depositei toda confiança de irmão em você. Você me prometeu! – Pude ouvir os sons abafados no outro lado da ligação, como se também fosse gritos. — Eu não vou te deixar falar com ela nem fudendo, esquece.

Bufei e deixei meu rosto cair em minhas mãos, totalmente abalada. Praticamente 5 meses jogados fora em apenas uma noite.

Depois de 10 minutos paralisada no mesmo lugar, escutei a porta da sala ser aberta com total velocidade, fazendo um barulho estrondoso que me fez arquear os ombros pelo susto tomado.
Richard apareceu no meu campo de visão com os olhos arregalados, totalmente descabelado e com o olhar fundo.

— Não.. não é isso que você está pensando. – Se ajoelhou em minha frente e eu deixei uma risada abafada escapar. — Porra, amor. Eu juro!

— Ha, jura. – Raphael disse enquanto ainda andava em círculos pela casa. — Você é um otário de merda. Nem era pra você ter a coragem de pisar aqui depois do que fez. – Disse antes que Bruna conseguisse o empurrar para meu quarto.

Richard bufou e passou a mão pelo seu cabelo, enquanto ainda estava ajoelhado. Percebi uma lágrima fina caindo de seu olho e suas mãos começarem a ficar trêmulas.

— Eu não estou pensando, eu vi! – Senti um nó se formando em minha garganta ao ver Richard tão vulnerável. — Como você pôde deixar chegar á esse ponto? E como eu fui tão idiota ao pensar que você teria alguma consideração por mim? Que você seria diferente? Você sabe de tudo que já falam sobre mim. – Richard levantou-se lentamente, seus olhos ainda fixos no meu, cheios de desespero.

— Porra, Melissa! – Seu tom de voz estava em uma mistura de desespero, medo e angústia. — Me perdoa. Não foi desse jeito que você está pensando, não foi. Caralho, eu juro por Deus! – Richard começou a andar pela sala como se fosse impossível conseguir ficar parado. — Você sabe que a mídia é sensacionalista, nem tudo é verdade.

— Vai se foder! Gravaram você beijando ela, você é doente? – Senti meu estômago revirar. — Seja homem pelo menos uma vez na porra da tua vida. Eu não quero mais nada com você, eu tenho nojo de olhar na sua cara. Você conseguiu o que queria, seu idiota.

— O que? – Ele disse, sua voz quase como um sussurro. — Não não, amor, não. Ela tentou me beijar, eu saí. Não aconteceu nada, Melissa. Eu juro. – Richard parou de andar e se virou para mim. — Eu não quero te perder.

— Pensasse nisso antes. – Meu coração começou a pesar. – Mando suas coisas pelo correio qualquer dia. – Retirei minha aliança e coloquei na palma de sua mão. — Saí da minha casa, por favor.

— Melissa. – Seus olhos estavam trêmulos e ele me olhava como se não estivesse ou quisesse acreditar no que estava acontecendo.

— Richard, por favor. – Caminhei até a porta, abrindo e deixando um espaço para ele passar. — Eu não quero ouvir mais nada vindo de você. – Disse, minha voz firme e fria.

Richard ainda hesitou por alguns segundos, mas caminhou lentamente em direção à porta quando percebeu que eu não iria mudar de ideia. Passou por mim, com seus olhos fixos nos meus, me fazendo sentir um arrepio na pele.

— Não volta mais aqui. – Disse eu, fechando a porta atrás dele.

O som da porta se fechando estralou em minha mente, como um ponto final. Deixei as lágrimas que estava segurando escaparem, fazendo com que o nó em minha garganta se agravasse ainda mais.
Raphael estava parado no corredor, me observando com preocupação.

— Você está bem? – Ele disse, se aproximando lentamente e me envolvendo com um abraço apertado. — Você fez o que precisava ser feito. – Disse, sem me deixar responder a pergunta inicial.

inefável ; richard rios.Onde histórias criam vida. Descubra agora